A entrevista coletiva do técnico Dorival Júnior depois da eliminação do Brasil na Copa América foi marcada por uma declaração no mínimo inusitada. O comandante da Seleção Brasileira deu a entender que a expulsão de um jogador do Uruguai na metade do segundo tempo da partida foi prejudical para a sua própria equipe.
“Depois que ficamos com um jogador a mais, nos complicamos, faltou lucidez para ter o equilíbrio de entrar pelos lados do campo”, ponderou o treinador.
Ainda segundo Dorival, a Seleção está em um processo de reconstrução após a última Copa do Mundo e, por isso, oscilações no desempenho da equipe são naturais. Em quatro jogos na Copa América, o Brasil só venceu um: bateu o Paraguai, por 4 a 1, na segunda rodada do Grupo D.
“Acho que tudo é um processo. Você naturalmente passa por dificuldades neste processo de montagem. Essa foi a primeira competição oficial depois da Copa”, avaliou.
“Distante do que queríamos, um chaveamento pesado do nosso lado, equipes que estão em um momento melhor, com tempo de trabalho maior. Natural que oscilações aconteçam dentro da competição. Você sai invicto do torneio, mas não satisfeito, pois poderíamos ter coisas melhores, por tudo que treinamos, trabalhamos. A expectativa era acima”, completou.
Diante do Uruguai, o treinador da Seleção reconheceu o esforço dos jogadores e destacou que faltou inspiração ofensiva tanto do Brasil como do Uruguai. Dorival tentou mudar o panorama da partida com substituições, especialmente quando sua equipe ficou com um homem a mais em campo, mas não foi feliz.
“Teve entrega, espírito de luta. Em momento nenhum deixamos de ir atrás do resultado, a equipe foi sempre valente. Nós tivemos coisas mais positivas que negativas ao longo desse processo. A equipe adversária soube marcar, nós abrimos o jogo, estávamos com dois homens de finta pelos lados, tentamos com movimentações, infiltrações, troca de passes. Em termo de criação, não foi um bom dia. As duas zagas prevaleceram sobre os ataques, isso foi claro durante os 90 minutos”, disse.
Futuro da Seleção Brasileira
Dorival ainda destacou que viu mais pontos positivos do que negativos na Seleção Brasileira ao longo da Copa América. Com a eliminação nas quartas de final, a preparação da comissão técnica se volta para as Eliminatórias da Copa do Mundo, que retornam em setembro.
“Acho que é um trabalho moroso, de paciência. Tudo que queremos é acelerar tudo isso para que a gente volte a ter essa equipe que o torcedor espera. Nosso sentimento, o que estamos olhando, é importante. Precisamos alinhar tudo isso, sentar com a CBF, conversar sobre tudo que se passou. Tivemos coisas bem positivas ao longo desse processo, tanto nos treinos como nos jogos. Não foi o resultado que queríamos, chamo a responsabilidade para o treinador, mas não tenho dúvidas que essa equipe tem muito a evoluir”, finalizou Dorival.
Veja outros trechos da coletiva de Dorival
Esquema sem centroavante
“Aproveitam o máximo possível o que cada atleta vinha desempenhando em seus clubes. Mantivemos nesses jogos iniciais, não tínhamos um homem de área. Evanilson teve apenas uma oportunidade, agora. Reconheço isso. Mas era uma forma de jogar que vinha dando certo, um entendimento interessante, a gente vinha criando muitas oportunidades. Isso criou condição para insistir nesse tipo de formação, até porque a gente vinha tendo resultados”.
Jogo de Endrick
“Endrick é um garoto que vai alcançar uma posição naturalmente. Fez uma boa partida hoje, teve pouca oportunidade para finalizar, mas lutou até o fim”.
Por que ficou de fora da roda dos jogadores antes das cobranças de pênalti?
“Fiquei de fora porque vinha falando com cada um deles o que vinha na minha cabeça. Definida as cinco cobranças, eu vinha falando aquilo que a gente havia treinado. Treinamos desde o primeiro dia, a gente vem trabalhando penalidades, sabíamos da possibilidade.”
Por que Rodrygo foi substituído?
“Infelizmente, depois da falta o Rodrygo não suportou mais ficar em campo, teve que sair. Não sabemos o que ele tem, foi uma entrada complicada, ele não suportou permanecer. Agora vamos ter tempo para fazer uma avaliação”.
Momento do trabalho
“As avaliações partem desde o primeiro dia da apresentação. Nosso nível de treinamento foi muito alto, muito bom. Ficamos preocupados com detalhes. Tudo que poderia ser feito no sentido de preservação dos atletas e na manutenção das condições físicas de cada um… Eles chegaram em final de temporada e mesmo assim eles se entregaram muito, com dedicação. A expectativa era muito alta pelo o que a gente via no dia a dia. Podemos ainda crescer muito, é um processo. Temos que enfrentar esse momento, nos recuperar em todos os níveis. Esse grupo tem uma entrega impressionante, uma dedicação. Lutamos do primeiro ao último minuto. Sempre procuramos entregar o máximo. Fica aí a possibilidade de uma melhora, com certeza. Essa vivência de competição tem que ser levada à frente. Para se estruturar uma equipe, talvez momentos como esse sejam úteis para um futuro próximo.”
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