22/11/2024
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‘Foi um exagero’ < No Ataque

Rodrigo Santana em ato antidemocrático (foto: Samara Miranda/ASCOM Remo)

Antes de conquistar o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro com o Remo, o técnico Rodrigo Santana viveu momento conturbado na carreira. A grande polêmica se deu em dezembro de 2022, quando o Corinthians desistiu de contratá-lo como auxiliar de Fernando Lázaro, que comandou o time no início de 2023, em função da repercussão de uma foto do treinador em um ato antidemocrático na porta de um quartel de Belo Horizonte.

Passados quase dois anos do ocorrido, Rodrigo Santana entende que sofreu uma “cobrança desleal”. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, o treinador contou como encarou a situação.

“Até hoje eu acho que foi exagero, uma cobrança, uma pressão muito grande, desleal. Se fosse só comigo estava bom, mas eles vão pra cima de família, (fazem) ameaças. Estava muito extremo naquele momento, e acabei perdendo uma oportunidade incrível. Foi quando eu recuei para entender o que vinha acontecendo, respeitei a decisão do Corinthians, eles estavam me contratando, foi uma grande oportunidade. Sei que eu também poderia contribuir bastante com o clube, tive as minhas oportunidade de trabalhar fora, no exterior, com a cabeça boa. Quem me conhece, quem sabe o dia a dia, sabe quem eu sou, como eu sou. Sigo trabalhando”, iniciou o treinador.

A foto foi tirada em 2 de novembro, três dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer o segundo turno das eleições contra Jair Bolsonaro (PL), que havia ocupado o cargo nos quatro anos anteriores. O ato era formado por apoiadores de Bolsonaro, que faziam pedidos de intervenção militar e questionavam o resultado das urnas.

Story publicado por Rodrigo Santana em ato antidemocrático - (foto: Reprodução)
Story publicado por Rodrigo Santana em ato antidemocrático (foto: Reprodução)

Diante da polêmica no Brasil, Rodrigo Santana decidiu trabalhar no exterior. Em 2023, ele esteve mp RANS Nusantara, da Indonésia, mas fez apenas cinco jogos. Na sequência, ele assumiu o boliviano Vaca Díez, clube que ele comandou em 13 ocasiões.

Em 2024, Rodrigo retornou ao futebol nacional. No começo da temporada, pelo Athletic, disputou o Campeonato Mineiro e a primeira fase da Copa do Brasil. Ao fim do Estadual, ele deixou o time de São João del-Rei. Em maio, ele chegou ao Remo com a missão de afastar os paraenses do rebaixamento na Série C. Superando as expectativas, o treinador comandou a equipe na campanha de acesso à Segunda Divisão.

“No Athletic não tive nenhum problema. Aqui (no Remo) também (não). Quando eu cheguei, existia algum burburinho, mas isso passa. Vão vendo como eu sou, acabou que teve o acesso, todo mundo ficou feliz. O principal é o clube, que sempre é o maior, acho que não pode misturar as coisas. Tem que trabalhar, ser profissional, independente do que o cara é, do que deixa de ser, entender que hoje você não pode opinar em nada. Nós que somos pessoas públicas, quanto mais neutro possível, quanto mais calado, é melhor. Hoje nem rede social já não tenho mais. Porque eu sei que o pessoal dá um print, polemiza, as pessoas interpretam e muitas das vezes não tendo conhecimento real da situação, acaba julgando por algo que você não é”

Rodrigo Santana, técnico do Remo

Rodrigo Santana teve retomada no Remo

Em meio às turbulências, Rodrigo Santana foi anunciado pelo Remo em 23 de maio. Naquela altura, o Leão somava quatro derrotas, um empate e uma vitória em seis jogos na Série C. O desempenho colocava o time na 17ª posição.

“Cheguei aqui no momento em que a pressão estava muito grande. O Remo é um time grande que não comportava mais permanecer na Série C. A diretoria viu a equipe iniciar o campeonato com três derrotas. Já não vinha de um bom início de ano, sendo até ameaçado pelo próprio rebaixamento, e aí foi quando me fizeram o convite”, iniciou, ao No Ataque.

A estreia foi contra o Sampaio Correia, em 1º de junho, pela sétima rodada. Na ocasião, os comandados de Rodrigo Santana venceram o duelo por 2 a 1.

Sob o comando do técnico, o Remo somou nove vitórias, quatro empates e cinco derrotas. O desempenho, para além de livrar do rebaixamento, serviu para colocar o time no grupo dos oitos classificados à segunda fase da Série C. O oitavo lugar foi assumido na penúltima rodada, com vitória por 3 a 0 sobre o Londrina.

A vaga na segunda fase foi garantida no último jogo, quando o Remo empatou por 0 a 0 com o rebaixado São José, no Passo d’Areia, em Porto Alegre.

“O resultado foi vindo, eles foram ganhando confiança, confiando mais no nosso trabalho. E acabou que na última volta a gente conseguiu classificar.  Viemos naquela situação de se livrar do rebaixamento, quando a gente percebeu que dava para livrar do rebaixamento, a gente (pensou): ‘Pô, acho que dá pra classificar.’ E fomos acreditando. E na última rodada a gente conseguiu coroar. Essa classificação na última rodada, em um jogo dificílimo, no Sul. E entramos no quadrangular, e graças a Deus as coisas foram muito boas.”

Rodrigo Santana, técnico do Remo

Na segunda fase, o Remo caiu no Grupo A, juntamente com Volta Redonda, Botafogo-PB e São Bernardo. Foram duas vitórias, três empates e somente uma derrota. Os nove pontos garantiram o segundo lugar aos paraenses e, consequentemente, a vaga na Série B da próxima temporada. Era a redenção, em campo, do time e do comandante.

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