A economia dos Estados Unidos teve um crescimento sólido, de 2,8% no terceiro trimestre, mas abaixo do esperado, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (30), seis dias antes das eleições presidenciais.
A maior economia do mundo cresceu no período de julho a setembro impulsionada pelo consumo e gastos públicos. O crescimento de 2,8% é inferior aos 3% no segundo trimestre, segundo a estimativa preliminar do Departamento de Comércio.
Os analistas esperavam um crescimento do PIB de 3%, segundo o consenso do Briefing.com.
Estado de ânimo
Apesar de gastarem mais, os consumidores americanos têm sido pessimistas em relação às perspectivas financeiras e de emprego.
A vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris continua atrás do seu rival, o republicano Donald Trump, nas pesquisas de opinião sobre a economia, uma questão crucial para os eleitores antes das eleições de 5 de novembro.
“Se olharmos para números como o crescimento do PIB, a renda, o consumo, ou mesmo o emprego, diríamos: ‘Uau, esta economia está em muito boa forma’”, disse Dan North, economista da Allianz Trade North America.
“A única coisa que destrói completamente essa narrativa é a inflação com a qual os consumidores tiveram de lidar”, disse à AFP.
Estes 2,8% dos Estados Unidos estão bem acima de outras economias avançadas como Alemanha, França e Reino Unido, segundo estimativas recentes do Fundo Monetário Internacional.
O Departamento de Comércio relacionou o aumento do PIB a “aumentos nos gastos dos consumidores, nas exportações e nos gastos do governo federal”.
Uma pesquisa do New York Times e Siena College realizada em outubro com possíveis eleitores publicada na semana passada, mostrou que a economia é um tema prioritário para decidir o voto.
A sondagem revelou que 52% dos entrevistados confiam mais em Trump do que em Harris (45%) para capitanear o barco da economia.
Inflação “difícil de digerir”
North explica que desde janeiro de 2021, os consumidores americanos perderam poder de compra.
Desde então, os salários aumentaram em média 18%, enquanto os preços dos alimentos, da habitação e dos combustíveis subiram entre 22% e 29%.
É por esta razão que os eleitores acreditam que a economia, embora dinâmica, está à deriva, apesar do crescimento sólido, do forte desempenho do mercado de trabalho e do aumento dos salários.
“Será que o cidadão médio se importa se o PIB é de 2,8% ou 3,1%? Não, eles querem saber como a inflação o afeta”, disse North. O aumento de preços “tem sido bastante difícil de engolir nos últimos anos”.
Devido aos trabalhadores estarem habituados a um aumento real do poder de compra antes da pandemia do coronavírus, muitos ainda sentem que seus salários precisam ser atualizados, acrescentou.
Dependência excessiva do crédito
Os consumidores também estão recorrendo aos cartões de crédito e às poupanças para pagar despesas, o que pressiona as famílias com rendimentos mais baixos e os mais jovens.
Economistas alertam para um aumento dos atrasos nos pagamentos com cartões de crédito nos últimos anos.
Segundo um relatório publicado em julho pelo Federal Reserve da Filadélfia, a taxa de inadimplência entre os usuários de cartões atingiu o maior nível em quase 12 anos no primeiro trimestre deste ano.
(AFP)