Nesta quinta-feira (07/11), a empresa aprovou a distribuição de R$ 17,1 bilhões em dividendos a seus acionistas, como antecipação dos resultados fechados do ano de 2024. Os valores serão pagos em fevereiro e março de 2025.
“Apresentamos um lucro líquido expressivo no trimestre, com uma forte geração de caixa e redução tanto da dívida financeira quanto da dívida bruta. Tudo isso em um cenário desafiador, de queda no preço do petróleo Brent”, afirmou, em nota, a presidente da estatal, Magda Chambriard.
Em 2024, a Petrobras acumula lucro de R$ 53,6 bilhões, queda de 42,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, a empresa já anunciou um total de R$ 44,1 bilhões em dividendos -segundo ela, valores “compatíveis com sua sustentabilidade financeira”.
Analistas esperavam, porém, a distribuição de parte dos dividendos extraordinários retidos no início do ano, em um conturbado processo que culminou com a demissão do ex-presidente da estatal Jean Paul Prates, mas a expectativa não se concretizou.
No trimestre, a receita da Petrobras subiu 3,8%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 129,5 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma empresa, ficou 3,8% menor, em R$ 63,6 bilhões.
Foi um período de queda na produção de petróleo da companhia (menos 6,6%, para 2,69 milhões de barris de óleo equivalente por dia) e no preço do petróleo Brent, usado como referência para suas vendas (7,6%, para US$ 80,18 por barril).
A Petrobras afirmou, porém, que a queda nos dois indicadores foi compensada pela desvalorização de 6,3% no câmbio, que fechou o trimestre em R$ 5,5 por dólar, e pelo aumento nas vendas de petróleo de derivados.
A empresa vendeu seus combustíveis por um preço médio de R$ 488,57 por barril, alta de 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, em valores nominais. Considerando a inflação do período, o preço ficou alinhado ao do terceiro trimestre de 2023.
No texto que acompanha o balanço, o diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, ressaltou que a empresa não registrou impacto relevante de itens não recorrentes, como ocorreu no segundo trimestre, quando acordo para a quitação de dívida tributária com a União levou a prejuízo.
A estatal destacou ainda que atingiu no fim de setembro a menor dívida financeira desde 2008: US$ 25,8 bilhões (R$ 147 bilhões pela cotação atual). Somando arrendamentos, a dívida bruta somou US$ 59,1 bilhões (R$ 336 bilhões).
O volume de investimentos da companhia subiu 31,3% em relação ao trimestre anterior, para US$ 4,5 bilhões (R$ 25 bilhões). No acumulado do ano, os investimentos somam US$ 10,9 bilhões (R$ 62 bilhões).
Os principais aportes foram feitos na área de exploração e produção de petróleo, principal atividade da empresa, responsável por 84% do investimento no trimestre. Magda disse que são projetos “que garantirão o futuro da companhia”.
O mercado espera agora a definição sobre o novo plano de investimentos para os próximos cinco anos, que deve ser divulgado no próximo dia 21, e indicará o potencial de distribuição de dividendos no período, incluindo os valores retidos.
A estatal já deu algumas pistas sobre estudos para reduzir o caixa mínimo e ampliar o limite de endividamento, o que poderia gerar sobra de recursos para remunerar acionistas. Por outro lado, existe a possibilidade de aumento dos investimentos em áreas abandonadas por gestões bolsonaristas.
Um passo nesse sentido foi dado no fim de outubro, com a aprovação da retomada das obras da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas (MS), paralisada desde 2015, que consumirá cerca de R$ 3,5 bilhões. O projeto será incluído no orçamento para os próximos cinco anos.