Os fãs de futebol recordaram a convocação do Brasil para a Copa do Mundo de 1998 a partir da notícia da morte de Zé Carlos, aos 55 anos. O ex-lateral-direito do São Paulo foi chamado de forma inesperada pelo técnico Zagallo para ser reserva de Cafu na França. A CBF cortou o suplente original, Flávio Conceição, que atuava no Deportivo La Coruña, da Espanha.
Premiado com a Bola de Prata, da revista Placar, pelo bom desempenho no Campeonato Brasileiro de 1997, Zé Carlos ficou conhecido pela personalidade simples de um homem criado na roça e que começou no futebol profissional tardiamente, aos 21 anos, depois de trabalhar como metalúrgico.
Bem-humorado, Zé divertia os colegas de elenco no São Paulo ao reproduzir sons de animais na concentração. Na Seleção, foi encarregado de “imitar Cafu” na semifinal da Copa, visto que o titular recebeu o segundo cartão amarelo na vitória por 3 a 2 sobre a Dinamarca, nas quartas de final.
Se no São Paulo Zé Carlos se destacava pelo vigor físico, ultrapassagens e cruzamentos, no Brasil guardou posição e contou com o auxílio dos meio-campistas Dunga e César Sampaio e do zagueiro Júnior Baiano. Afinal, o lado esquerdo da Holanda era muito forte, sobretudo pela presença do ágil meia-atacante Boudewijn Zenden, que se transferiu do PSV Eindhoven para o Barcelona.
O camisa 13 do Brasil praticamente não passou do meio-campo e se desdobrou na marcação em meio à velocidade de Zenden. O Brasil abriu o placar com Ronaldo, logo a 1 minuto do segundo tempo, e levou o empate aos 41, em cabeceio de Patrick Kluivert. Nos pênaltis, brilhou a estrela de Taffarel, que fez duas defesas e ajudou a Seleção a ganhar por 4 a 2.
Além de lidar com a pressão psicológica por se tratar de uma semifinal de Copa do Mundo, Zé Carlos estava há quase dois meses sem disputar um jogo oficial, uma vez que o Campeonato Paulista, do qual o São Paulo foi campeão, terminou em 10 de maio.
Passado o “frio na barriga” na noite de 7 de julho de 1998 no Stade Vélodrome, em Marselha, na França, Zé Carlos deu lugar a Cafu. Do banco de reservas, viu o Brasil perder a final da Copa para a França, por 3 a 0, em 12 de julho.
Após o Mundial, o lateral nunca mais voltou à Seleção e caiu de produção no São Paulo. Posteriormente, defendeu Grêmio, Ponte Preta, Joinville, Nororeste e Portuguesa – onde se aposentou, aos 36 anos. O desfecho da carreira pode não ter sido glorioso, mas a história de Zé Carlos será para sempre lembrada como uma das mais singulares do esporte brasileiro.
A notícia Zé Carlos substituiu Cafu em Brasil x Holanda e teve trabalho com ex-meia do Barcelona foi publicada primeiro no No Ataque por Rafael Arruda