Não tem sido muito difícil ver alguns comentários um tanto quanto apocalípticos e pesarosos sobre o Cruzeiro 2025. De repente, o time montado pela atual gestão tornou-se uma bomba relógio, onde há uma “torcida” até mesmo pueril de indivíduos para que o caos se instaure. Alguns miram no dono, que pode quebrar pelos investimentos, isso porque ele deve ter “começado ontem” no mundo dos negócios, é um aventureiro… Um google às vezes ajudaria bastante a evitar certas ingenuidades e algumas vergonhas desnecessárias.
Outros miram em Gabriel Barbosa, um jogador de 28 anos, que na cabeça de uns tem 35, e que até pouco tempo, nas diminutas oportunidades que teve em um ano tumultuadíssimo, marcou dois gols na final de uma Copa do Brasil, e era desejado por corintianos, palmeirenses, santistas e que, com certeza, seria referência imediata em qualquer time do país.
Sem contar que até pouco tempo, especulava-se com bons olhos a possibilidade de uma negociação entre Flamengo e Palmeiras por Dudu e Gabigol. De repente, esses dois jogadores estão em um único time e o discurso, depois de cinco jogos, é que um péssimo negócio foi feito? Complicado.
A meu ver, grande parte da amostragem inicial deste elenco, foi corroída por Fernando Diniz e seu estilo de jogo. E é muito cedo para que os profetas do futebol cravem o destino celeste ou dos nomes que aqui estão, na tentativa de diminuir o movimento que foi feito pelo clube, estabelecendo-se como um dos protagonistas das duas últimas janelas de transferências.
O futebol é feito de encaixe e o Cruzeiro precisa ser moldado. Para isso, é necessário ter um profissional de qualidade à beira do gramado, capaz de extrair o máximo das opções que lhe foram entregues, e que principalmente faça as leituras de jogo necessárias para mudar uma partida, algo que não vinha sendo feito com eficácia, já que a desorganização era notória.
E claro, no futebol, como em qualquer investimento, tudo é também uma aposta. Pode dar certo, pode dar errado. Ajustes podem ser feitos para que o time encontre a liga necessária. Mas a análise não pode ser feita de véspera. O mesmo atleta que não servia mais em um time, não está fadado eternamente ao banco e ao declínio.
E qual técnico no país não gostaria de contar com os atletas que o Cruzeiro possui atualmente?
Enfim, o que mais me preocupa agora é que todo este processo precisa de um direcionamento claro da diretoria, e isso, obviamente, passa pela confiança que será dada ao próximo técnico que pisar na Toca da Raposa. Guardiola recentemente deu uma entrevista à TNT Sports que foi bastante precisa sobre a responsabilidade da direção nas escolhas dos técnicos, assim como nas quedas dos profissionais.
Deduz-se que quando um treinador é contratado, você está trazendo um profissional que, com as ideias que ele possui, esteja em concordância com sua forma de gestão e com o planejamento para que os objetivos sejam atingidos. Este é o tom que o Cruzeiro precisa mostrar na escolha do novo técnico. É preciso saber a razão daquele profissional ter sido o escolhido.
Este será o terceiro técnico da nova SAF do Cruzeiro. Ainda está em tempo de ser assertivo no cargo para não se transformar em um contumaz triturador de treinadores, com a direção se afastando da responsabilidade compartilhada pelo fracasso de não existir um direcionamento claro sobre o projeto a ser desenvolvido.