22/11/2024
04:19

Promessas para a mobilidade são comuns em anos eleitorais

Promessas para a mobilidade são comuns em anos eleitorais

Os discursos políticos sobre transporte e mobilidade são frequentes em eleições municipais. Em cada pleito, eleitores recebem uma série de promessas visando melhorias no tráfego e no transporte coletivo. Em Belo Horizonte, a situação não é diferente.

Metade dos pré-candidatos a prefeito da capital em 2024 afirma que vai priorizar mobilidade e transporte, caso eleitos. No entanto, é comum que, após o pleito, muitas dessas proposições não se concretizem.

Malco Camargos, doutor em ciência política, analisa que, na capital mineira, a pauta de mobilidade é uma das mais importantes. “Os políticos tentam lidar com ela, mas a grande dificuldade é a separação do que é narrativa de eleição e capacidade de ação de governo”.

Os números demonstram o interesse da população pelo tema. Uma pesquisa realizada em abril de 2024 mostrou que, para 17%, trânsito e transporte são os principais problemas da cidade, que anualmente tem aumento na frota de veículos. Hoje em dia, são 2,7 milhões de veículos na capital mineira.

Diante disso, o eleitor tem, cada vez mais, “papel fundamental” no momento de escolher o representante, segundo Camargos. “A responsabilidade do eleitor é fazer a diferenciação do candidato que consegue entregar um plano de governo com atuação em diversas áreas daqueles que ficam apenas em promessas. E detalhe: não cabe ao eleitor participar da eleição apenas fazendo a escolha do representante a cada dois anos, no mês de outubro. É preciso acompanhar o mandato para reconhecer aqueles que cumprem o prometido e punir aqueles que iludem”, afirma.

Ações visando uma melhor mobilidade em Belo Horizonte se fazem necessárias, principalmente quando os números são analisados. A pesquisa “TomTom Traffic Index 2023” aponta que o motorista ficou 109 horas preso no engarrafamento — seis horas a mais do que no ano de 2022.

Isso faz com que a capital mineira seja a 16ª cidade do mundo com mais tempo perdido no trânsito. Para percorrer um trajeto de 10 km, o condutor gastou, em média, 22 minutos e 10 segundos. O estudo analisou 387 municípios de 55 países.

O que fazer para mudar?

O primeiro passo para a melhoria do trânsito, de acordo com a especialista em segurança no trânsito Roberta Torres, é a “mudança de postura” dos políticos em relação ao assunto. “Os discursos deles são prontos, mas é preciso colocá-los em prática. Melhorar a segurança viária passa por pensar em outros modais, que não sejam somente o automóvel”, alerta Roberta. “É preciso focar na mobilidade ativa, que engloba o uso de bicicletas e a caminhada, sem falar no enfoque no transporte público”, reitera.

“O poder público precisa investir nessas áreas para que as pessoas queiram trocar o conforto do automóvel. O transporte público precisa ser seguro e rápido. Isso não é impossível de se fazer, no entanto acaba não recebendo a devida atenção dos gestores”, complementa a especialista.

Trânsito em Belo Horizonte

  • Frota de veículos: 2.696.745
  • Velocidade média na ‘hora do rush’: 21 km/h
  • Tempo médio de viagem por 10 km: 22 min 10 s
  • Tempo perdido por ano em horários de pico: 109 horas

Propostas dos pré-candidatos

Encarar as áreas de transporte e mobilidade como prioridades é a promessa de metade dos pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte assim que assumirem a gestão da capital mineira. Dez políticos que se colocam na disputa foram questionados sobre qual será o primeiro problema a ser enfrentado, se eleitos.

O atual prefeito, Fuad Noman (PSD), que busca reeleição, promete se empenhar na realização de obras em oito viadutos do Anel Rodoviário, classificado por ele como “o principal problema”. Ele também pretende reforçar o pedido para que o governo federal entregue a gestão do Anel para BH, visando promover uma “grande transformação na via”.

Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara Municipal de BH, disse que vai priorizar “gratuidades no transporte público, para mulheres vítimas de violência, pessoas à procura de emprego, doentes em tratamento no SUS e estudantes da rede municipal”.

As pré-candidatas Bella Gonçalves (PSOL) e Luísa Barreto (Novo), se eleitas, terão como prioridade a revogação dos contratos com as atuais concessionárias de ônibus.

O pré-candidato pelo PSDB, o ex-deputado João Leite, aposta no transporte sobre trilhos e afirmou que, se eleito, sua primeira ação será viabilizar a reativação de linhas de transporte ferroviário de passageiros, a fim de “reduzir o número de carros se deslocando”.

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