Os fãs de futebol da cidade de Manhuaçu, na Zona da Mata de Minas Gerais, estão em contagem regressiva para a conclusão das obras da Arena Boston City. O estádio também receberá shows e eventos e ficará totalmente pronto em dezembro de 2026, podendo comportar 12 mil pessoas. Em entrevista ao No Ataque, o empresário Renato Valentim, CEO do Boston City Futebol Clube, deu detalhes do investimento de cerca de R$ 50 milhões.
“Estamos construindo um estádio multiuso para receber shows e eventos. Será um grande palco na região. Estamos agora planejando a grama sintética, que virá da Europa. Deve começar a instalação da grama a partir de março de 2025”, iniciou Valentim, que nasceu em Manhuaçu e vive desde 1998 em Boston, nos Estados Unidos, onde fundou a rede de restaurantes Tavern In The Square, em 2004, e mantém negócios nos setores de construção civil e educação infantil.
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Ter o estádio próprio é prioridade para o Boston. O sonho começou há cerca de quatro anos, quando o clube divulgou as primeiras imagens do projeto. Por causa disso, conforme Renato Valentim, não houve grandes investimentos na equipe principal, que competirá no Campeonato Mineiro Segunda Divisão – terceiro nível profissional no estado – pela oitava vez consecutiva em 2025.
“Buscamos o estádio para estarmos jogando. Se tivéssemos investido em 2018 para subir, onde estaríamos jogando hoje? Estaríamos em um estádio acanhado, sem condições de jogo, que é o estádio municipal da cidade. Passando vergonha todo ano ao receber os clubes maiores”, justificou o empresário, acrescentando que 2025 será o ano da “virada de chave”.
“Hoje já temos uma parte para 2.500 pessoas praticamente pronta, que é atrás de um dos gols e acima dos vestiários. Para completar as 7 mil, um lado do campo precisaria ser terminado. A gente fará por etapas para liberar o estádio para jogos da base e do profissional. Como trabalhamos com planejamento de dar a estrutura ao departamento de futebol, é isso que estamos fazendo hoje. Temos muita necessidade de liberar o gramado do estádio para a base e o profissional. Por isso estamos falando em liberar parcialmente para 7 mil. Mas haverá continuidade para os 12 mil lugares”.
Renato Valentim, dono do Boston City
Já existe no local o Centro de Desenvolvimento de Talentos, que abriga 120 atletas sub-15, sub-17 e sub-20. O espaço tem dois campos de grama sintética, academia, salas de estudos, refeitório, alojamentos e departamentos médico e de fisiologia.
Fotos do projeto da Arena Boston City
Projeto da Arena Boston City, em Manhuaçu; estádio comportará 12 mil pessoasFoto: Divulgação
Projeto da Arena Boston City, em Manhuaçu; estádio comportará 12 mil pessoasFoto: Divulgação
Projeto da Arena Boston City, em Manhuaçu; estádio comportará 12 mil pessoasFoto: Divulgação
Projeto da Arena Boston City, em Manhuaçu; estádio comportará 12 mil pessoasFoto: Divulgação
Projeto da Arena Boston City, em Manhuaçu; estádio comportará 12 mil pessoasFoto: Divulgação
Projeto da Arena Boston City, em Manhuaçu; estádio comportará 12 mil pessoasFoto: Divulgação
Por que 12 mil lugares?
Com planos de ver o Boston City na Série A ou B do Campeonato Brasileiro até 2034, Renato Valentim explicou que os 12 mil lugares na arena se devem à exigência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a elite nacional. O investidor ainda falou sobre a inspiração do modelo do estádio.
“A CBF pede atualmente 12 mil lugares para a Série A do Brasileiro. Se daqui a cinco ou dez anos não mudar as regras, nosso estádio terá plenas condições de receber jogos da primeira divisão”.
“Buscamos muito os estádios da Europa. Estádio multiuso, com projeto de shopping center ao lado e hotel em cima do shopping. No hotel haverá quartos virados para o estádio, o cara pode ir para o hotel e ver os jogos dos quartos. Existem estádios na Europa que são assim, com esse charme de oferecer esse tipo de experiência aos torcedores”.
Arena multiuso
A Arena Boston City não se limitará ao futebol. Por isso, o clube optará pela instalação de grama sintética, que resistirá aos efeitos de uma apresentação musical e/ou evento corporativo. Renato Valentim acredita que o espaço impactará uma população de aproximadamente 600 mil pessoas nos municípios no entorno de Manhuaçu, que conta com 91 mil habitantes.
“Hoje não tem área de evento na região. São 600 mil pessoas sem local para eventos. É um potencial muito grande oferecer isso (…). Em cima dos vestiários há uma área em que podem ser feitos shows para 2.500 pessoas. Pode ser usada como camarote nos jogos, em dias de shows é usado como palco, atrás do palco tem um mezanino. Se não tiver show e jogo, pode virar balada, área de festa de casamento, de aniversário, pode ser feito tudo ali. Tem cozinha industrial embaixo do vestiário, ficará permanente, as pessoas podem fazer entrega. Em cima do palco são quatro bares, há banheiros embaixo e em cima, é uma estrutura que não tem no Brasil. Faremos algo diferente do que foi visto no Brasil”.
Imagens das obras do palco para shows e eventos
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Obras na Arena Boston City, em ManhuaçuFoto: Thales Avelino
Grama sintética
Com relação ao gramado sintético, Valentim destacou a economia na manutenção e a melhor qualidade em comparação à grama natural sujeita a apresentar buracos e irregularidades. O Boston City contratou a empresa Soccer Grass, a mesma que fez a instalação no Allianz Parque, estádio do Palmeiras.
“Nos Estados Unidos, os gramados são todos sintéticos. Sou fã da grama sintética, acho muito interessante. Os jogos que vemos no Brasil na grama natural são uma vergonha. Os caras falam da grama sintética, mas jogam num gramado cheio de buraco, sem grama. Vão falar o quê? Não faz sentido”.
Renato Valentim
“Acho muito interessante a grama sintética, principalmente no caso do Boston City, que será um estádio multiuso. Não tem como colocar grama natural e cobrir ela como ocorre no Mineirão e no estádio do Atlético. Cobre a grama, ela morre, fica amarela, não cresce como precisa, não fica perfeita para desempenhar um bom futebol. A melhor solução é a grama sintética. Haverá consistência na qualidade e na manutenção do gramado. E é mais barato para o clube em termos de manutenção”.
Estádios construídos ou reformados nos últimos anos em Minas
Arena MRV: construída no bairro Califórnia, em Belo Horizonte, é a casa do Atlético. Tem capacidade para 46 mil pessoas e conta com 112 camarotes, 42 bares e lanchonetes, cerca de 2.300 vagas de estacionamento e sete cozinhas. As obras no estádio duraram cerca de três anos, entre abril de 2020 e abril de 2023. O custo superou R$ 1 bilhão.
Almeidão: fechado para reforma por mais de 500 dias entre 2022 e 2023, o Estádio Antônio Guimarães de Almeida, do Tombense, teve a capacidade ampliada de 3.050 para 6.555 espectadores. Além de aumentar o espaço ao público, o clube modernizou vestiários, instalações para a imprensa e sistema de iluminação. O investimento girou em torno de R$ 2,5 milhões.
Pedro Alves do Nascimento: o estádio da Prefeitura de Patrocínio sedia jogos do Patrocinense e conta atualmente com quase 8 mil lugares. No fim de 2017, a administração municipal anunciou a conclusão das reformas nas arquibancadas, cobertura, gramado e alambrado, além da instalação de torres de iluminação e área para as torcidas visitantes, com entrada própria, banheiros e bar.
Soares de Azevedo: localizado em Muriaé, na Zona da Mata de Minas Gerais, pode receber mais de 13 mil espectadores, conforme laudo de segurança da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. A construção do espaço durou cinco anos, entre 2009 e 2014, e os R$ 8,5 milhões empenhados no projeto ficaram a cargo do Nacional Atlético Clube, proprietário da arena.
Mineirão: esteve fechado entre junho de 2010 e dezembro de 2012 para adequações visando à Copa do Mundo de 2014. Os R$ 666 milhões aplicados nas intervenções no estádio foram obtidos por parceria público-privada do governo estadual com a Minas Arena. O Gigante da Pampulha tem 62 mil lugares em jogos de futebol e comporta 65 mil pessoas em shows na esplanada.
Independência: o estádio do América passou por remodelação de janeiro de 2010 a março de 2012. O governo de Minas Gerais bancou cerca de R$ 146 milhões, e o espaço passou por profunda transformação: ganhou cadeiras e cobertura em todos os setores, bem como contou com três níveis de arquibancadas e camarotes. A Arena Independência tem 23 mil lugares.
Arena do Calçado: o estádio em Nova Serrana, cidade de 105 mil habitantes no Centro-Oeste de Minas, foi inaugurado em março de 2012. Sua capacidade era para 10 mil torcedores, porém os laudos recentes de segurança autorizavam a presença de pouco mais de 6.300 pessoas. As obras orçadas em mais de R$ 3 milhões foram financiadas com dinheiro público.