Apesar disso, estrutura segue no nível 2 de emergência, o que impede o retorno dos moradores que foram evacuados; descaracterização vai até 2029
Em nível máximo de emergência desde 2019, a barragem da Vale na mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais, teve o seu nível de segurança reduzido na última segunda-feira (26 de agosto), conforme a Agência Nacional de Mineração (ANM).
Segundo o órgão, o Sistema Integrado de Gestão de Barragem de Mineração (SIGBM) reduziu o Nível de Emergência (NE) da barragem Sul Superior de 3 – quando há risco iminente de rompimento – para 2. A estrutura vinha passando por obras de descaracterização nos últimos anos, sendo que já foram removidos 900 mil metros cúbicos de rejeitos do local, cerca de 13% do total. Ainda segundo a agência, a Vale também realizou melhorias na drenagem superficial do reservatório e reduziu o aporte de água para a barragem.
O nível 3 de emergência foi adotado, levando à evacuação de centenas de pessoas em fevereiro de 2019, após a estrutura apresentar fator de segurança abaixo de 1,00, o que representa um risco “iminente para a comunidade local e o meio ambiente”. Desde então, investigações geotécnicas com tecnologias avançadas, o aumento no quantitativo de equipamentos de monitoramento e a evolução de estudos permitiram uma melhor compreensão sobre a estabilidade da estrutura e uma atuação mais efetiva por parte da Vale, conforme a ANM.
“A saída de NE3 e entrada em NE2 sinaliza uma melhora no desempenho geral da estrutura, representando que não se encontra em estado de pré-ruptura e que as medidas de segurança à população e ao meio ambiente estão mantidas. A redução de nível de emergência com segurança e no tempo correto, em especial para as barragens em descaracterização, é prioridade para a ANM”, afirma o superintendente de Segurança de Barragens (SBM) da ANM, Luiz Paniago.
Eliezer Sena é o responsável pela Coordenação de Gerenciamento de Riscos Geotécnicos de Barragens de Mineração (COGRGBM) da SBM, responsável pelo acompanhamento direto da barragem Sul Superior. Segundo ele, desde que a estrutura entrou em nível máximo, ela tem sido vistoriada frequentemente e presencialmente pelo órgão.
“A mesma sistemática será mantida agora que a barragem está em Nível de Emergência 2, garantindo que a descaracterização da barragem ocorra de forma controlada e segura”, garantiu o profissional.
Moradores seguirão evacuados até 2029
Abaixo da barragem, a Vale construiu uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), uma espécie de “piscina” gigantesca que seria capaz de conter a lama e impedir sua chegada até Barão de Cocais e outras cidades próximas. Apesar da redução do nível de emergência e da existência da ECJ, até a descaracterização completa da barragem a Zona de Autossalvamento (ZAS) da estrutura deverá permanecer evacuada, sem o retorno das famílias removidas por enquanto.
A previsão, ainda de acordo com a ANM, é que as obras sejam concluídas em dezembro de 2029, com a remoção total dos rejeitos e a recuperação ambiental da área.
Por nota divulgada horas antes da ANM fazer o anúncio, a Vale confirmou a redução do nível de emergência. “A redução foi possível devido à realização de novas investigações geotécnicas, ampliação dos instrumentos de monitoramento e evolução de estudos que permitiram maior conhecimento da real condição de estabilidade da estrutura”, disse a empresa.
No texto, a empresa não citou o prazo para o fim da descaracterização e nem citou o retorno dos moradores para suas casas só em 2029, tratando apenas sobre o trabalho feito até agora na “desmontagem” da estrutura.