10/10/2024
08:01

a Bombonera que encontrei não é a mesma que vi na TV, achei superestimada < No Ataque

Bombonera em jogo entre Boca Juniors e Cruzeiro (foto: Luiz Henrique Campos/No Ataque/D.A.Press)

A La Bombonera que conheci assistindo pela televisão aos jogos históricos do Boca Juniors por competições internacionais não foi a mesma que vi de perto na semana passada durante a cobertura da vitória xeneize por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, no jogo de ida das oitavas de final da Copa Sul-Americana. A mística do estádio que pulsa junto com o time tem seus poréns.

Achei a casa do maior clube da Argentina um pouco superestimada na minha primeira vez em Buenos Aires. Pode ser que minhas expectativas estavam muito altas. A realidade lembra, mesmo que de longe, a que vivemos nos principais estádios brasileiros, mas é claro, com algumas diferenças bem peculiares dos ‘hermanos’. Porém, não sou doido a ponto de afirmar que a Bombonera não amedronta os adversários dentro de campo.

A minha primeira impressão foi marcante antes mesmo de entrar na área reservada para a imprensa. A começar pela imersão na paixão dos argentinos pelo futebol, principalmente em La Boca – bairro onde está localizado o estádio e respira Boca Juniors 24 horas por dia.

A concentração dos torcedores orquestrada pela La 12, maior barra brava do Boca, começa bem cedo e deixa o trânsito na região impraticável, forçando a chegada ao local apenas a pé. Andei por mais de 1,5 km nas ruas no entorno do estádio para acessar a entrada destinada aos veículos de comunicação.

Para dificultar o percurso e deixar ainda mais intimidador, barricadas, grades e, pelo menos, cinco revistas policiais atrasaram os 40 minutos de caminhada. Os torcedores do Cruzeiro também passaram pelo mesmo processo, mas sem ter contato com a principal organizada do Boca.

Bombonera tem característica marcante

A experiência dentro do estádio é marcante. Tive a sensação de que tudo foi projetado para deixar as pessoas que ali estão desconfortáveis. Os três degraus de bancadas para apoio dos materiais de trabalho dos profissionais da imprensa são completamente apertados, deixando quase impossível deixar o local marcado para ir ao banheiro. A inclinação também é de assustar, principalmente para quem tem medo de altura, assim como eu.

Voltando ao tema da Bombonera ser superestimada, os torcedores deixaram o clima do jogo parecido com um caldeirão apenas em momentos bem específicos. Antes da partida, o som ecoado pelas arquibancadas do estádio foi ensurdecedor. Contudo, a chama para empurrar o time foi se perdendo com o passar dos minutos de bola rolando.

A imprensa fica acomodada à esquerda das cabines de transmissão, quase no rumo da bandeirinha de escanteio, ao lado da La 12, que não para de pular e cantar um minuto sequer. No entanto, o espírito fanático não é o mesmo nos outros setores.

Em alguns momentos, o estádio inteiro canta em uma só voz, mas a animação é um termômetro dos lances em campo. É aí que está a maior semelhança com a realidade vivida diariamente nos jogos do futebol brasileiro. Assim como qualquer torcida, a festa no estádio passa pelo ânimo individual do público.

Comportamento da torcida não é muito distante dos brasileiros

Por mais que a arquitetura da Bombonera seja distinta, o comportamento da torcida xeneize é semelhante com a do Cruzeiro. Atrás dos gols estão as organizadas, que ficam em pé durante todo o jogo, assim como é no Mineirão com a Máfia Azul, Pavilhão Independente, China Azul e TFC.

Já nos setores centrais, onde os ingressos são mais caros, os torcedores acompanham as partidas sentados praticamente durante todo o tempo. É algo semelhante ao Setor Roxo do Gigante da Pampulha.

Na minha opinião, a diferença gritante entre a Bombonera e os outros estádios é a união da torcida pelo time, criando assim a atmosfera temida pelas equipes brasileiras. As músicas que reverberam pelo estádio são cantadas no mesmo tom e, praticamente, em uma só voz.

Não entrei em campo, mas consegui entender um pouco do porquê de os jogadores acabarem ficando atordoados quando encaram esse ambiente. No gol marcado pelo centroavante uruguaio Edinson Cavani, sequer foi possível escutar o que disse um companheiro de trabalho ao meu lado. As bancadas realmente tremeram. Porém, esperava mais. Não foi a mesma Bombonera das transmissões históricas na TV que encontrei.

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