A apresentação de Cuca ao Atlético fez um questionamento de parte da torcida voltar à tona: desta vez, ele terá uma passagem longa no Galo? Com contrato até o fim de 2026 com o clube alvinegro, o treinador foi questionado sobre os trabalhos curtos recentes e fez questão de detalhar as saídas precoces de Palmeiras, em 2016, Athletico-PR, em 2024, e do próprio time atleticano em 2021.
As justificativas de Cuca passaram por questões familiares no Atlético e Palmeiras. “Eu não quebro os contratos, eu não largo tudo e saio à maluca. São as nuances de cada um. Eu sou família e muitas vezes eu abro mão do lado profissional para isso. Tem muita gente que vai falar que é errado, mas é o meu jeito”, disse o treinador, que afirmou que, no Athletico-PR, foram divergências que acarretaram a saída do time.
A saída de Cuca do Atlético em 2021
Em 2013, Cuca encerrou a primeira e única longa passagem pelo Atlético. Após ser contratado em 2011, ele ficou duas temporadas completas no Galo e saiu no ano da conquista da Copa Libertadores. O técnico, inclusive, relembrou que deixou o Galo rumo à China no término do contrato e motivado pela “questão financeira”.
Ele retornou em 2021 e fez um grande trabalho na Cidade do Galo: conquistou Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Porém, após a melhor temporada da história do Atlético, Cuca pediu para sair e interrompeu a passagem que iniciou em março de 2021 e terminou em dezembro daquele ano – foram 46 triunfos em 67 partidas. Segundo o treinador, a saída se deu por questões familiares e a ida ao clube já havia sido complicada por esse mesmo motivo.
“No início de 2021, eu estava com a minha mãe entubada no hospital há 70 dias, e o Galo: ‘Cuca, você tem que vir porque não dá mais para segurar’. Eu falei para o Rodrigo [Caetano]: ‘Não consigo’. Fui ao médico em Curitiba, e ele falou: ‘Sei o que sua mãe faria, pois ela não sairia dessa porta enquanto você não saísse daqui’. E eu fui, mesmo quase não conseguindo ir, e fiz promessas fortes para minha mãe, para que eu colocasse a faixa de campeão nela”, disse Cuca, que seguiu.
“Nós somos campeões, e a minha mãe estava ali. E quando acabou 2021, eu falei para o Rodrigo: ‘Eu vou ajudar a recuperar a minha mãe. Eu vou ficar com ela agora nesse começo de ano’. São erros que um profissional tem, mas eu curti a minha família, eu curti a minha mãe, e eu larguei o status que eu tinha de ser campeão, de poder fazer qualquer coisa, porque eu precisava da recuperação dela pra ficar sem sequela”
Cuca, técnico do Atlético para 2025
O técnico também deixou o Palmeiras após ser campeão
Outra interrupção do trabalho após o título ocorreu em 2016, quando Cuca foi campeão do Brasileiro pelo Palmeiras e justificou a saída também por motivos familiares. Na ocasião, ele tinha acabado de retornar da China, e se desgastou no comando do time alviverde. No total, foram 29 vitórias em 51 jogos há oito anos atrás.
“Quando você volta da China, você tem que pôr no eixo de novo, mas eu não voltei para pôr no eixo. Eu fui para um time que há 22 anos não ganhava um título [do Brasileiro] e cheguei e levei uma, duas, três ‘porradas’ e me vi louco. Só que comprei a briga com os guris, que estavam sendo ‘chacoteados’, e nós fomos campeões brasileiro. Eu não dormia de tanta pressão de tudo que era lado. É um desgaste enorme”, disse Cuca.
Após a saída no fim da temporada de 2016, Cuca ficou sem trabalhar até retornar ao mesmo Palmeiras em 2017. Foi um movimento idêntico ao que ocorreu no Atlético cinco anos depois, já que ele ficou sem clube até retornar ao Galo em 2022 e não fez um bom trabalho.
“Quando acabou 2016, eu precisei descansar. Falei para o Alexandre [Mattos]:, ‘Eu preciso descansar e vou sair’. E eu fiquei dois, três meses em casa. Voltei em 2017, fui até faltando cinco partidas [para o fim], e a gente viu que não ia conseguir ser campeão. Aí saí e entrou Alberto Valentim, que era meu auxiliar”, destacou Cuca.
O último trabalho de Cuca
Assim como as passagens por Atlético e Palmeiras, o último trabalho de Cuca foi interrompido de forma inesperada. Em 2024, o técnico teve um início excelente no Athletico-PR e foi campeão do Paranaense, mas algumas divergências com a diretoria levaram ao término da primeira e até então única passagem pelo “clube do coração”. Foram 14 vitórias em 23 partidas no time de Curitiba que foi rebaixado à Série B no ano passado.
“Começo foi muito bom no Athletico Paranaense: foram 10 jogos, 10 vitórias. Foi uma arrancada muito bonita, o jogo fluiu bem. Existiram divergências de opiniões e divergências de ideias, que a gente sabia que lá na frente não ia dar certo. E acabei saindo naquele momento do Athletico antes ainda de 30% do campeonato e acabou, infelizmente, para o Athletico, sendo um ano muito ruim”, concluiu Cuca.