Estamos no chamado “Novembro Azul”, que é a campanha que visa a conscientização, prevenção e combate ao câncer de próstata. Em função disso, durante todo esse mês, muito se fala sobre os cuidados relacionados à saúde do homem. E, falando em saúde, não poderia deixar de citar sobre a saúde mental, tema ainda pouco abordado entre o público masculino.
A forma como o homem brasileiro lida com sua saúde é uma questão cultural. Grande parte dos homens apresenta resistência em cuidar da saúde de forma preventiva. Se isso já acontece em relação à saúde física, não seria diferente em relação à saúde mental, pois sobre esta já são depositados inúmeros estigmas e preconceitos. Ao se tratar do público masculino, isso se intensifica, pois desde crianças os meninos aprendem que devem evitar mostrar fragilidade. Há a exigência de que o homem seja forte o tempo todo, que não demonstre suas inseguranças nem expresse suas emoções.
Segundo o portal PEBMED (Afya), estudos mostram que 29,4% dos homens de 18 a 60 anos são atendidos na atenção primária e apresentam sofrimento psíquico. Pontuam ainda que homens solteiros e consumidores em abuso de álcool e outras drogas lideram o número de adoecimento mental. Por vezes, os homens não costumam falar abertamente sobre suas questões emocionais. Isso pode fazer com que as questões de saúde mental se manifestem em sintomas como agressividade (auto e hétero), inquietação, isolamento social, dificuldade de concentração, abuso de substâncias, atividades de auto risco, dentre outros. Infelizmente, assim como diante de sintomas físicos, muitos homens tendem a minimizar seus sintomas de saúde mental e deixam de buscar ajuda quando passam por algum sofrimento.
É necessário que haja uma desconstrução das barreiras que dificultam a busca por auxílio quando algo não vai bem, tanto em relação ao adoecimento físico quanto ao adoecimento emocional. Independentemente do gênero, desenvolver o autoconhecimento, saber identificar os sinais de um adoecimento em si mesmo ou em alguém próximo e priorizar o autocuidado são pontos fundamentais.
Larissa Souza e Silva
Psicóloga – CRP 04/53514
Pós-Graduada em Saúde Mental, Psicopatologia e Atenção Psicossocial
@larissasouzapsi
Foto destaque: Divulgação/Fernanda Nunes