BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas à postura do mercado financeiro e cobranças ao Congresso Nacional enquanto elabora, junto à equipe econômica do governo, uma série de cortes de gastos, que devem ser anunciados nesta quinta-feira (7).
Em entrevista ao PODK Liberados, dos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF), ele afirmou que os investidores do mercado têm uma “gana especulativa”.
“Às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira, para tentar criar confusão na cabeça da sociedade. Acontece que nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitada”, disse.
O petista ainda defendeu que o Congresso também dê a sua contribuição no ajuste de contas e questionou se deputados e senadores vão aceitar reduzir o montante das emendas parlamentares. Em 2024, já foram empenhados R$ 37,4 bilhões de reais.
“Se eu fizer o corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do Orçamento do governo”, apontou.
Lula deve concluir a elaboração do pacote após reunião com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão), na manhã desta quinta-feira.
Em seguida, as propostas terão de ser enviadas ao Congresso Nacional. Antes, Lula quer ter uma conversa com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para alinhar as medidas e garantir que elas comecem a avançar no parlamento. No entanto, ministros do governo Lula já admitem que a votação pode ficar para o ano que vem, quando haverá uma mudança de comando nas duas Casas legislativas.
Mesmo antes de serem anunciadas, as medidas já geram apreensão dentro e fora do governo. A expectativa é que sejam afetados benefícios sociais, como o BPC, o seguro-desemprego e o abono salarial, além de pisos constitucionais.