24/11/2024
07:18

Lira anuncia apoio a candidatura de Hugo Motta à Presidência da Câmara dos Deputados

Lira anuncia apoio a candidatura de Hugo Motta à Presidência da Câmara dos Deputados

BRASÍLIA – Faltando cerca de três meses para a eleição que definirá o comando da Câmara dos Deputados, o atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), oficializou nesta terça-feira (29) seu apoio público à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no cargo.

A bancada do Republicanos, partido de Motta, também lançar oficialmente nesta terça-feira a candidatura do deputado na corrida pela presidência da Câmara. O pleito contará ainda com a chapa formada por Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA), cujo candidato a presidente ainda será escolhido.

Com a manifestação pública de Lira, Motta dá continuidade às articulações pelos apoios das antagônicas bancadas de PT e PL e terá como principal impasse o projeto de lei que prevê anistia aos presos pelos atos do 8 de Janeiro — e que poderia levar à anistia política de Jair Bolsonaro (PL).

Descartados a priori pelo PL, Brito e Nascimento tentarão, ainda nos próximos dias, angariar o apoio do PT na construção de uma chapa da situação em oposição à de Hugo Motta. O principal trunfo será a contrariedade ao PL da Anistia.

A definição de Lira pelo nome do Republicanos em detrimento de seu amigo e aliado de longo data Elmar Nascimento ocorreu pela tentativa de construção de consenso em torno de um único candidato para a disputa.

Essa também é uma estratégia para evitar uma derrota, uma vez que o deputado do União Brasil não conseguiu construir unanimidade em torno de si enquanto ainda era tratado como o favorito de Lira. Em contrapartida, Motta é avaliado, nos bastidores, como um deputado com melhor trânsito entre as bancadas.

Reviravoltas antecederam a indicação de Lira
Elmar foi tratado como o nome de Lira à presidência até setembro. Em seu segundo mandato, o atual presidente não pode se reeleger e articulava nos bastidores para garantir que seu escolhido fosse eleito para manter a força política que exerce sobre as bancadas.

Lira indicou, no início deste segundo semestre, que tornaria público seu apoio até 31 de agosto. Mas, descumpriu o que havia dito e, depois de reuniões e encontros, optou pelo silêncio e por adiar a definição.

Ele foi o único a permanecer calado. No início de setembro, o então candidato à presidência da Câmara e presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), decidiu abandonar a disputa e lançar Motta em seu lugar. O gesto bagunçou o tabuleiro e arrancou de Elmar Nascimento a condição de favorito.

Nos bastidores, Motta é o favorito do presidente do PP de Arthur Lira, Ciro Nogueira (PI), e também era bem visto pelo líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e até pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os votos do PL são tratados como primordiais para a definição da disputa porque esses deputados têm a maior bancada da Câmara — eles são 92 entre os 513. O apoio do partido a Hugo Motta passará por uma garantia de que ele irá pautar para votação o PL da Anistia.

Essa proposta encontra, entretanto, resistência entre os partidos governistas. E a Motta pode não ser interessante romper com o Planalto, pelo menos não de imediato.

Decisão de Lira atrapalhou Elmar
O abandono de Lira também impactou na condução da candidatura de Elmar. Declarado abertamente apoiador de Bolsonaro e contrário a Lula, o deputado do União Brasil procurou o Planalto nos últimos meses para minimizar a rejeição à própria candidatura.

Foram encontros com os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Celso Sabino e Juscelino Filho — os dois últimos são deputados do União Brasil que se afastaram de seus cargos para ocupar os ministérios do Turismo e das Comunicações de Lula.

Para ressuscitar a candidatura, Elmar foi além e se uniu ao também candidato Antonio Brito, que é um nome querido pelos governistas. Eles acordaram que o nome com mais consenso entre eles permanecerá como candidato na disputa, e o outro desistirá.

Nesse acordo estão previstas ainda trocas de favores e de cargos: um partido garante ao outro um lugar na mesa diretora da Câmara dos Deputados.

 

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