(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas)
O ex-atacante Alessandro criou bastante identificação com o América, mas foi por outro clube de Minas Gerais que ele viveu a melhor fase no futebol. Pelo Ipatinga, ele alcançou a artilharia da Série B por duas vezes: 25 gols, em 2007, e 21 gols, em 2010.
Entre 2005 e 2008, o Ipatinga conquistou o Campeonato Mineiro, dois acessos no Brasileiro e alcançou a semifinal na Copa do Brasil. O dirigente do time sensação no estado era Itair Machado, que teve polêmica passagem pelo Cruzeiro como vice-presidente de futebol, entre 2018 e 2019.
Em entrevista ao No Ataque, Alessandro explicou que a ida para o Ipatinga foi uma oportunidade para resgatar a carreira. Ele vinha de trajetórias apagadas por Flamengo, Juventude e Vasco, além de uma experiência razoável no Lierse, da Bélgica.
“Quando pintou a oportunidade de ir para o Ipatinga, eu estava saindo do Vasco. Fui com aquele sentimento de resgatar a carreira, mas eu tinha um certo medo também. Se eu não conseguisse jogar, talvez ficaria rodando po clubes do interior ou até mesmo encerraria a carreira. Então, eu fui com essa dúvida grande”.
Alessandro
“Lembro que fui bem acolhido pela diretoria e pelo técnico Gilson Kleina. Nos dois primeiros jogos, fiquei no banco e não tive boa performance. Gerou um medo muito grande. Depois, não sei sem explicar, porque foi uma bênção de Deus. Do jeito que a gente chutava, a bola entrava”.
Arrancada no returno
O início do Ipatinga na Série B de 2007 foi complicado. Até a rodada 9, a equipe estava na zona de rebaixamento, em 17º, com 10 pontos. No 10º confronto, a goleada por 4 a 1 sobre o Ceará, em 3 de julho, deu um gás. Nessa partida, Alessandro fez três gols. Aos poucos, o Tigre respirou na classifciação até fechar o turno em nono, com 28 pontos.
No returno, o Ipatinga começou perdendo para o Santa Cruz, fora de casa, por 2 a 1, mas se recuperou ao emplacar três triunfos: Remo (3 a 0), Portuguesa (3 a 2) e Vitória (1 a 0). Essa sequência fez o clube entrar no G4 na 23ª rodada. Posteriormente, os resultados positivos contra CRB (4 a 0), Criciúma (1 a 0) e Brasiliense (3 a 0) colocaram o time na briga pelo título.
Alessandro pôs em prática as dicas que recebeu de Romário no período em que atuaram juntos em Fluminense e Vasco. O camisa 11 fazia gols de várias maneiras: pé direito, pé esquerdo, cabeça, etc. Foram nove na primeira metade da Série B e 16 na segunda. A equipe acompanhou os bons números de seu principal jogador e se estabeleceu no pelotão de acesso à elite.
Quatro gols em ídolo do Atlético
Coritiba e Ipatinga chegaram à última rodada da Série B com chances de título. O time paranaense somava 66 pontos e tinha pela frente o já rebaixado Santa Cruz, no Estádio do Arruda, no Recife. Já o clube mineiro, com 64 pontos, enfrentaria o Paulista, que contava com o apoio da torcida no Estádio Jayme Cintra, em Jundiaí (SP), para tentar escapar do Z4.
Alessandro era o vice-artilheiro na Série B, com 21 gols. Em tarde iluminada, o atacante balançou a rede quatro vezes, assumiu o topo do ranking de melhor marcador (25) e ajudou sua equipe a vencer por 5 a 2. O goleiro do Paulista era Victor, que, anos mais tarde, viraria ídolo do Atlético. O clube do interior de São Paulo ainda tinha o atacante Marcelo Toscano, ex-América, e o zagueiro Réver, que também fez história no Galo (não esteve em campo contra o Ipatinga).
“No último jogo, eu disputava a artilharia, se eu não estiver enganado, com o Val Baiano, que era do Gama. Ele tinha 23 gols, e nós fomos fazer o último jogo contra o Paulista. Eu consegui fazer quatro gols e, quando acabou o jogo, era uma felicidade, pois a gente também estava conseguindo um título. Depois, por uma questão do jogo do Coritiba, acabamos não sendo campeões”.
Alessandro
O Ipatinga quase foi campeão da Série B de 2007. Isso porque o Coritiba perdia para o Santa Cruz por 2 a 1 até os 43′ do segundo tempo e, para piorar a situação, teve dois atletas expulsos. Mesmo assim, o Coxa tirou forças para marcar com Keirrison, aos 43′, e Henrique Dias, aos 48′. A vitória por 3 a 2 fez o clube paranaense alcançar 69 pontos, dois a mais que os mineiros.
Após se destacar na Série B, Alessandro se transferiu para o Albirex Niigata, do Japão, onde continuou a fazer muitos gols – 17 em 36 jogos em 2008. O Ipatinga, por sua vez, terminou em último lugar na sua única participação na Série A do Brasileiro – nove vitórias, oito empates e 21 derrotas em 38 rodadas (35 pontos).
Itair Machado
Alessandro voltaria a defender o Ipatinga na Série B de 2010, da qual também foi artilheiro, com 21 gols, e no Campeonato Mineiro de 2011. Considerando todas as passagens, acumulou 59 gols em 78 jogos.
No Ipatinga, Alessandro conviveu com o presidente Itair Machado, que conduziu o departamento de futebol do Cruzeiro em 2018 e 2019. A gestão ficou marcada por gastos além da capacidade do clube, aumento da dívida para mais de R$ 1 bilhão e suspeita de esquemas de corrupção.
“Em relação ao Ipatinga, ele conseguiu honrar todos os compromissos com quem participou do acesso. Falando um pouquinho da passagem dele pelo Cruzeiro, acredito que, como acontece com muitos, talvez excedeu em algum ponto. Era um clube que talvez ele não conhecia, já tinha uma gestão um pouquinho conturbada anteriormente, e ele não se aprofundou em relação a assuntos que envolvia não só a administração, mas uma torcida como a do Cruzeiro, uma potência no nosso cenário do futebol. Ele não se aprofundou e acabou se perdendo nesse processo todo”.
Alessandro
Entrevista de Alessandro ao No Ataque
Autor do gol do América no título do Campeonato Mineiro de 2001, Alessandro concedeu entrevista especial ao No Ataque. O ex-jogador falou de diversos temas, como o projeto para formar craques na Arena Pampulha, o sonho do filho de se tornar atleta profissional, os investimentos no mercado imobiliário e os momentos mais importantes no futebol.
