Luiz Eduardo Baptista, o Bap, chegou ao ápice da sua trajetória política no Flamengo, que se iniciou em 2009. Com 1.731 votos, o empresário de 64 anos foi eleito, na noite dessa segunda-feira (9/12), presidente do clube para o triênio 2025-2027.
Candidato da Chapa 1 (Raça, Amor e Paixão), de oposição ao atual mandato de Rodrigo Landim, Bap desbancou Rodrigo Dunshee, da Chapa 3 (UNI-FLA), vice-presidente do clube e postulante da situação, que tentava emplacar o terceiro triênio no poder e teve 1.166 votos, e Maurício Gomes de Mattos, da Chapa 2 (Mengão Maior), também de oposição, que teve 363 votos.
Quem é Bap?
Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio de Janeriro (UFRJ) e mestre em Finanças pela Coppead-RS, Luiz Eduardo Baptista tem larga carreira empresarial- foi superintendente nas Lojas Americanas e na Mesbla, presidente da Optiglobe (atual TIVIT, multinacional brasileira de desenvolvimento de softwares), da DirecTV e da Sky.
Ele foi CEO da empresa de televisão por assinatura por 14 anos e, inclusive, a usou como porta de entrada para ganhar influência no Flamengo.
Início da trajetória no Flamengo
Bap comprou título de sócio do clube em 2009 e, um ano depois, viabilizou que a Sky começasse a patrocinar o time de basquete rubro-negro. Ainda em 2010, atuou na contratação do ídolo máximo do clube, o ex-meia-atacante Zico, como diretor técnico da equipe de futebol masculino.
O ex-jogador deixou o cargo após poucos meses, mas seguiu ligado ao empresário porque era o garoto-propaganda da empresa de televisão, posto que manteve por anos. Daí, surgiu amizade entre os dois. Zico foi, inclusive, o principal apoiador de Bap na eleição.
Primeiro cargo no clube
Em 2012, Luiz Eduardo Baptista teve o primeiro cargo no Flamengo: vice-presidente de marketing. Ele foi um dos fundadores da Chapa Azul, que ganhou a eleição naquele ano encabeçada por Eduardo Bandeira de Mello, presidente que comandou grande reestruturação do clube, especialmente financeira – mas que foi denunciado no Conselho de Administração do clube por negligência que teria culminado no incêndio de contêiner onde viviam garotos da base do clube no Ninho do Urubu, CT rubro-negro, matando 10 jovens.
Bap foi o principal responsável por fechar com a Adidas, fornecedora que produz os uniformes do clube até hoje, em 2013. Ele também comandou as negociações para fechar os patrocínios da montadora Peugeot e do banco Caixa Econômica Federal, no mesmo ano.
Em 2015, Luiz rompeu com Bandeira de Mello e apoiou Wallim Vasconcellos, candidato da oposição, mas saiu derrotado.
Participação na gestão Landim e saída para a oposição
Bap só voltou a ter cargo no Flamengo em 2019, quando Rodrigo Landim, da chapa UNI-FLA, venceu sua primeira eleição. O empresário assumiu o cargo de vice-presidente de relações externas e tinha importante papel nas decisões do clube – integrava o conselho de futebol, apelidado de “Conselinho”, que comandava o principal setor rubro-negro. Além dele, compunham o grupo Marcos Braz, Diogo Lemos, Fábio Palmer e Dekko Roisman.
Após a reeleição de Landim, Bap assumiu a presidência do Conselho de Adminitração. No ano seguinte, no entanto, ele deixou o “Conselinho” e, posteriormente, deixou a gestão ao ser preterido por Dunshee como candidato da situação, conforme informado pelo ge. Assim, migrou para a oposição, voltando para a Chapa Azul, da qual foi um dos precursores.
Principais pautas
SAF
Bap tornou-se grande crítico de Landim e de Marcos Braz, diretor de futebol que é o “homem-forte” do presidente, e classifica a gestão como “amadora”.
Luiz Eduardo Baptista teve como uma das principais pautas da campanha o discurso contra a possibilidade de o Flamengo virar SAF (Sociedade Anônima Futebolística): “O Flamengo não precisa de messias nem de mecenas”, disse, no evento de lançamento oficial da chapa que seria a vencedora das eleições.
Estádio
“Estádio é um sonho de todos os rubro-negros. E evidentemente que a gente vai fazer o estádio. O programa de governo da gente, a gente fala que o principal fonte de recursos para construção do estádio tem que ser recursos de dentro do clube. Para isso, precisa aumentar a receita do clube em 50% e a rentabilidade do clube em 50%. Se fizer isso em seis anos, fará o estádio com nível de endividamento confortável e sem comprometer a performance esportiva. A forma como você vai fazer isso é muito importante. Não faz sentido jogar fora o que já existe, se é que existe algo concreto porque até agora não vimos”, disse, em entrevista aos jornalistas Luiza Sá e Rodrigo Mattos, do Uol.
Futebol e permanência de Filipe Luís
“Eu aprendi que a sua opinião como torcedor não pode influenciar o dia a dia do clube. Esse é um dos principais erros que a minha experiência com 10 anos ali dentro fez perceber. Todos nós achamos que sabemos muito quando a gente tem o poder e que a gente deve escolher A ou B. Eu entendo que a gente tem que ter um diretor técnico que tem o perfil que a gente gostaria, e esse profissional que vai escolher quem vai trabalhar com ele não vai ser o Bap. Se na hora que o Bap for eleito começar a dizer que tem que ser A ou B, você interfere no trabalho do cara, exatamente o modelo que a gente tem hoje. Não vou cometer esse erro. Tenho o maior respeito e admiração pelo Filipe Luís, mas nós vamos decidir isso em cima das definições do diretor técnico”, disse, em entrevista aos jornalistas Luiza Sá e Rodrigo Mattos, do Uol.
Finanças
“O endividamento de curto prazo do Flamengo em até um ano é uma barbaridade. Essa última janela, o que está sendo gasto no final dessa gestão é uma loucura. E isso vai aparecer no balanço do fim de ano, só que depois das eleições. Isso vai aparecer ano que vem, esse endividamento de curto prazo. O Flamengo deve estar saindo de 40 a 50 milhões para 500, 400 e tantos milhões. Mas quem entende de balanço, quem entende de números, está vendo isso. A gestão atual nega, insiste que está tudo bem. Não está tudo bem. Nós temos uma bomba relógio armada para o próximo presidente do Flamengo. Sempre tem uma saída. Entendo que a situação do Flamengo hoje, em que pese ela ser delicada, o elenco é qualificado e nós, com alguns ajustes aqui e acolá, podemos ter um time muito forte, competitivo e para brigar por tudo com prioridade para o Brasileiro”, disse, em entrevista aos jornalistas Luiza Sá e Rodrigo Mattos, do Uol.
Tragédia do Ninho do Urubu
“Como ser humano, como pai, é muito difícil a gente opinar nisso. Eu estive distante de todo esse processo, foi tratado fundamentalmente pelo jurídico do Flamengo, com o presidente, com os escritórios de advocacia de fora do clube. Isso foi o único assunto da primeira gestão do Landim que eu tive total e completo distanciamento. Então eu acho que é injusto da minha parte falar de como que isso foi tratado” disse, em entrevista aos jornalistas Luiza Sá e Rodrigo Mattos, do Uol.
A notícia Contra SAF e apoiado por Zico: quem é Bap, presidente eleito do Flamengo foi publicada primeiro no No Ataque por Rafael Cyrne