21/11/2024
20:20

Bitcoin bate recorde, dólar dispara, e euro recua; confira efeito Trump no mercado

Bitcoin bate recorde, dólar dispara, e euro recua; confira efeito Trump no mercado

As Bolsas de valores na Ásia subiram rapidamente, o dólar se valorizou em relação às principais moedas, o bitcoin bateu seu recorde e os rendimentos dos títulos de dois anos do Tesouro dos EUA cresceram após ser definida a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA.

No Brasil, a Bolsa abriu em alta de 0,11%, aos 130.661 pontos. Já o dólar iniciou essa quarta-feira (6/11) com alta de 1,70%, valendo R$ 5,84.

O candidato republicado foi declarado presidente eleito por volta das 7h30 desta quarta-feira (6), quando atingiu a marca de 276 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Ele precisava ter ao menos 270 votos para vencer a disputa com Kamala Harris.

As Bolsas da Ásia fecharam antes de a vitória ser anunciada, mas já havia uma expectativa do triunfo de Trump após ele ganhar os sete estados-pêndulo, que são decisivos para a definição do vencedor. Mesmo sem a declaração oficial, os investidores já repercutiam o resultado e os dois principais índices da China terminaram a sessão em queda.

O CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,5%, e o índice SSEC, de Xangai, oscilou 0,09% para baixo. Em Hong Kong, a Bolsa despencou 2,23%. Trump já anunciou que deve adicionar uma tarifa de 60% para produtos fabricados na China que serão comercializados nos EUA, e também é esperado um acirramento na política comercial entre as duas nações.

Há uma expectativa de que as políticas antimigração e de redução de impostos, propostas por Trump, pressionem a inflação. Adicionalmente, o mercado é otimista quanto a uma nova rodada de cortes nos juros pelo Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA).
O dólar se valorizou em relação ao iene japonês (1,57%), e ao euro (1,69%). Na comparação com uma cesta com seis outras divisas pelo mundo, a moeda norte-americana subia 1,58% nesta quarta.

Já o bitcoin atingiu um valor recorde de US$ 75.120, disparando 8,63% em relação ao dia anterior. A moeda virtual é defendida por Trump, que já anunciou o interesse em criar uma criptomoeda própria.

Os rendimentos do Tesouro chegaram a subir durante a madrugada, mas apresentavam desempenhos diferentes de manhã após ser declarada a vitória de Trump. O contrato de 10 anos caía para 4,2888%, e o título de dois anos subia para 4,1972%.

“Os investidores estão preparados para a turbulência no mercado de títulos do Tesouro, mesmo considerando os grandes movimentos que já vimos recentemente”, apontou John Higgins, economista-chefe de mercados da Capital Economics.

Já os contratos futuros do S&P 500 atingiram máxima recorde ao subir 2,28% durante a madrugada. Na Nasdaq, a alta era de 1,85% e o futuro da Dow Jones tinha valorização de 2,74%.
O indicador MSCI de ações em todo o mundo .MIWD00000PUS subiu 1,1%. Em Wall Street, no pré-mercado, o S&P 500 Index .SPX subiu 1,2%, o Dow Jones Industrial Average .DJI valorizou 1%, e o Nasdaq Composite .IXIC teve alta de 1,4%.

Já as ações europeias demonstram menos entusiasmo, uma vez que as políticas tarifárias de Trump, se implementadas, podem desencadear uma guerra comercial global e ameaçar as exportações da União Europeia.

O índice de referência europeu STOXX .STOXX ficou estável, enquanto o índice mais amplo da MSCI de ações da Ásia-Pacífico fora do Japão .MIAPJ0000PUS subiu 0,9%. Os analistas apontam que os planos do republicano para imigração restrita, cortes de impostos e tarifas abrangentes, se implementados, jogam mais pressão sobre a inflação e os rendimentos dos títulos do que as políticas de centro-esquerda de Harris.

Os preços do ouro estavam instáveis, com uma queda de 0,16% para US$ 2.739,16 a onça troy, longe do pico recente de US$ 2.790,15.

A forte alta do dólar pressiona os preços do petróleo e de outras commodities, encarecendo os preços. O petróleo Brent caiu US$ 1,14, para US$ 74,41, enquanto o barril do petróleo WIT, usado nos EUA, tinha perda de US$ 1,05, para US$ 70,93 o barril.

No mercado, os investidores precificam o impacto das propostas de Trump na economia.
O republicano promete aumento tarifário sobre as importações, especialmente as chinesas, e um possível corte de impostos – medidas que são vistas como inflacionárias e que podem influenciar o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) a manter os juros elevados por mais tempo, o que dá força ao dólar.

Na terça-feira, a expectativa pelas eleições americanas e pelo anúncio de medidas de contenção de gastos do governo marcaram a sessão. Por aqui, o mercado aguarda a divulgação do pacote que visa dar mais sustentabilidade ao arcabouço fiscal. O anúncio poderá ocorrer ainda nesta semana, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que as medidas estão “muito avançadas” do ponto de vista técnico.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com a equipe econômica e com ministros que poderão ser atingidos pelas medidas na segunda-feira, e, na terça, a Casa Civil se reuniu com outras autoridades do governo para dar continuidades às tratativas.

A reunião de ontem, inicialmente prevista para às 16h, foi antecipada para 14h – o que deu força aos ativos brasileiros.

“Está com cara de que vai sair algo muito em breve. Em dia de dólar mais fraco lá fora por conta da expectativa para a eleição americana, esse tipo de movimento acaba tendo mais impacto”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Estiveram presentes na reunião de terça-feira os ministros Carlos Lupi (Previdência Social) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além da equipe econômica do governo – formada por Haddad, Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação) – e do próprio titular da Casa Civil, Rui Costa.

Já na segunda, Lula se reuniu com Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Nísia Trindade (Saúde) e Camilo Santana (Educação), além da equipe econômica, em encontro que durou cerca de três horas, mas terminou sem anúncios.

O movimento do governo ocorre após dias de estresse no mercado financeiro. O dólar disparou na última sexta-feira para R$ 5,86, a maior cotação desde maio de 2020, em reação agravada pela notícia da viagem – posteriormente cancelada – de Haddad à Europa.

O ministro passaria a semana em eventos em Paris, Londres, Berlim e Bruxelas, e, segundo um interlocutor ouvido pela Folha de S.Paulo, a ausência do chefe da ala econômica tornaria “praticamente impossível” que o plano fosse definido nos próximos dias – a contragosto do mercado, que espera celeridade na resolução das incertezas fiscais.

Para os investidores, o governo precisa ajustar a ponta das despesas, e não só reforçar a arrecadação, para garantir a longevidade do arcabouço fiscal. A previsão de encaminhar ao Congresso Nacional ainda em 2024 um pacote de revisão de gastos estruturais foi anunciada por Tebet em 15 de outubro. Na ocasião, afirmou que as medidas seriam enviadas após as eleições municipais, que terminaram no domingo passado (27).
A semana ainda guarda as decisões de juros do Fed e do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central).

Por causa das eleições presidenciais, a reunião da autoridade norte-americana foi adiada em um dia e irá ocorrer entre quarta e quinta-feira, enquanto a decisão do comitê brasileiro será anunciada nesta quarta-feira, como de praxe.

A expectativa dos agentes financeiros é que o Fed dê continuidade ao ciclo de afrouxamento nos juros. Na reunião de setembro, o colegiado reduziu a taxa em 0,5 ponto percentual, levando-a à banda de 4,75% e 5% – o primeiro corte em quatro anos.

Na ferramenta CME Fed Watch, a probabilidade de uma redução de 0,25 ponto marca 97%. A previsão de diminuição do ritmo de cortes vem na esteira de uma bateria de dados que indicaram que a economia dos Estados Unidos segue forte, com inflação convergindo à meta de 2% e mercado de trabalho resiliente. O movimento é o oposto do BC brasileiro. Aqui, o Copom decidiu reiniciar o ciclo de apertos na taxa Selic na reunião passada, quando optou por uma alta de 0,25 ponto percentual e levou os juros a 10,75% ao ano.

Com a piora no cenário econômico nos últimos 45 dias, o mercado espera que o comitê acelere o ritmo de altas para 0,5 ponto percentual. (FOLHAPRESS)

 

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