Com origens no Independiente, maior campeão da história da Copa Libertadores, o técnico Gabriel Milito sabe bem o quanto significa a competição. Mas é pelo Atlético que o argentino terá a oportunidade de levantar a taça pela primeira vez na carreira, justamente no país natal, neste sábado (30/11), às 17h, quando o Galo enfrentará o Botafogo no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.
Milito nasceu em Bernal, na província da capital argentina, em 1980. Ele iniciou a trajetória no infantil do Viejo Bueno, time de base local, e depois passou pelo Racing antes de se tornar profissional pelo Independiente, em 1998.
Mas a ligação do treinador com o local da final da Libertadores vai muito além disso. Os pais do ex-zagueiro ainda vivem em Bernal, assim como os amigos de infância – a quem visita sempre que possível.
Ainda jovem, começou a jogar futebol no quintal de casa, com o pai Jorge Milito, o avô Antônio e o irmão Diego Milito – que se tornou um excelente atacante, com passagens por Racing, Inter de Milão, Seleção Argentina, entre outros.
A trajetória no clube
Milito defendeu o Independiente durante oito dos 14 anos de carreira profissional. Chegou ao clube aos 12 anos, para atuar pela base, e ‘pendurou as chuteiras’ com 32 anos, em 2012.
Como jogador, foram 173 jogos e dois gols como jogador em duas passagens, entre 1998 e 2003 e de 2011 a 2012. Ele foi fundamental na conquista do Campeonato Argentino de 2002, sendo inclusive capitão da equipe.
A trajetória como técnico do clube foi menor, com apenas 18 jogos em 2016. Foram oito vitórias, seis empates e quatro derrotas antes de pedir demissão.
“O melhor é dar um passo de lado. Não é uma decisão fácil para mim. Não foi mais um passo, mas não consegui alcançar o que queria”, disse na época, ao explicar a saída do Independiente.
Milito é ídolo do Independiente
O No Ataque foi ao estádio Libertadores de América, casa do Independiente, para entender melhor a relação de Milito com o clube. Do lado de fora, já é possível perceber a importância do técnico do Atlético para os argentinos, com uma placa dele ao lado de outros ídolos.
Funcionários do Independiente, que também são torcedores do clube, não pouparam elogios a Milito. Leandro Pace, responsável por cuidar do gramado do estádio há cinco anos, relembrou a garra do ex-zagueiro em campo.
“A relação de Milito com o clube é muito boa. É um jogador que saiu da base e fez uma história, porque foi capitão na conquista de 2002, um grande guerreiro, um defensor exemplar. Ele vivia como um torcedor a mais. Era muito bom jogador”, afirmou.
“Depois, como técnico, me encanta como joga a sua equipe. São times que jogam futebol muito bem, todos jogam, todos correm, é muito bonito”, completou.
A reportagem também ouviu Alejandro Martínez, assessor do estádio há 15 anos. O profissional, que conviveu com Milito diariamente, destacou o lado pessoal do treinador. Além disso, citou a importância que ele tem para o clube.
“A convivência com ele foi excelente. Estive com ele trabalhando quando ele foi técnico nas categorias de base, uma relação cotidiana. Mas é uma boa pessoa, muito trabalhador, assim como o corpo técnico. Uma excelente pessoa”, elogiou.
“Ele é um ídolo, uma pessoa muito querida. Quando fez sua despedida, o estádio estava cheio. Não há palavras para falar sobre ele”, relembrou.
Milito e Libertadores
O Independiente é o maior campeão da Libertadores, com sete títulos: 1964, 1965, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1984. Conectado com o clube, Gabriel Milito busca agora a sua primeira taça.
Em entrevista à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), na semana passada, o treinador do Galo lamentou que não pôde atuar pelo clube na competição, mas que lembra das grandes conquistas do time argentino.
“Nasci no Independiente, o Rei de Copas, o time mais vencedor da história da Copa Libertadores. Meu caso particular: fui para a Europa muito cedo, então não pude jogar a Copa Libertadores pelo Independiente. Também não joguei como jogador, porque minha carreira foi desenvolvida mais tempo na Europa do que aqui na América”, afirmou.
“Cresci no Independiente, meu avô me levou para o campo do Independiente desde muito jovem. Cresci naquele clube, o tempo todo com isso de que o Independiente é o Rei de Copas. Nos últimos anos, sendo o Rei de Copas, os paradoxos que o futebol tem, ele não disputou a Copa Libertadores”, relembrou.
Por fim, Milito destacou a conexão com a Libertadores – principalmente pela longa história com o maior campeão do torneio. O próprio Independiente se denomina como Rei das Copas em seu estádio, além de exibir com orgulho a taça da competição repleta de placar com o nome do time.
“Mas a história está aí, tudo que conquistou, isso é inegável, não está apagado, vai ficar para sempre. Mas sim, minha formação foi no Independiente, claro que sempre com a Copa Libertadores em qualquer corredor do clube. Então, para mim como jogador sempre foi um sonho poder jogar a Copa Libertadores, o que não aconteceu comigo”, finalizou.