A entrada do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na campanha do prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), teria incomodado integrantes do PSD de Minas Gerais. A aparição de Silveira, após ser contrário à candidatura do prefeito à reeleição, somada à tentativa do ministro de Minas e Energia em tentar vincular a imagem do candidato à reeleição à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria gerado um mal estar interno.
Silveira desembarcou em Belo Horizonte durante a campanha para, pelo menos, duas agendas de Fuad. Antes de acompanhar a apuração, o ministro de Minas e Energia acompanhou o prefeito em visita à Vila do Índio, entre as regiões de Venda Nova e Pampulha, no último sábado (5 de outubro). Em 14 de setembro, o pessedista já havia viajado para a capital, quando foi à Vila Novo São Lucas, região Centro-Sul, ao lado do candidato à reeleição.
O embarque de Silveira na campanha em meio ao crescimento de Fuad nas pesquisas de intenção de votos teria causado estranheza em interlocutores do PSD. Auxiliares do partido lembram que o ministro de Minas e Energia teria sido uma das vozes contrárias à candidatura do prefeito, que teria sido internamente bancada pelo presidente estadual, Cássio Soares, e pelo presidente nacional, Gilberto Kassab. À época, Silveira teria tentado levar a sigla a apoiar o nome do deputado federal Rogério Correia (PT).
Durante um evento de pré-campanha em dezembro de 2023, Rogério exibiu um vídeo de Silveira em que o ministro insinuou um apoio à então pré-candidatura do deputado federal. “No dia em que BH completa 126 anos de idade, temos o lançamento da Plataforma BH Pode Mais (instrumento para construir um plano de governo), uma parceria com o governo do presidente Lula. Ajude a escolher algum tema para ajudar BH a avançar. Você tem meu empenho e apoio nessa caminhada, companheiro Rogério”, disse ele.
Entretanto, interlocutores de Silveira apontam que o ministro de Minas e Energia estaria na campanha desde o início nos momentos cruciais. Em fevereiro deste ano, quando Fuad lançou a pré-candidatura à prefeitura, o ex-senador veio a Belo Horizonte para participar do ato. Segundo eles, Silveira teria sido quem mais defendeu o prefeito dos ataques do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), que o preteriu para apoiar a candidatura do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos).
A associação do ministro de Minas e Energia entre a imagem de Fuad e Lula logo após a apuração nesse domingo (6 de outubro) também teria desagradado o PSD. A avaliação de auxiliares do partido é que Silveira estaria tentando amenizar a derrota de Lula em Belo Horizonte, onde Rogério teve 4,37% dos votos válidos e foi apenas o sexto colocado. De acordo com eles, o ministro estaria tentando “colocar a cara de Lula” no prefeito após o candidato à reeleição avançar para o 2º turno.
Atrás de agendas com a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, e com o ministro dos Transportes, Renan Filho, o prefeito foi recebido publicamente apenas pelo segundo escalão do governo Lula. A opção do ministro chefe de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em não posar para uma foto institucional com Fuad não teria sido bem recebida.
Porém, pessoas do entorno de Silveira minimizam a avaliação de uma associação com Lula, dizendo que a intenção do ministro de Minas e Energia não é “avermelhar” a campanha de Fuad, mas aproximá-la institucionalmente do Planalto. Interlocutores do ex-senador relataram que, nos últimos dias do 1º turno, ele teria se reunido com Lula, mostrado o cenário de Belo Horizonte e pedido que Rogério amenizasse o tom contra o candidato à reeleição, uma vez que era um dos candidatos mais incisivos contra o prefeito.
Procurado, Cássio afirmou, em nota, que desconhece qualquer mal estar de membros do PSD em relação à participação de Silveira na campanha de Fuad e reconhece a importância do ministro durante o processo eleitoral. “Soares destaca especialmente que quando acompanhou o prefeito Fuad a Brasília, estiveram com o ministro Alexandre e foram muito bem recebidos no Ministério de Minas e Energia além de contar com a atuação do ministro em diversas frentes de apoio à candidatura do prefeito Fuad. O PSD segue unido e em harmonia rumo a reeleição de Fuad nesse segundo turno”, concluiu.
Também procurado, Silveira não se manifestou até a publicação desta reportagem. Tão logo se posicione, a manifestação será acrescentada.