Inaugurada em agosto de 2023, a Arena MRV apresenta problemas que têm decepcionado a torcida do Atlético e gerado fortes críticas à diretoria do clube. Um dos principais está ligado à acústica do estádio, que não permite com que os cânticos dos atleticanos sejam reverberados como se esperava antes da construção. CEO do Galo, Bruno Muzzi explicou o que a gestão alvinegra tem feito para tentar solucionar esse desafio.
“Estamos fazendo os estudos que ficam prontos até o fim do ano para poder ver qual o material que devemos utilizar para colocar embaixo das telhas – as grandes vilãs da história. Aquelas telhas são perfuradas e têm as camadas de lã de rocha, que foi uma obrigação. Eu tenho que falar isso: foi uma obrigação de licenciamento, precisávamos manter 95 decibéis dentro da Arena”, iniciou Muzzi em entrevista ao programa Filhos da Pauta, da Rádio 98, nessa sexta-feira (23/8).
“A cobertura inicial não era com essas telhas. Era um outro tipo de cobertura, então tivemos que refazer. Agora estamos olhando que tipo de material, como ele se comporta, para colocarmos por baixo dessa telha perfurada, para que o som não seja tão absorvido como ele é na Arena MRV”, prosseguiu.
O projeto da Arena MRV, segundo os idealizadores, foi concebido para proporcionar um “efeito caldeirão” na parte de dentro, sem que o som incomodasse a vizinhança. Respeitar um determinado nível de decibéis nos arredores do estádio era obrigatório para que o Atlético obtivesse o licenciamento junto à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Por isso, o clube optou pela instalação da “lã de rocha” nas coberturas do estádio.
O material de revestimento auxilia na proteção termoacústica da Arena MRV. Trata-se de um tipo de fibra, extraída de rochas basálticas especiais e de outros minerais.
“Fizemos até um teste muito bacana, no qual fizemos uma sala acústica lá na Arena, com as dimensões adequadas, com revestimento de piso, e toda padronizada para dar o maior nível de reverberação possível. Quando você entra dentro dessa sala, é praticamente uma ‘sala de tortura’. Você não consegue ficar lá dentro com a sua voz natural, de tanto que reverbera. Quando colocamos a telha, um protótipo da nossa telha dentro dessa sala acústica, o barulho some.”
Bruno Muzzi, CEO do Atlético e da Arena MRV
Alternativa para o problema acústico da Arena MRV
No início de julho, Bruno Muzzi revelou em entrevista coletiva outra alternativa utilizada pelo Atlético para tentar resolver o problema acústico da Arena MRV. À época, o dirigente anunciou que o Galo havia instalado um sistema de captação de som que leva o nome de “voice lift” – “elevador de voz”, em tradução literal ao português.
“Estamos usando um sistema chamado voice lift, usado em diversos estádios mais modernos em função do tipo de cobertura. Esse sistema é uma captação sonora que faz com que o som captado seja distribuído ao longo do estádio nos mesmos tempos. Ou seja, para ter essa uniformidade, quem está mais perto recebe o som mais rápido, e quem está mais atrás recebe o som mais demorado. Na hora que isso acontece, existe a coordenação. A gente fez o primeiro teste no jogo contra o Flamengo e houve uma percepção de melhoria. Tivemos 105dB”, disse àquela altura.
Enquanto trabalha para aprimorar a acústica da Arena MRV, o Atlético também tenta oferecer melhores condições de jogo no estádio. O clube passará, ao todo, 22 dias sem mandar jogos no local para aprimorar o gramado.