06/03/2025
20:25

Ex-jogador do Atlético é processado por sócio em complexo esportivo; entenda o caso

Ex-jogador do Atlético é processado por sócio em complexo esportivo; entenda o caso

Rafael Moura, de 41 anos, que se destacou no futebol brasileiro com as camisas de Fluminense e Goiás e jogou em Minas Gerais por Atlético e América. José Victor Porcaro Ribeiro, de 38 anos, proprietário de uma imobiliária especializada na venda de casas e apartamentos de luxo na capital mineira, entrou em litígio com o atleta por causa de um desacerto na sociedade de um complexo esportivo.

O empreendimento fica no Espaço 356, no Bairro Olhos D’Água, perto do Belvedere e de Nova Lima, na Região Oeste de BH. No local há quadras de beach tennis, padel e pickleball – modalidades que reúnem fundamentos de tênis, badminton e tênis de mesa. A Arena RM, alusiva às iniciais do nome de Rafael Moura, tem como sócia a RAJ Super Arena Esportiva Ltda, empresa da qual José Victor detém 8% do capital – o restante está dividido entre o ex-jogador (77%) e Antônio Marcos Teixeira Dias Rodrigues (15%). As iniciais dos nomes de cada um dos três sócios formam a sigla “RAJ”.

Devido à abertura de um novo CNPJ antes da realização de um torneio internacional de beach tennis, em maio do ano passado, o ex-jogador de Atlético e América foi acusado de estelionato por José Victor. A ação de 7 de novembro de 2024 corre na 4ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte.

O documento de mais de 200 páginas ao qual o No Ataque teve acesso traz as alegações do empresário, bem como contratos sociais, extratos bancários, projeto arquitetônico e de engenharia do complexo e diversas conversas de WhatsApp com o jogador.

Representado pelo advogado Deyvid Corrêa da Silva, Rafael Moura refuta os argumentos de José Victor Porcaro, trata o caso como desacordo comercial e promete tomar medidas jurídicas quanto à denúncia de estelionato.

Como tudo começou?

Tudo começou em maio de 2023, quando José Victor Porcaro e Rafael Moura se conheceram em um evento de beach tennis em Nova Lima, na Grande BH. O ex-jogador, que havia encerrado a carreira em 2021, pelo Botafogo, tinha planos de investir parte do dinheiro que ganhou no futebol na construção de um espaço para a prática esportiva – desde que se aposentou, o “He-Man” tem se dedicado profissionalmente ao tênis de praia e hoje ocupa a posição 786 do ranking mundial.

Vorcaro se propôs a buscar investidores para ajudarem na construção da arena idealizada e pediu, como contrapartida, uma comissão de 17% sobre o valor captado – que viria a ser convertida em participação societária de 8%.

Em junho e julho de 2023, Porcaro viabilizou reuniões com a EPO Engenharia, que entrou no negócio como sócia oculta. Inicialmente, a companhia injetaria R$ 2,8 milhões nas obras do complexo em troca de 40% de participação na RAJ Super Arena Esportiva Ltda. Porém, o valor subiu para quase R$ 6,7 milhões devido a alterações significativas no projeto. Assim, os mais de R$ 4,4 milhões restantes ficariam a cargo de Rafael Moura, Antônio Marcos e José Victor. O custo da construção, portanto, foi fechado em R$ 11,1 milhões.

As divergências

Prints de WhatsApp anexados ao processo mostram divergências entre as partes. Em 8 de abril de 2024, Rafael Moura afirmou que José Victor Porcaro “não vinha trabalhando em funções pré-determinadas no acordo” e que por isso estava sujeito a ser excluído da sociedade da Arena RM.

“Estou completamente insatisfeito com sua entrega. Mais uma vez, menciono que somente o aporte não te credencia como sócio. Caso não melhore sua questão de trabalho, você será ressarcido apenas pelo valor dos aportes e sairá da sociedade!”, disparou o ex-jogador de Atlético e América.

José Victor questionou Rafael e ressaltou ter sido o responsável pela intermediação com a EPO Engenharia. Por isso, colocou-se à disposição para deixar a sociedade, desde que o ex-jogador arcasse com os 17% de comissão calculados em cima dos R$ 6,7 milhões obtidos com a construtora (em torno de R$ 1,1 milhão). O empresário pontuou que a EPO só acreditou no projeto graças ao relacionamento de mais de 25 anos da empresa com a família dele.

“Você tinha um projeto que ia custar R$ 3 milhões e o meu relacionamento trouxe para você um parceiro que transformou o seu sonho em um empreendimento cinematográfico de quase oito mil metros quadrados construídos, num lugar 100 vezes melhor que o Outlet, que passou dos 11 milhões de reais e está tornando realidade o seu sonho na melhor arena de beach tennis do mundo”, disse José.

Moura discordou do valor de R$ 6,7 milhões e se dispôs a pagar a comissão de 17% com base nos R$ 2,8 milhões iniciais – que daria R$ 476 mil. “Você é super bem-vindo como comissionado. Como sócio, não dá mais”. O empresário rejeitou as condições por considerar que o ex-jogador não estava cumprindo o combinado e afirmou que seguiria no negócio.

O motivo do processo

Uma das razões pelas quais José Victor Porcaro decidiu processar Rafael Moura foi a abertura de uma nova empresa, a RAF Arena Esportiva Ltda, em 22 de abril de 2024, tendo somente o ex-jogador de futebol como sócio. Nessa época, a Arena RM estava prestes a sediar os torneios ITF de Beach Tennis e Beach Tennis Tour. Em depoimento à reportagem de No Ataque, o empresário justificou a opção pela esfera criminal. Ele chamou atenção para a falta de movimentação bancária na RAJ entre os dias 12 de abril e 20 de maio.

“O processo de estelionato se deu porque o Rafael Moura agiu de má-fé e enganou utilizando de meios fraudulentos, todos os sócios da Arena RM, de propriedade da RAJ Super Arena Esportiva LTDA, para obter vantagens indevidas. O primeiro indício foi a abertura pelo Rafael, de uma nova empresa (RAF Arena Esportiva) da qual somente ele é sócio, com a mesma razão social Arena RM e desviar para essa empresa todos os recursos de patrocínio das empresas que patrocinaram os torneios internacionais de Beach Tennis realizados na Arena RM de 4 a 12 de maio de 2024.”

José Victor Porcaro, ao No Ataque

“Inclusive, ele é confesso, pois em manifestação dentro do processo, ele afirmou que abriu a empresa com a justificativa de realizar os torneios internacionais. Porém, a RAJ Super Arena Esportiva era a dona dos eventos, tendo, inclusive, pagado os R$ 50.000,00 de premiação que garantiram o direito da RAJ realizar os torneios. Não havia qualquer impedimento em relação à RAJ que impedisse a realização dos eventos pela empresa. Nada justificaria a abertura de uma empresa nova, escondido dos sócios, pra realizar esses eventos. Isso escancara o que demonstra a má-fé e a intenção do Rafael Moura de ludibriar os sócios, causando prejuízos. Tudo o que estou aqui narrando nos autos o Ministério Público já manifestou no processo favorável à instauração do inquérito policial”, prosseguiu.

Porcaro não descarta ingressar com ação também na Vara Cível. “O parceiro que viabilizou a Arena RM foi eu trouxe, que eu busquei e que através do meu trabalho acreditou no projeto, investindo uma quantia alta. O Rafael Moura sequer conhecia o diretor e os donos da empresa. É uma empresa parceira que tem relação com a minha família há mais de 25 anos. Essa informação está bastante clara na documentação que se encontra nos autos e que também irá instruir o processo cível.”

O que diz a defesa de Rafael Moura?

Dentro do processo, a defesa de Rafael Moura disse que a empresa foi constituída somente para atuar na organização do torneio. Por meio de seu advogado, o jogador esclareceu que “tinha total intenção de compartilhar os lucros do evento com os demais sócios”, porém “o evento amargou relevantes prejuízos”. Ainda acrescentou que José Victor faz pressão por um acordo através de uma ação criminal, sendo que o imbróglio deveria ser discutido na esfera cível.

“O evento foi inicialmente realizado pela RAJ, cujo Representante foi sócio administrador responsável perante a Receita Federal do Brasil, de modo que toda a gestão e autorizações necessárias para regularização e realização do evento dependia de sua atuação, na qualidade de sócio administrador.”

“Todavia, ele simplesmente ignorou diversos chamados para colaborar na sua organização. Inclusive, ignorou solicitações enviadas pelo Representado e simplesmente se ausentou daquela atividade, o que prejudicaria a própria sociedade.

Assim, já tendo se comprometido com a federação esportiva respectiva, temendo o dano irreparável à reputação da empresa recém-criada, bem como temendo as penalidades contratuais respectivas, o Representado criou a RAF às pressas para permitir a realização do evento. Este foi o único motivo da criação desta pessoa jurídica.”

“Não obstante, o Representado tinha total intenção de compartilhar os lucros do evento com os demais sócios. Ocorre que o evento amargou relevantes prejuízos.

Assim, a constituição desta empresa foi somente o meio utilizado pelo Representado para salvar o evento de relevante expressão no mercado do Beach Tennis, visando proteger o nome de sua nova empresa e fugir das penalidades contratuais que incorreria caso não cumprisse com suas obrigações.”

Nota de esclarecimento

Além de extrair as manifestações no processo, o No Ataque conversou com Rafael Moura e o advogado Deyvid Corrêa da Silva. Perguntados sobre o período em que a empresaficou sem fazer movimentações na conta, eles afirmaram “não ter nada a dizer com relação a esse ponto”, pois já estaria “esclarecido de que trata-se de um desacordo comercial”, não havendo, para os dois, “nenhum resaldo ou substância para a medida que José está tomando”.

Rafael e Deyvid reiteraram o entendimento de que o caso se remete à esfera cível, e não criminal, e optaram pela elaboração de uma nota de esclarecimento, que pode ser lida abaixo.

Rafael Moura, desde já, repudia com veemência, as alegações do José Victor Porcaro, uma vez que estas são absolutamente infundadas e desprovidas de qualquer respaldo fático ou jurídico e complementarmente alheia à realidade dos fatos.

Esclarece, ainda, que a questão que originou a presente controvérsia é um mero desacordo  comercial, relativo a questões empresariais entre as partes, as quais mantêm vínculo societário, e não configura qualquer infração penal, não configurando em nenhum momento a prática de estelionato, como erroneamente alegado.

O ajuizamento de ação judicial com o intuito de imputar crime de estelionato ao Rafael Moura configura-se, em verdade, como mais uma tentativa de pressão indevida pelo José Victor Porcaro, visando forçar o Rafael Moura a ceder a um acordo e obter vantagens que, com plena ciência, sabe não ter o direito de pleitear. A imputação de estelionato, sendo, por sua natureza, uma acusação de fraude e dolo, representa um ataque à sua integridade moral, com danos irreparáveis.

Informamos, por fim, que, em virtude disso, o Rafael Moura e sua assessoria legal tomarão todas as medidas jurídicas pertinentes e cabíveis, em defesa da sua honra, dignidade e imagem, em face de qualquer falsa acusação que atente contra a sua integridade moral e profissional. A falsa imputação de crime é gravemente danosa à sua reputação e será combatida com todos os recursos legais disponíveis, visando à  responsabilização do José Victor Porcaro e de todos os responsáveis pela propagação de tais inverdades.

O complexo esportivo

A Arena RM tem 15 quadras de beach tennis – uma delas, a central, tem arquibancadas -, seis quadras de padel e três de pickeball. O espaço, que já recebeu diversos torneios, tem 7.268 metros quadrados de área construída e intitula-se “a maior arena de esportes de raquete de Belo Horizonte”.

O empreendimento de Rafael Moura oferece serviços como locação de quadras por hora e aulas nos níveis iniciante, intermediário e avançado para públicos de todas as idades.

A arena também possui restaurante panorâmico, bar com opções de bebidas alcoólicas e não alcóolicas, petiscos e refeições, e oferece a possibilidade de sediar festas de pessoas e empresas. É possível pagar pelo “day use” do local, ou seja, o visitante desembolsa um valor determinado e pode usar os serviços do estabelecimento ao longo de todo o dia.

Carreira de Rafael Moura

Natural de Belo Horizonte, Rafael Moura iniciou carreira nas categorias de base do Cruzeiro, em 1991. No ano seguinte, deixou o clube celeste e foi para o arquirrival Atlético, time do coração dele e de toda a família, pelo qual estreou como profissional em 2003, aos 19 anos, após passagem de três anos pelo Sub-17 e o Sub-20 do Villa Nova.

O apelido pelo qual Rafael é conhecido, “He-Man”, foi dado a ele no Corinthians, em 2006, devido à semelhança apontada entre o atacante – que, à época, tinha cabelos loiros na altura do ombro – e o herói que protagonizava desenho animado.

Os dois times pelos quais o belo-horizontino mais se destacou foram o Goiás e o Fluminense. No Esmeraldino, ele foi artilheiro e vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2010 e acumulou 47 gols em 109 partidas, divididas em duas passagens (2010 e 2019 a 2020). Já no tricolor, fez 28 gols em 75 partidas durante duas passagens (2007 e 2011 a 2012) e conquistou os principais títulos da carreira: a Copa do Brasil (2007) e o Brasileiro (2012).

Rafael retornou ao Atlético em 2017, aos 33 anos. Ele sagrou-se campeão mineiro naquele ano e foi um importante reserva ao longo da temporada, anotando 10 gols em 49 jogos. Em dezembro, ele deixou o alvinegro e fechou com o América – no alviverde, fez nove gols em 40 partidas em 2018. Quatro anos depois, aos 39 anos, He-Man anunciou aposentadoria – o último time que defendeu foi o Botafogo, em 2021, onde conquistou o título da Série B.

Números da carreira do ‘He-Man’

  • 582 partidas oficiais
  • 176 gols
  • 12 times como profissional: Atlético (2003 a 2004 e 2017), Vitória (2004), Paysandu (2005), Corinthians (2006), Lorient-FRA (2007/2008), Athletico-PR (2008 a 2009), Fluminense (2007 e 2011 a 2012), Internacional (2012 a 2015), Figueirense (2016), América (2018), Goiás (2010 e 2019 a 2020) e Botafogo (2021)
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Um empresário de Belo Horizonte abriu processo contra o ex-centroavante Rafael Moura, de 41 anos, que se destacou no futebol brasileiro com as camisas de Fluminense e Goiás e jogou em Minas Gerais por Atlético e América. José Victor Porcaro Ribeiro, de 38 anos, proprietário de uma imobiliária especializada na venda de casas e apartamentos de luxo na capital mineira, entrou em litígio com o atleta por causa de um desacerto na sociedade de um complexo esportivo.

O empreendimento fica no Espaço 356, no Bairro Olhos D’Água, perto do Belvedere e de Nova Lima, na Região Oeste de BH. No local há quadras de beach tennis, padel e pickleball – modalidades que reúnem fundamentos de tênis, badminton e tênis de mesa. A Arena RM, alusiva às iniciais do nome de Rafael Moura, tem como sócia a RAJ Super Arena Esportiva Ltda, empresa da qual José Victor detém 8% do capital – o restante está dividido entre o ex-jogador (77%) e Antônio Marcos Teixeira Dias Rodrigues (15%). As iniciais dos nomes de cada um dos três sócios formam a sigla “RAJ”.

Devido à abertura de um novo CNPJ antes da realização de um torneio internacional de beach tennis, em maio do ano passado, o ex-jogador de Atlético e América foi acusado de estelionato por José Victor. A ação de 7 de novembro de 2024 corre na 4ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte.

O documento de mais de 200 páginas ao qual o No Ataque teve acesso traz as alegações do empresário, bem como contratos sociais, extratos bancários, projeto arquitetônico e de engenharia do complexo e diversas conversas de WhatsApp com o jogador.

Representado pelo advogado Deyvid Corrêa da Silva, Rafael Moura refuta os argumentos de José Victor Porcaro, trata o caso como desacordo comercial e promete tomar medidas jurídicas quanto à denúncia de estelionato.

Como tudo começou?

Tudo começou em maio de 2023, quando José Victor Porcaro e Rafael Moura se conheceram em um evento de beach tennis em Nova Lima, na Grande BH. O ex-jogador, que havia encerrado a carreira em 2021, pelo Botafogo, tinha planos de investir parte do dinheiro que ganhou no futebol na construção de um espaço para a prática esportiva – desde que se aposentou, o “He-Man” tem se dedicado profissionalmente ao tênis de praia e hoje ocupa a posição 786 do ranking mundial.

Vorcaro se propôs a buscar investidores para ajudarem na construção da arena idealizada e pediu, como contrapartida, uma comissão de 17% sobre o valor captado – que viria a ser convertida em participação societária de 8%.

Em junho e julho de 2023, Porcaro viabilizou reuniões com a EPO Engenharia, que entrou no negócio como sócia oculta. Inicialmente, a companhia injetaria R$ 2,8 milhões nas obras do complexo em troca de 40% de participação na RAJ Super Arena Esportiva Ltda. Porém, o valor subiu para quase R$ 6,7 milhões devido a alterações significativas no projeto. Assim, os mais de R$ 4,4 milhões restantes ficariam a cargo de Rafael Moura, Antônio Marcos e José Victor. O custo da construção, portanto, foi fechado em R$ 11,1 milhões.

As divergências

Prints de WhatsApp anexados ao processo mostram divergências entre as partes. Em 8 de abril de 2024, Rafael Moura afirmou que José Victor Porcaro “não vinha trabalhando em funções pré-determinadas no acordo” e que por isso estava sujeito a ser excluído da sociedade da Arena RM.

“Estou completamente insatisfeito com sua entrega. Mais uma vez, menciono que somente o aporte não te credencia como sócio. Caso não melhore sua questão de trabalho, você será ressarcido apenas pelo valor dos aportes e sairá da sociedade!”, disparou o ex-jogador de Atlético e América.

José Victor questionou Rafael e ressaltou ter sido o responsável pela intermediação com a EPO Engenharia. Por isso, colocou-se à disposição para deixar a sociedade, desde que o ex-jogador arcasse com os 17% de comissão calculados em cima dos R$ 6,7 milhões obtidos com a construtora (em torno de R$ 1,1 milhão). O empresário pontuou que a EPO só acreditou no projeto graças ao relacionamento de mais de 25 anos da empresa com a família dele.

“Você tinha um projeto que ia custar R$ 3 milhões e o meu relacionamento trouxe para você um parceiro que transformou o seu sonho em um empreendimento cinematográfico de quase oito mil metros quadrados construídos, num lugar 100 vezes melhor que o Outlet, que passou dos 11 milhões de reais e está tornando realidade o seu sonho na melhor arena de beach tennis do mundo”, disse José.

Moura discordou do valor de R$ 6,7 milhões e se dispôs a pagar a comissão de 17% com base nos R$ 2,8 milhões iniciais – que daria R$ 476 mil. “Você é super bem-vindo como comissionado. Como sócio, não dá mais”. O empresário rejeitou as condições por considerar que o ex-jogador não estava cumprindo o combinado e afirmou que seguiria no negócio.

O motivo do processo

Uma das razões pelas quais José Victor Porcaro decidiu processar Rafael Moura foi a abertura de uma nova empresa, a RAF Arena Esportiva Ltda, em 22 de abril de 2024, tendo somente o ex-jogador de futebol como sócio. Nessa época, a Arena RM estava prestes a sediar os torneios ITF de Beach Tennis e Beach Tennis Tour. Em depoimento à reportagem de No Ataque, o empresário justificou a opção pela esfera criminal. Ele chamou atenção para a falta de movimentação bancária na RAJ entre os dias 12 de abril e 20 de maio.

“O processo de estelionato se deu porque o Rafael Moura agiu de má-fé e enganou utilizando de meios fraudulentos, todos os sócios da Arena RM, de propriedade da RAJ Super Arena Esportiva LTDA, para obter vantagens indevidas. O primeiro indício foi a abertura pelo Rafael, de uma nova empresa (RAF Arena Esportiva) da qual somente ele é sócio, com a mesma razão social Arena RM e desviar para essa empresa todos os recursos de patrocínio das empresas que patrocinaram os torneios internacionais de Beach Tennis realizados na Arena RM de 4 a 12 de maio de 2024.”

José Victor Porcaro, ao No Ataque

“Inclusive, ele é confesso, pois em manifestação dentro do processo, ele afirmou que abriu a empresa com a justificativa de realizar os torneios internacionais. Porém, a RAJ Super Arena Esportiva era a dona dos eventos, tendo, inclusive, pagado os R$ 50.000,00 de premiação que garantiram o direito da RAJ realizar os torneios. Não havia qualquer impedimento em relação à RAJ que impedisse a realização dos eventos pela empresa. Nada justificaria a abertura de uma empresa nova, escondido dos sócios, pra realizar esses eventos. Isso escancara o que demonstra a má-fé e a intenção do Rafael Moura de ludibriar os sócios, causando prejuízos. Tudo o que estou aqui narrando nos autos o Ministério Público já manifestou no processo favorável à instauração do inquérito policial”, prosseguiu.

Porcaro não descarta ingressar com ação também na Vara Cível. “O parceiro que viabilizou a Arena RM foi eu trouxe, que eu busquei e que através do meu trabalho acreditou no projeto, investindo uma quantia alta. O Rafael Moura sequer conhecia o diretor e os donos da empresa. É uma empresa parceira que tem relação com a minha família há mais de 25 anos. Essa informação está bastante clara na documentação que se encontra nos autos e que também irá instruir o processo cível.”

O que diz a defesa de Rafael Moura?

Dentro do processo, a defesa de Rafael Moura disse que a empresa foi constituída somente para atuar na organização do torneio. Por meio de seu advogado, o jogador esclareceu que “tinha total intenção de compartilhar os lucros do evento com os demais sócios”, porém “o evento amargou relevantes prejuízos”. Ainda acrescentou que José Victor faz pressão por um acordo através de uma ação criminal, sendo que o imbróglio deveria ser discutido na esfera cível.

“O evento foi inicialmente realizado pela RAJ, cujo Representante foi sócio administrador responsável perante a Receita Federal do Brasil, de modo que toda a gestão e autorizações necessárias para regularização e realização do evento dependia de sua atuação, na qualidade de sócio administrador.”

“Todavia, ele simplesmente ignorou diversos chamados para colaborar na sua organização. Inclusive, ignorou solicitações enviadas pelo Representado e simplesmente se ausentou daquela atividade, o que prejudicaria a própria sociedade.

Assim, já tendo se comprometido com a federação esportiva respectiva, temendo o dano irreparável à reputação da empresa recém-criada, bem como temendo as penalidades contratuais respectivas, o Representado criou a RAF às pressas para permitir a realização do evento. Este foi o único motivo da criação desta pessoa jurídica.”

“Não obstante, o Representado tinha total intenção de compartilhar os lucros do evento com os demais sócios. Ocorre que o evento amargou relevantes prejuízos.

Assim, a constituição desta empresa foi somente o meio utilizado pelo Representado para salvar o evento de relevante expressão no mercado do Beach Tennis, visando proteger o nome de sua nova empresa e fugir das penalidades contratuais que incorreria caso não cumprisse com suas obrigações.”

Nota de esclarecimento

Além de extrair as manifestações no processo, o No Ataque conversou com Rafael Moura e o advogado Deyvid Corrêa da Silva. Perguntados sobre o período em que a empresaficou sem fazer movimentações na conta, eles afirmaram “não ter nada a dizer com relação a esse ponto”, pois já estaria “esclarecido de que trata-se de um desacordo comercial”, não havendo, para os dois, “nenhum resaldo ou substância para a medida que José está tomando”.

Rafael e Deyvid reiteraram o entendimento de que o caso se remete à esfera cível, e não criminal, e optaram pela elaboração de uma nota de esclarecimento, que pode ser lida abaixo.

Rafael Moura, desde já, repudia com veemência, as alegações do José Victor Porcaro, uma vez que estas são absolutamente infundadas e desprovidas de qualquer respaldo fático ou jurídico e complementarmente alheia à realidade dos fatos.

Esclarece, ainda, que a questão que originou a presente controvérsia é um mero desacordo  comercial, relativo a questões empresariais entre as partes, as quais mantêm vínculo societário, e não configura qualquer infração penal, não configurando em nenhum momento a prática de estelionato, como erroneamente alegado.

O ajuizamento de ação judicial com o intuito de imputar crime de estelionato ao Rafael Moura configura-se, em verdade, como mais uma tentativa de pressão indevida pelo José Victor Porcaro, visando forçar o Rafael Moura a ceder a um acordo e obter vantagens que, com plena ciência, sabe não ter o direito de pleitear. A imputação de estelionato, sendo, por sua natureza, uma acusação de fraude e dolo, representa um ataque à sua integridade moral, com danos irreparáveis.

Informamos, por fim, que, em virtude disso, o Rafael Moura e sua assessoria legal tomarão todas as medidas jurídicas pertinentes e cabíveis, em defesa da sua honra, dignidade e imagem, em face de qualquer falsa acusação que atente contra a sua integridade moral e profissional. A falsa imputação de crime é gravemente danosa à sua reputação e será combatida com todos os recursos legais disponíveis, visando à  responsabilização do José Victor Porcaro e de todos os responsáveis pela propagação de tais inverdades.

O complexo esportivo

A Arena RM tem 15 quadras de beach tennis – uma delas, a central, tem arquibancadas -, seis quadras de padel e três de pickeball. O espaço, que já recebeu diversos torneios, tem 7.268 metros quadrados de área construída e intitula-se “a maior arena de esportes de raquete de Belo Horizonte”.

O empreendimento de Rafael Moura oferece serviços como locação de quadras por hora e aulas nos níveis iniciante, intermediário e avançado para públicos de todas as idades.

A arena também possui restaurante panorâmico, bar com opções de bebidas alcoólicas e não alcóolicas, petiscos e refeições, e oferece a possibilidade de sediar festas de pessoas e empresas. É possível pagar pelo “day use” do local, ou seja, o visitante desembolsa um valor determinado e pode usar os serviços do estabelecimento ao longo de todo o dia.

Carreira de Rafael Moura

Natural de Belo Horizonte, Rafael Moura iniciou carreira nas categorias de base do Cruzeiro, em 1991. No ano seguinte, deixou o clube celeste e foi para o arquirrival Atlético, time do coração dele e de toda a família, pelo qual estreou como profissional em 2003, aos 19 anos, após passagem de três anos pelo Sub-17 e o Sub-20 do Villa Nova.

O apelido pelo qual Rafael é conhecido, “He-Man”, foi dado a ele no Corinthians, em 2006, devido à semelhança apontada entre o atacante – que, à época, tinha cabelos loiros na altura do ombro – e o herói que protagonizava desenho animado.

Os dois times pelos quais o belo-horizontino mais se destacou foram o Goiás e o Fluminense. No Esmeraldino, ele foi artilheiro e vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2010 e acumulou 47 gols em 109 partidas, divididas em duas passagens (2010 e 2019 a 2020). Já no tricolor, fez 28 gols em 75 partidas durante duas passagens (2007 e 2011 a 2012) e conquistou os principais títulos da carreira: a Copa do Brasil (2007) e o Brasileiro (2012).

Rafael retornou ao Atlético em 2017, aos 33 anos. Ele sagrou-se campeão mineiro naquele ano e foi um importante reserva ao longo da temporada, anotando 10 gols em 49 jogos. Em dezembro, ele deixou o alvinegro e fechou com o América – no alviverde, fez nove gols em 40 partidas em 2018. Quatro anos depois, aos 39 anos, He-Man anunciou aposentadoria – o último time que defendeu foi o Botafogo, em 2021, onde conquistou o título da Série B.

Números da carreira do ‘He-Man’

  • 582 partidas oficiais
  • 176 gols
  • 12 times como profissional: Atlético (2003 a 2004 e 2017), Vitória (2004), Paysandu (2005), Corinthians (2006), Lorient-FRA (2007/2008), Athletico-PR (2008 a 2009), Fluminense (2007 e 2011 a 2012), Internacional (2012 a 2015), Figueirense (2016), América (2018), Goiás (2010 e 2019 a 2020) e Botafogo (2021)
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