O governo de Minas cancelou um evento de entrega de viaturas da Polícia Civil previsto para acontecer nesta quinta-feira (27 de fevereiro) após um mal-estar com a bancada mineira. Os deputados federais alegam não terem sido comunicados sobre a solenidade. De acordo com o coordenador da bancada mineira em Brasília, o deputado Luiz Fernando Faria (PSD), a compra dos equipamentos teria sido viabilizada por meio de emendas dos parlamentares.
“Este tipo de procedimento, sem diálogo e sem o devido respeito às instâncias responsáveis, prejudica o trabalho conjunto”, afirmou o deputado federal.
Segundo o parlamentar, a falta de transparência nas ações de comunicação do governo “enfraquece a relação institucional” com a bancada. O deputado diz esperar que as próximas ações da gestão Zema “sejam conduzidas de maneira respeitosa com todos os atores envolvidos”.
“Reitero a importância de que futuras iniciativas relacionadas à segurança pública e demais áreas de interesse coletivo sejam conduzidas em consonância com todos os atores envolvidos, para que possamos seguir avançando, com seriedade e compromisso, na construção de um Estado mais seguro e justo para todos nós mineiros”, completou o deputado federal.
Procurado, o líder de Zema na Câmara dos Deputados, o deputado federal Zé Silva (Solidariedade), informou que a entrega foi cancelada por conta de “um desencontro de informação em relação à negociação da data”. “A posição do governador, do vice-governador e da chefe da Polícia Civil é só realizar a entrega em sintonia e junto com a bancada”, afirmou Zé Silva em uma mensagem enviada aos deputados.
Segundo ele, uma nova data para a entrega das viaturas “será ajustada”.
Desgaste
O mal-estar da bancada mineira com o governo Zema não é de agora. Em 2023, o grupo chegou a optar por destinar emendas para as prefeituras por meio dos ministérios ao invés de realizar o repasse diretamente para o governo de Minas. O argumento à época era de que o processo enfrentaria menos burocracias por conta da proximidade do período eleitoral.
No entanto, informações de bastidores davam conta de que já havia uma insatisfação de parte da bancada com a articulação feita pelo governador Romeu Zema (Novo), e pelo então secretário da Casa Civil de Minas, Marcelo Aro. O motivo principal seria que de o Palácio Tiradentes não prestigiava a bancada em eventos de liberação de recursos para os mineiros.
“Há uma má vontade grande do governo do Estado, que é ruim para Minas Gerais, e isso dificulta a interlocução com o mundo político como um todo, especialmente com a bancada Federal e dos senadores, isso é público e notório, desde a campanha do governador. Todo mundo sabe como o governador atua, ele não gosta de interlocução política, não quer saber de político”, afirmou o coordenador da bancada mineira na ocasião.
À época, Marcelo Aro negou a rejeição e diz encarar como algo normal a medida adotada pelos deputados, justamente por haver eleição em 2024. “Conforme o próprio (deputado) Luiz Fernando me disse, a escolha por convênios nas prefeituras foi por causa do ano eleitoral, e isso facilita a tramitação. Não coloque como decisão da bancada uma decisão pessoal de algum parlamentar. Eu fui deputado federal por oito anos, e sei como funcionam as decisões colegiadas”, pontuou.