19/09/2024
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Entenda por que o Plano Real ‘aposentou’ a despensa nas casas brasileiras

Entenda por que o Plano Real ‘aposentou’ a despensa nas casas brasileiras

Na tensão nos supermercados devido à hiperinflação antes do Plano Real, surgiu o Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais. Elas marchavam em frente aos estabelecimentos e monitoravam os preços de perto. “Nas férias? A gente não saía, porque, quando olhava o preço da viagem, via que não daria. As férias das crianças entravam e acabavam, e continuava todo mundo em casa. Tinha que economizar em tudo. Entrou inverno? Vai com a roupa do inverno passado. A economia era uma gangorra, acompanhar era uma loucura. A saída era estocar em casa no dia a dia”, conta a coordenadora institucional do movimento, Solange Medeiros.

Como outras famílias que tinham pelo menos alguma segurança financeira, a dela mantinha uma despensa o mais abastecida que conseguia. Hoje, três décadas depois, o cômodo tornou-se um “dinossauro” nas casas que ainda o têm e ganha novos usos ao sabor da época, explica a presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais (CAU-MG), Cecília Fraga.

“Todos os costumes das famílias se refletem na arquitetura. Se analisarmos por esse lado, como temos uma moeda estabilizada hoje, a despensa deixou de ser fundamental”. O cômodo passou por outra mudança nos últimos anos, diz ela: “Com muita gente trabalhando em casa, muitas despensas foram transformadas em escritórios”.

A pressão para fazer as compras antes que os preços saltassem mais uma vez também alterava a rotina nos supermercados, como reconta Gilson de Deus, hoje dono de uma rede e, na época, diretor comercial. “Para fugir da inflação, trabalhávamos com o dobro de estoque de hoje. Tínhamos até que improvisar locais para armazenar produtos. As vendas se concentravam na primeira quinzena do mês. Hoje, há um pequeno pico no quinto dia útil, mas não tão representativo”.

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