(foto: Pedro Souza/Atlético)
Em 2018, o ídolo Leonardo Silva, que comandava a zaga do Atlético havia seis anos, aproximava-se da aposentadoria. Assim, iniciavam-se os debates sobre quem poderia ser o sucessor do icônico jogador. Um dos cotados era o capitão e destaque defensivo do time Sub-20, Ruan Marvyn.
O baiano, que havia chegado ao alvinegro em 2016, vindo do Flamengo de Guarulhos-SP, já treinava frequentemente com o time principal do Galo e chegou a ser relacionado para alguns jogos do profissional. Ele se destacava pelo porte físico esguio, semelhante ao de Léo – tinha 1,94m, dois centímetros a mais que o ídolo atleticano.
O destino, no entanto, não sorriu para Ruan como sorriu para outros dois zagueiros de gerações próximas à dele na base – Bremer, hoje na Juventus, da Itália, e Nathan Silva, pilar do Atlético campeão brasileiro de 2021 e hoje jogador do Pumas, do México.
Sete anos depois, o defensor, que nunca chegou a estrear pelo time principal alvinegro, vai jogar a elite do Campeonato Uruguaio pelo modesto Progreso, lanterna da última edição do Clausura, espécie de “segundo turno” do campeonato nacional.
O clube anunciou no dia 30 de dezembro de 2024 a contratação do jogador ex-Atlético, que hoje tem 25 anos e terá a segunda experiência no país – a primeira foi em 2022, quando atuou pelo Central Español, na Segunda Divisão.
A trajetória de Ruan Marvyn
Nascido em Salvador, Ruan cresceu em São Paulo e iniciou sua trajetória no futebol na Região Metropolitana da capital paulista, nas categorias de base do São Bernardo e do Flamengo, ambos do estado de São Paulo. Ele chegou ao Atlético em julho de 2016 e, no mesmo ano, com apenas 16 anos, subiu para o Sub-20 alvinegro.
Marvyn – apelido dado pelo pai em referência à música Marvin, da banda Titãs, conforme revelado pelo jogador em entrevista ao jornal Hoje em Dia – já chegou a formar a dupla de zaga titular do Sub-20 com Nathan Silva, futuro multicampeão pelo Galo, e com Matheus Stockl, que era da mesma geração do baiano e acumulava convocações para as Seleções Brasileiras de base.
Os três, ao lado de Bremer, eram os defensores mais promissores do Atlético entre 2016 e 2018. Do quarteto, Bremer é hoje o mais “bem-sucedido” – após se destacar no profissional alvinegro em 2018, ele foi vendido para o Torino, da Itália, onde foi muito bem e, três anos depois, foi para a Juventus. Lá tornou-se um dos melhores zagueiros do mundo, com convocações para a Seleção Brasileira.
Nathan também se deu bem – após empréstimos para Ponte Preta, Coritiba e Atlético Goianiense, firmou-se no Galo em 2021 e conquistou um Brasileiro, três Mineiros e uma Supercopa do Brasil, até deixar o clube em 2023 rumo ao Pumas, do México.
Ruan e Stockl, no entanto, nunca chegaram a estrear pelo time principal do Atlético e não conseguiram despontar- o segundo, inclusive, se aposentou em 2023, com apenas 23 anos.
Indisciplina e saída do Atlético
Campeão da Copa do Brasil Sub-20 em 2017, Ruan tornou-se titular absoluto e capitão da equipe em 2018 mas, no final do ano, foi emprestado ao Palmeiras. A transação gerou revolta em parte da torcida, que queria vê-lo tendo oportunidades no time principal do Galo, mas foi justificada por problemas disciplinares revelados pelo então diretor de futebol Marques.
“É um atleta que me deu muito trabalho nesses oito, nove meses de Atlético, a ponto de tirar muitas noites de sono. A parte disciplinar dele, infelizmente, é muito ruim. Demos todas as chances para ele se redimir, para entrar dentro do padrão que a gente entende da base. Mas não foi possível”, disse o ex-jogador e ex-executivo do Atlético, à época.
A passagem no Palmeiras acabou sendo frustrada por grave lesão, que o fez ser devolvido para o Atlético poucos meses depois. Em 2019, ele foi emprestado pelo Galo a Corinthians e, depois, deixou o alvinegro para acertar com o Bahia. Ruan não teve oportunidades no time principal em nenhuma das equipes.
Trajetória profissional instável
Desde que se tornou profissional, Ruan já esteve em sete times, de três países diferentes: Metropolitano-SC, Inter de Limeira-SP e Patrocinense, em 2021, Central Español, do Uruguai, em 2022, Olaria-RJ, em 2023, Lubuszanin Drezdenko, em 2024.
Agora, o ainda jovem Marvyn tentará emplacar atuanco pelo Progreso, do Uruguai, que tem o objetivo de manter-se na Primeira Divisão do campeonato nacional.
