Os Estados Unidos vetaram nesta quarta-feira (20 de novembro) uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que exigia um cessar-fogo imediato na guerra em Gaza, pois ela não está vinculada a uma libertação imediata dos reféns israelenses capturados pelo Hamas em outubro de 2023. A forma como foi redigido enfureceu Israel, que denunciou o texto como uma “traição”.
O texto “nada mais é do que uma traição” e equivaleria a um “abandono” dos reféns, declarou o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, antes da votação.
O Conselho de Segurança da ONU votou 14 X 1 a favor da resolução, mas ela não foi adotada devido ao veto dos EUA. A resolução foi patrocinada pelos 10 membros eleitos do conselho de 15 membros. Ao contrário dos cinco membros permanentes – EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França – os membros eleitos não têm poder de veto.
“Deixamos claro nas negociações que não poderíamos apoiar um cessar-fogo incondicional que não conseguisse a libertação dos reféns. Para nós, teria que haver um vínculo entre o cessar-fogo e a libertação dos reféns. Essa tem sido nossa posição desde o início e a mantemos”, justificou o vice-embaixador dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, após a votação.
Com a resolução proposta, acrescentou Wood, o Conselho enviaria ao Hamas “a mensagem perigosa de que não há necessidade de voltar à mesa de negociações”.
Enquanto isso, no Líbano, um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah estava mostrando sinais de progresso. No entanto, o ministro da defesa israelense disse que seu país insiste no direito de agir militarmente contra o Hezbollah em qualquer acerto para pôr fim ao conflito.
“Sem justificativa”
Majed Bamya, vice-embaixador palestino na ONU, disse que não havia motivo para Washington vetar o projeto. “Não há justificativa, absolutamente nenhuma justificativa para vetar uma resolução que está tentando impedir atrocidades”, disse Bayma após a votação.
Em comunicado divulgado pela agência oficial Wafa, a Autoridade Palestina considerou que “a decisão dos Estados Unidos de exercer seu veto pela quarta vez encoraja Israel a continuar com seus crimes contra civis inocentes na Palestina e no Líbano”.
O movimento islamista palestino Hamas acusou os Estados Unidos de serem “diretamente responsáveis” pelo que chamou de “guerra genocida” de Israel na Faixa de Gaza, após o veto de Washington.
“Mais uma vez, os Estados Unidos provam que são um parceiro direto na agressão contra nosso povo, que é criminosa, que mata crianças e mulheres, destrói a vida civil em Gaza e que é diretamente responsável pela guerra genocida e pela limpeza étnica, assim como a ocupação [Israel]”, reagiu o Hamas.
(Com informações da Agência Estado e da AFP)