A dívida líquida do Atlético em 2024 aumentou R$ 90 milhões em relação a 2023. Conforme revelado pelo CEO Bruno Muzzi nesta quarta-feira (8/1), em conversa com jornalistas na sede do Atlético, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o montante, que era de R$ 1,310 bilhão em dezembro de 2023, passou para R$ 1,4 bilhão em 2024.
Bruno lembrou que, em agosto de 2024, ele mesmo havia dito que, ao fim do ano, a dívida chegaria ao valor de R$ 1,2 bilhão. No entanto, ele contou que o valor aumentou acima do programado devido às contratações do clube na janela de meio de ano.
Na última janela, o Atlético contratou o zagueiro Lyanco junto ao Southampton, da Inglaterra, por R$ 24,3 milhões; o volante Fausto Vera junto ao Corinthians, por R$ 29,9 milhões; o zagueiro Junior Alonso junto ao Krasnodar, da Rússia, por R$ 7,2 milhões; e o atacante Deyverson junto ao Cuiabá, por R$ 5 milhões. As quatro transações, somadas, totalizam R$ 63,5 milhões.
A dívida do Atlético
Na apresentação de Muzzi aos jornalistas, o perfil da dívida líquida foi dividido em quatro – empréstimos bancários, Arena MRV, Profut e Perse e “contas a pagar” (nessa última, entram os custos de compra de jogadores parcelados).
- Dívida bancária – aumentou de R$ 465 milhões (2023) para R$ 507 milhões (2024)
- Dívida Arena MRV (CRI + PUT) – diminuiu de R$ 486 milhões (2023) para 410 milhões (2024)
- Dívida Profut e Perse – R$ 232 milhões (2023) para R$ 254 milhões (2024)
- Contas a pagar – aumentou de R$ 36 milhões (2023) para R$ 129 milhões (2024)
Os números, no entanto, ainda não foram auditados e estão sujeitos a sofrer pequenas mudanças, que podem diminuir ou aumentar ligeiramente o valor de 1,4 bilhão.
Perfil da dívida líquida do Atlético ao longo dos últimos anos
- 2019: R$ 747 milhões
- 2020: R$ 1,234 bilhão
- 2021: R$ 1,512 bilhão
- 2022: R$ 2,011 bilhão
- 2023: R$ 1,310 bilhão (primeiro balanço após a venda da SAF)
- 2024: R$ 1,4 bilhão
Projeção da redução da dívida
Em outubro, a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético apresentou aos investidores uma proposta de reestruturação dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da Arena MRV. No documento, o clube detalhou a projeção financeira até o ano de 2030, com previsão de “estagnação” da dívida por três anos até o início da redução dos débitos – e não o total encerramento dessas pendências até 2028, diferentemente do que havia estimado recentemente o principal nome da cúpula do Galo, o empresário Rubens Menin.
O documento apresenta a projeção do fluxo de caixa da SAF do Atlético até 2030. Na comunicação aos investidores dos CRIs da Arena MRV, o Galo prevê “três anos de rolagem de dívida até o clube iniciar a redução do endividamento”.
O débito, de toda maneira, passa a se reduzir em ritmo tímido de 2028 a 2030. O montante estimado para o último ano da apresentação, inclusive, é maior do que o de 2025.
O endividamento líquido do Atlético foi projetado em R$ 1,281 bilhão ao fim de 2025, R$ 1,385 bilhão ao fim de 2027 (quando em tese se iniciaria a redução das pendências) e R$ 1,316 bilhão ao fim de 2030. A estimativa da gestão alvinegra levou em consideração uma taxa Selic de 12% em 2025, com queda de 0,5 pontos percentuais ao ano até 2030 – chegando aos 9,5% no último ano do projeto.
Em contato com fontes ligadas ao Atlético, o No Ataque apurou que esta é uma projeção “conservadora” por parte do clube, desconsiderando a possibilidade de um fato novo que injete dinheiro nas finanças da SAF.
Em caso de novos aportes no clube-empresa – seja por parte dos investidores que ditam os rumos do Galo ou da abertura de capital na bolsa de valores, por exemplo -, a tendência seria de uma redução mais acelerada deste endividamento.
Documento contradiz investidor do Atlético
A apresentação disponibilizada aos fiduciários dos CRIs da Arena MRV contradiz uma declaração de Rubens Menin, principal empresário associado à SAF do Atlético. Na última segunda-feira (30/12), o investidor afirmou que o clube trabalhava com novo prazo para zerar o endividamento: antes 2026, agora metade de 2028.
O documento, contudo, diz que os débitos começarão a cair só daqui três anos. A previsão, assim, não é que sejam zerados em 2028.
“Não, não vamos conseguir [quitar a dívida até 2026]. A expectativa era de que até 2026 a gente terminasse. A gente tem que ser realista, né? A hora que os juros sobem, e subiram… Tínhamos uma expectativa de que os juros acabassem em 8% esse ano. Vai acabar em 14% – seis pontos a mais. Cada seis pontos percentuais de juros comem R$ 50 milhões do Atlético por ano – do Atlético e de todos os times do Brasil. Os juros no Brasil, infelizmente, pegaram uma trajetória muito ruim e isso vai consumir um pouco mais de dinheiro nosso. É um dinheiro até ruim, que a gente paga juros e não investe, mas o nosso planejamento está indo para o meio de 2028 agora.”
Rubens Menin em entrevista à Rede 98
Matéria em atualização…