Decisivo, goleador, controverso e irreverente. Gabriel Barbosa uniu esses e outros tantos adjetivos – positivos ou negativos – para se tornar um dos mais emblemáticos personagens do futebol brasileiro da atualidade. Nesse sábado (4/1), arrastou uma multidão de torcedores do Cruzeiro, que encheram o Mineirão para recebê-lo. Entre agradecimentos e promessas, a provocação ao arquirrival Atlético: ‘Poucas vezes eu perdi’. Mas a brincadeira de Gabigol faz mesmo sentido? O No Ataque foi atrás dos números para comprovar.
O novo camisa 9 celeste tinha passado toda a entrevista coletiva desse sábado sem polêmicas com o Atlético até que ouviu a última pergunta. O tema? Justamente a rivalidade com o clube alvinegro. Gabigol foi ponderado e disse respeitar o rival – contra o qual travou duelos importantes pelo Flamengo nos últimos anos -, mas não deixou de defender a própria causa.
“Eu sei que aqui tem uma rivalidade imensa, né!? Acho que nunca vivi uma rivalidade assim, tão grande. O que eu posso dizer é que eu respeito muito o Atlético, é um grande clube. O maior de Minas é o Cruzeiro. Quando a gente jogar contra eles, vai ser, entre aspas, ‘igual’ contra qualquer outro time. O Cruzeiro é um time grande, que tem que se impor jogando dentro ou fora de casa”, iniciou.
O centroavante de 28 anos, então, lembrou uma brincadeira que fez com o rapper Djonga, torcedor ilustre do Atlético. Os dois são amigos e se encontraram na Bahia recentemente. Já acertado com o Cruzeiro, Gabi não perdeu a oportunidade de provocá-lo – e relatou o episódio na coletiva no Gigante da Pampulha.
“A gente sabe da rivalidade. Até encontrei o Djonga nas férias, em Trancoso, e eu falei para ele que eu tenho muita sorte. É incrível. Acho que poucas vezes eu perdi para o Atlético. Quando a gente ganhou, a gente fez gol”, sorriu o reforço do Cruzeiro, que seguiu a provocação ao frisar que conquistou o primeiro título da história da Arena MRV, nova casa alvinegra: a Copa do Brasil de 2024, sobre o Galo, pelo Flamengo.
“Brinquei com ele (Djonga) que estou chegando em BH e, querendo ou não, aqui eu tenho história já, porque o primeiro título lá (na Arena MRV) fui eu que ganhei. Então, agora é seguir e fazer história no Mineirão”, completou Gabigol.
Atlético é mesmo ‘freguês’ de Gabigol?
Gabi disse que perdeu poucas vezes para o Atlético e que, quando ganhou, em muitas oportunidades fez gol. A reportagem consultou os números da carreira do centroavante contra o alvinegro para saber se as declarações dele fazem sentido ou não. E a resposta é: depende do ponto de vista.
Nos números frios, Gabigol, na verdade, perdeu mais jogos do que ganhou contra o Atlético. São 19 partidas dele diante do Galo, com sete vitórias, dois empates e dez derrotas. Ao todo, marcou oito gols.
Pelo Santos, clube que o revelou, Gabi enfrentou o novo rival de Minas Gerais em sete oportunidades. Foram duas vitórias, um empate e quatro derrotas entre 2014 e 2018. Em 2013, ele chegou a estar na delegação em um triunfo por 1 a 0, mas, ainda jovem, não saiu do banco.
A maioria das partidas de Gabigol contra o Atlético são com a camisa do Flamengo. Pelo rubro-negro, o retrospecto geral também é negativo. Entre 2019 e 2024, enfrentaram-se 12 vezes. Gabi venceu cinco, empatou uma e perdeu seis.
E nas decisões?
O cenário muda um pouco de figura quando o assunto são jogos decisivos, de mata-mata. Nesse recorte, a vantagem é do centroavante cruzeirense.
Gabigol encarou o Atlético em confrontos eliminatórios em cinco partidas, sempre pelo Flamengo, com três vitórias, um empate e uma derrota.
A primeira vez foi na Supercopa do Brasil de 2022, quando o Galo levou a melhor. Na Arena Pantanal, em Cuiabá, o time mineiro ganhou por 8 a 7 nos pênaltis após empate por 2 a 2. Gabriel fez um gol nessa final, mas saiu sem a taça.
Depois, naquele mesmo ano, Atlético e Flamengo se enfrentaram nas oitavas de final da Copa do Brasil. Na ida, no Mineirão, o Galo venceu por 2 a 1. Os alvinegros tinham aberto vantagem, mas sofreram um gol no fim que mudou os rumos da decisão.
Após essa partida, Gabi deu uma das declarações mais emblemáticas dele com a camisa do Flamengo. O jogador projetou o jogo de volta com muita pressão diante do Galo: “Quando eles forem lá (no Maracanã), vão conhecer o que é pressão e o que é inferno”, disse, à TV Globo.
Dito e feito. Gabi não marcou e nem deu assistência, mas comemorou a vitória por 2 a 0 que rendeu a classificação ao Flamengo. O time carioca, aliás, seria campeão daquela edição da Copa do Brasil ao bater o Corinthians na grande decisão.
Mas o maior brilho de Gabigol contra o Atlético foi em 2024. Desacreditado, o centroavante foi escalado como titular do Fla pelo técnico Filipe Luís na partida de ida da final da Copa do Brasil, no Maracanã. Deu certo. O jogador marcou duas vezes e comandou a vitória por 3 a 1.
Na volta, na Arena MRV, a consagração. Gabriel não jogou bem e foi substituído no intervalo, mas viu seus companheiros vencerem por 1 a 0. Com isso, celebrou o título da Copa do Brasil pelo Flamengo mais uma vez. Justamente diante do novo arquirrival.
Próximos encontros
O primeiro encontro de Gabigol com a camisa do Cruzeiro contra o Atlético já tem data marcada. Os rivais se enfrentam no dia 18 de janeiro (sábado), a partir das 18h (de Brasília), no Inter&Co Stadium, em Orlando, na Flórida. O clássico nos Estados Unidos é um amistoso de pré-temporada.
Já o primeiro duelo oficial entre Atlético e Cruzeiro que pode ter a presença de Gabigol será em 9 de fevereiro. A partida, pela sétima rodada do Campeonato Mineiro, está marcada para o Mineirão, às 16h, com mando celeste.
Números de Gabigol contra o Atlético
- 19 jogos
- 7 vitórias
- 2 empates
- 8 derrotas
- 8 gols marcados
Pelo Santos
- 7 jogos
- 2 vitórias
- 1 empate
- 4 derrotas
- 5 gols marcados
Pelo Flamengo
- 12 jogos
- 5 vitórias
- 1 empate
- 6 derrotas
- 3 gols marcados
Em mata-matas
- 5 jogos
- 3 vitórias
- 1 empate
- 1 derrota
- 3 gols marcados
- 1 título, 1 derrota em final e 1 classificação
A notícia Atlético é mesmo ‘freguês’ de Gabigol? Números do atacante do Cruzeiro acendem polêmica foi publicada primeiro no No Ataque por João Vítor Marques
