(foto: Mourão Panda/América)
Semanas antes da final do Campeonato Mineiro, o presidente do América, Alencar da Silveira Júnior, cravou: ‘Que venha o Atlético. Seremos campeões’. O clássico chegou, e a ‘profecia’ se tornou praticamente impossível. No dia seguinte à goleada sofrida por 4 a 0, o dirigente explicou a fala polêmica, que deu ‘munição’ ao adversário.
Alencar afirmou ao No Ataque nesse domingo (9/3) que a ‘premunição’ teria mais chances de se cumprir caso tivesse ouvido a própria ‘intuição’. O desejo do presidente era mandar os dois jogos da final no Mineirão, com rendas divididas igualmente entre os clubes.
Contudo, a decisão foi disputar a primeira partida no Mineirão – com mando atleticano – e a segunda no Independência, com mando americano. Esse cenário pode mudar, já que Alencar quer transferir a partida de voltar para o Gigante da Pampulha, diante da pequena chance de título.
“A gente perdeu uma grande oportunidade. Se eu tivesse (ouvido) o meu instinto… Quando eu falo que vou ser campeão, é porque em 2016 (último título mineiro do América, justamente contra o Atlético) eu fiz pela minha cabeça”, disse o dirigente à reportagem.
Segundo Alencar, um acordo sobre disputar os dois jogos no Mineirão poderia incluir a liberação da escalação do goleiro Matheus Mendes. Titular e peça importante do América, o jogador está emprestado pelo Atlético e só poderia enfrentar o clube alvinegro mediante o pagamento de R$ 750 mil. Outro ponto pleiteado era a escolha por uma arbitragem de fora de Minas Gerais, o que não ocorreu.
“Agora, fui olhar muito para o lado do torcedor, e está aí. Eu tinha propostas do Atlético de fazer os dois jogos no Mineirão e dividir a renda, de liberar o goleiro (Matheus Mendes, que ficou fora da final por questões contratuais, já que está emprestado ao América pelo Atlético) e até mesmo o juiz de fora (de Minas Gerais) a gente poderia ter pleiteado, e o Atlético teria aceitado”, citou.
“Ia ficar bom para o Atlético, ia ficar bom para o América, mas não ia ficar bom para a torcida (do América). Como o América não é SAF e eu não sou dono dela, eu tenho que olhar o conselho gestor que trabalha comigo e tenho que ouvir a nossa torcida, que queria de toda forma o segundo jogo no Independência”, continuou Alencar, que chegou a levar as possibilidades ao debate.
“Tudo isso que estou falando foi proposto para mim, eu levei (aos demais dirigentes) e fui vencido por não ser proprietário, por ser presidente da agremiação. Porque se sou empresário, dono, aí a conversa ia ser diferente. Mas nunca imaginei fazer o jogo que nós fizemos e tomamos de 4 a 0”, completa.
Provocações dos rivais
A declaração de Alencar deu ‘munição’ aos adversários, que responderam após a goleada por 4 a 0 nesse sábado (7/3), no Mineirão.
“Com o placar elástico que foi, é natural de a torcida gritar (‘é campeão’), mas nós, jogadores, temos que respeitar a equipe adversária, diferentemente do presidente deles, que não respeitou a gente”, disse o lateral-esquerdo Guilherme Arana.
“Eu acredito que, se tratando de uma final, a gente tem que ter motivação suficiente. Eu cheguei a ver os vídeos. Eu acho até engraçado essas coisas, porque, antes, no futebol, tinha muito disso. E isso mexia muito com o público. A galera ia muito ao estádio por conta dessas provocações. Até os jogadores entravam nisso”, iniciou o meia-atacante Bernard.
“Mas, eu acredito que, no futebol de hoje em dia, os jogadores têm muita noção do que deve ser feito, da responsabilidade que é jogar no Atlético, jogando uma final de Mineiro”, concluiu.
Mudança para o Mineirão
A profecia de Alencar está muito longe de se cumprir. Afinal de contas, para ser campeão o América depende de uma vitória por pelo menos cinco gols de diferença ou por quatro de vantagem para levar a disputa para os pênaltis.
Diante desse contexto, o dirigente deseja transferir o jogo de volta do Independência para o Mineirão. A ideia é ampliar a carga de ingressos para atleticanos e, com isso, lucrar mais.
“Chance grande de ir para o Mineirão. Eu não vou deixar fazer festa dentro do meu terreiro, né? É claro que eu não vou deixar. Estou acabando de resolver, acho que levo para o Mineirão mesmo”, pontuou Alencar.