28/10/2024
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Derrota de Boulos em São Paulo complica caminho para Lula em 2026

Derrota de Boulos em São Paulo complica caminho para Lula em 2026

BRASÍLIA – A derrota do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, neste domingo (27), para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), representa também a maior perda eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2024.

O acordo entre os dois foi selado em 2022, quando o PSOL apoiou a candidatura petista à presidência. Em retribuição, neste ano tanto o presidente Lula quanto o PT atuaram como base de sustentação para a campanha Boulos. Esse apoio ficou claro, inclusive, no aspecto financeiro.

O candidato do PSOL foi quem mais recebeu doações do PT durante o pleito municipal, somando R$ 44,1 milhões. Esse valor representou 54% do total arrecadado por ele, de R$ 81,2 milhões. O montante supera até mesmo os recursos investidos pelo partido em candidatos da própria sigla que concorreram neste ano.

São Paulo também foi a cidade à qual Lula mais se dedicou nessas eleições: foram quatro agendas com Boulos, presenciais ou online. O envolvimento do presidente era visto como decisivo para o candidato virar a disputa contra Nunes, que liderou a corrida eleitoral desde o início do segundo turno.

O emedebista tinha vantagem em regiões periféricas da cidade, onde o petista tradicionalmente é forte. Por isso, o presidente atuou para colar sua imagem à do psolista. Contudo, a dupla sofreu um revés de Nunes, que era apoiado por Jair Bolsonaro (PL), que diante da sua inelegibilidade até 2030, vai apoiar outro nome para disputar pela presidência em 2026.

No segundo turno das eleições de 2022, o presidente havia derrotado Bolsonaro na capital paulista, com 53,54% dos votos – dessa vez, seu afilhado político teve 40,65%. Manter o equilíbrio de forças era visto como estratégico para Lula, seja para fortalecer sua reeleição ou impulsionar o nome de quem apoiar em 2026.

Outro efeito negativo para o PT do resultado deste domingo é a crescente influência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como um potencial adversário de Lula em 2026. Tarcísio mergulhou de cabeça na campanha de Nunes e foi, em diversas ocasiões, o principal cabo eleitoral do prefeito.

A derrota de Boulos também não deixa de ser um revés interno de Lula no PT. Algumas alas do partido, lideradas pelos deputados federais Jilmar Tatto (SP) e Washington Quaquá (RJ), este vice-presidente da legenda, defendiam o lançamento de uma candidatura própria e avaliaram como um erro o apoio ao político do Psol.

Ter um aliado na Prefeitura da maior cidade do Brasil, que gerencia o terceiro maior Orçamento do país e mais de 9,3 milhões de eleitores, seria crucial para um presidente. Com a posse de Boulos, Lula teria um parceiro importante para apoiar as políticas do governo federal nos próximos anos em um dos principais colégios eleitorais.

 

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