26/10/2024
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‘Ela não é humana’ < No Ataque

Rebeca Andrade e Simone Biles, ginastas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A Netflix lançou, nesta sexta-feira (25/10), a segunda e última parte do documentário ‘O retorno de Simone Biles’, que aborda a volta da ginasta aos tablados após os ocorridos em 2021, quando ela desistiu da disputa por equipes, de competir a final do individual geral, do solo e da trave na Olimpíada de Tóquio 2020 para priorizar a saúde mental. Especificamente no último episódio, a ginasta manifestou admiração pela brasileira Rebeca Andrade.

O quarto episódio da série foca na participação de Simone Biles na final por equipes e na decisão do individual geral nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A estadunidense deixou a última edição da Olimpíada com quatro medalhas – ouro por equipes, no individual geral e no salto e prata no solo.

A equipe brasileira, formada por Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares, foi mencionada como favorita ao pódio da final por equipes. E realmente o conquistou. Com 164.497 pontos, o time terminou a disputa em terceiro lugar.

Admiração de Biles por Rebeca

Antes do individual geral, a ginasta, a equipe e os jornalistas que participaram do documentário demonstraram preocupação com Rebeca Andrade. A ‘disputa’ entre as duas se torna o ponto central do episódio por alguns minutos.

“Rebeca Andrade, do Brasil, é outra para ficar de olho. Ela é a única que pode desafiar Simone Biles aqui”, “A Rebeca Andrade é a ginasta que surgiu como uma verdadeira concorrente para Simone Biles” e “A ginástica da Andrade, como a de Simone, é tão bonita e perfeita que ela pode desafiá-la, pois apresenta dificuldade e execução” são frases que demonstram a ansiedade com a competição.

Biles também se manifestou: “Há uma parte de mim que fica ‘uh, Andrade está me dando trabalho’. Isso me estressa. Tudo se resumirá ao salto que decidirmos fazer“.

A disputa no individual geral

O individual geral premia a ginasta mais completa do mundo. Todas as participantes se apresentam em todos os aparelhos – solo, salto, barras assimétricas e trave. As notas das execuções são somadas para definir a classificação.

Em 1º de agosto, Rebeca Andrade saltou antes de Simone Biles. A brasileira executou o Cheng, que tem dificuldade de 5.60, e tirou nota 15.100. No documentário, a estadunidense detalhou o que pensou naquele momento.

“Quando ela cravou daquele jeito, pensei ‘não é possível’. Ela não é humana. Acham que eu não sou, ela que não é”

Simone Biles, ginasta

Em seguida, Biles executou o Biles II, com nota de dificuldade avaliada em 6.40, e alcançou nota 15.776. Na soma das rotações seguintes, a estadunidense se manteve à frente e garantiu o ouro – decidido apenas no solo, última apresentação. Rebeca Andrade, que não aliviou, conquistou a prata.

Rotações no individual geral

  • Salto: Simone Biles com 15.776 e Rebeca Andrade com 15.100
  • Barras assimétricas: Simone Biles com 13.773 e Rebeca Andrade com 14.666
  • Trave: Simone Biles com 14.566 e Rebeca Andrade com 14.133 
  • Solo: Simone Biles com 15.066 e Rebeca Andrade com 14.033
  • Total: Simone Biles com 59.131 e Rebeca Andrade com 57.932

Disputa entre Simone Biles e Rebeca Andrade em Paris 2024

Evidentemente, a disputa entre Simone Biles e Rebeca Andrade em Paris 2024 não parou na final por equipes e no individual geral. As duas também competiram no salto e no solo.

No salto, Biles executou o Biles II nas duas oportunidades e a média foi de 15.300. Rebeca Andrade, que já sabia da nota da companheira de profissão, tinha a opção de tentar o Yurchenko Triple Twisting (YTT), com nota de dificuldade 6,0, para tentar superar a estadunidense. No entanto, preferiu apresentação segura e somou 14.966.

No solo, a honra para a brasileira! De forma histórica, Rebeca recebeu nota 14.166, viu Biles tirar dos juízes 14.133 e conquistou o ouro.

O episódio não deu a menor atenção para a vitória de Rebeca. Por apenas dois segundos, exibiu Biles e Chiles reverenciando a brasileira no pódio – o primeiro da história da Olimpíada formado por três mulheres pretas -, mas sequer contextualizou.

Em um dos frames exibidos no fim, aparece Simone Biles com colar de cabra – no momento da premiação doo individual geral. A palavra ‘cabra’, em inglês, quer dizer ‘goat’. No mundo esportivo, é a abreviação de ‘greatest oall times’, ou ‘melhor de todos os tempos’.

Uma semana depois

Na sequência, o episódio exibe Biles celebrando a atuação em Paris uma semana depois. Momento em que a estadunidense faz algumas reflexões que levantam dúvidas acerca do futuro dela na ginástica.

“Senti um grande alivio, mas agora penso ‘meu deus, como será a vida agora?”, “O que mais vou sentir falta na ginastica é a liberdade com meu corpo. A habilidade que tenho no ginásio não é normal, mas tive que trabalhar em outras áreas da minha vida e isso me ensinou lições e me tornou quem sou hoje” e “Estamos nos despedindo de algo que amamos?” embasam tal pensamento.

Por fim, Biles diz que tem orgulho de ter sido fiel a si. “Ninguém olha para o espelho e pensa ‘preciso focar em mim e vou focar em mim’”.

Saldo de Rebeca Andrade em Paris

Rebeca Andrade fez história em Paris. A ginasta deixou o torneio com o status de maior atleta brasileira, entre homens e mulheres, na história dos Jogos Olímpicos. Subiu ao pódio quatro vezes – bronze por equipe, prata no individual geral e no salto e ouro no solo – e se tornou a maior medalhista olímpica do país.

Confira a matéria completa em: noataque.com.br