BRASÍLIA – O PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciaram que irão apoiar a candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na eleição à presidência da Câmara, em fevereiro de 2025. Ele é o candidato apoiado pelo atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
As decisões foram tomadas após reuniões do deputado com cada uma das bancadas ao longo desta quarta-feira (30). Por aclamação, a bancada petista informou que vai apoiar a criação de um bloco parlamentar para apoiar a candidatura de Motta.
“É o que vamos construir por entender que se trata de um bloco de funcionamento institucional da Casa e por entender que o deputado Hugo Motta está preparado para continuar um trabalho de representação; […] Significa o funcionamento democrático dessa Casa legislativa”, disse o deputado Odair Cunha (PT-MG), líder do partido na Câmara.
Em outra longa reunião ao longo da tarde com a presença do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, o PL definiu pelo apoio a Hugo Motta, mas não por unanimidade. De acordo com o líder da bancada, o deputado Altineu Côrtes (RJ), a decisão se deu por “absoluta maioria”.
“Vai ser formada uma comissão do partido com alguns deputados que irão, por falta de tempo, levar algumas pautas importantes para o partido. Essa comissão vai tratar isso com o deputado ao longo do próximo mês, mas o apoio do PL está formalizado”, afirmou.
Caso Hugo Motta se eleja presidente da Casa, a tedência é que os dois partidos ocupem os cargos mais altos da Mesa Diretora, por terem as duas maiores bancadas. O PL deve ficar com a vice-presidência e o PT, com a primeira-secretaria.
PL da Anistia
Tanto PT como PL têm um interesse em comum para tratar quem for o próximo presidente da Câmara: o projeto de lei que concede anistia às pessoas presas pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
A proposta vai ser analisada por uma comissão especial, anunciada nesta semana por Arthur Lira. Os deputados, incluindo Motta, admitem que a votação em plenário pode ficar para o ano que vem. O PL faz questão que o texto seja aprovado, enquanto o PT quer barrar a matéria. Lira e aliados tentam costurar um acordo que não desagrade inteiramente as duas partes.
Favoritismo de Hugo Motta
Na noite desta quarta-feira, o MDB também anunciou apoio a Hugo Motta. Com isso são seis partidos no bloco de apoio à candidatura: PL, PT, PP, MDB, Republicanos e Podemos. As legendas somam 312 deputados – mais que o mínimo de 276 para o deputado se eleger ao comando da Casa.
Além dele, devem concorrer à presidência da Casa os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA). A intenção é forçar um segundo turno na eleição contra Motta e os dois deputados se unirem contra ele caso isso aconteça. No entanto, ambos estão sendo pressionados a abrir mão de concorrer, sobretudo Elmar, já que seu partido, o União Brasil, também deve se juntar a Motta.
Desde o fim das eleições municipais, os três postulantes têm feito peregrinações pela Câmara e se reunido com diferentes bancadas. Mesmo sem o apoio formal dos partidos, Elmar e Brito esperam “roubar” votos dentro dessas bancadas e também tratam individualmente com os parlamentares, já que a votação é secreta.
Mesmo assim, Hugo Motta busca acelerar as negociações para garantir que esses apoios sejam consolidados o mais breve possível. Brito e Elmar, por outro lado, tentam adiar os anúncios dos partidos para ganhar tempo de articular com os deputados.