25/11/2024
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Maduro promete entregar atas e diz que opositores têm que estar ‘atrás das grades’

Maduro promete entregar atas e diz que opositores têm que estar ‘atrás das grades’

Nicolás Maduro falou pela primeira vez com a imprensa internacional nesta quarta-feira (31), após os resultados das eleições venezuelanas do último domingo (28), que foram contestadas pela oposição e observadores internacionais, que suspeitaram de fraude. Em seu discurso, Maduro prometeu entregar “100% das atas” da votação que resultou na sua reeleição, e disse que os líderes opositores, que denunciaram uma fraude no processo, “têm que estar atrás das grades”.

Maduro se refere à líder opositora María Corina Machado e seu candidato à Presidência, Edmundo González Urrutia, que afirmam que venceram as eleições. Após a reeleição de Maduro, eleitores insatisfeitos com o resultado saíram às ruas em vários locais do país. A onda de protestos já deixaram pelo menos 12 mortos e centenas de presos.

O presidente socialista foi reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos frente a González Urrutia, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão alinhado ao governo.

“Digo, como líder político, filho do Comandante [Hugo] Chávez, que o Grande Polo Patriótico e o Partido Socialista Unido da Venezuela [PSUV] estão prontos para apresentar 100% das atas. Muito em breve serão conhecidas, porque Deus está conosco e as provas já apareceram”, afirmou Maduro na sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), onde entrou com um recurso legal.

Já María Corina denunciou na rede social X o que chamou de “escalada cruel e repressiva do regime”, e assegurou que 16 pessoas morreram em protestos contra o governo nas últimas 48 horas. Ela também afirma ter em seu poder cópias de 84% das atas de votação que provam a fraude, e as publicou em um site.

Maduro respondeu acusando os opositores: “Senhor González Urrutia, mostre a cara, saia do seu esconderijo, não seja covarde, senhora Machado. Vocês têm as mãos manchadas de sangue. Os dois têm que estar atrás das grades”, ressaltou Maduro.

Críticas aos EUA, a Bolsonaro e a Javier Milei
Nicolás Maduro também afirmou que respeita o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e que espera haver diálogo entre as duas nações. Mesmo assim, ele criticou a postura do governo americano de “tratar a Venezuela como colônia”.

O presidente venezuelano também criticou os Estados Unidos, dizendo que a maior economia do mundo tem uma “diplomacia falsa”, não cumprindo nada do que foi prometido e sendo “mentirosos e farsantes”. “É preciso deixar essa visão colonialista, enquanto não nos tratarem como iguais, não haverá diálogo”, completou.

Maduro também afirmou que “quem se meter” com ele vai “secar”, em alusão de que enfrentará sérias consequências. Entre seus oponentes, citou a “ala fascista internacional”, da qual, segundo ele, faz parte o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Argentina, Javier Milei.

“Quem se meter comigo vai secar: a ala internacional fascista, Bolsonaro, Milei, (o presidente do Equador, Daniel) Noboa, e repressor assassino (o presidente de El Salvador, Nayib) Bukele, Vox e os narcotraficantes assassinos da Colômbia”, disse Maduro, no Palácio Miraflores, sede do governo.

Segundo Maduro, a Venezuela “não ficará nas mãos” do fascismo e do imperialismo. Ele também disse que há uma conspiração para a instauração de uma guerra civil, mas que ele “não vai permitir isso”.

Maduro falou ainda em continuar trançando o caminho do ex-presidente Hugo Chávez. “Mas se o imperialismo norte-americano e os fascistas nos obrigam, não vai tremer meu pulso para organizar uma nova revolução com outras características. O povo sabe que não nascemos no ‘Dia dos Covardes’”, afirmou.

Pressão internacional
A pressão da comunidade internacional pela recontagem de votos e o fim da repressão não cessa. “Nossa paciência, e a da comunidade internacional, está se esgotando à espera de que as autoridades eleitorais venezuelanas digam a verdade e publiquem todos os dados detalhados dessas eleições para que todos possam ver os resultados”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Mais cedo, o presidente colombiano, Gustavo Petro, aliado de Maduro, havia pedido uma “apuração transparente, com contagem de votos, documentos e com a observação de todas as forças políticas de seu país e observação internacional profissional”.

O G7 também pediu “às autoridades competentes que publiquem resultados eleitorais detalhados com total transparência”.

O Centro Carter, convidado pelo CNE para observar as eleições, afirmou na noite de terça-feira que as eleições presidenciais não atenderam aos “parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas democráticas”.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse que as autoridades da Venezuela “têm que pôr fim às detenções, à repressão e à retórica violenta contra membros da oposição”. “As ameaças contra Edmundo González Urrutia e María Corina Machado são inaceitáveis”, afirmou, na rede social X.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez “um apelo firme à calma, ao civismo e à garantia dos direitos fundamentais de todos os venezuelanos e venezuelanas”.

Aliado de Maduro, o presidente do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, rejeitou uma reunião convocada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para tratar do tema e criticou a “parcialidade” deste organismo internacional.

Desde que começaram os protestos por uma recontagem dos votos, Caracas se mantém praticamente paralisada, com a maioria das lojas fechada e o transporte público escasso.

(AFP)

 

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