Estamos na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra. Este ano, pela primeira vez, a data (20 de novembro) é comemorada como feriado nacional. O dia marca a morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes na resistência negra contra a escravidão no Brasil colonial. A data traz sobre a importância da conscientização e combate ao racismo e às desigualdades sociais a partir da questão étnica.
Sabemos que o racismo afeta profundamente todos os aspectos da vida de suas vítimas – destes, trago destaque para os efeitos na saúde mental. Ao considerar a saúde mental dos negros, é extremamente importante observarmos os fatores históricos e culturais, que levaram a disparidades significativas. Os impactos do racismo no emocional podem ser profundos, gerando estresse, ansiedade, depressão, prejuízos na autoestima e isolamento social. Dados do Ministério da Saúde apontam que o índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos – neste recorte, destaca-se a faixa etária de 10 a 29 anos, principalmente do sexo masculino. Segundo o portal do Hospital Santa Mônica (São Paulo), um artigo da Psych Central traz que mais de 4% dos negros expressam sintomas de depressão, em comparação com 3% dos brancos. Este artigo também relata que “apenas 7,6% dos negros procuraram tratamento para depressão, em comparação com 13,6% da população em geral”.
Ao longo da história e, infelizmente, até os dias atuais, a população negra sofre estigmas e preconceitos – em todas as idades e esferas da vida. Não podemos deixar de citar o trauma histórico gerado pela escravidão, pela segregação racial e as inúmeras outras formas de opressão ao longo dos séculos – algo que pode ser transmitido através de gerações, e que traz efeitos duradouros na saúde mental.
É importante lembrar que, não somente insultos e agressões físicas se caracterizam como atitudes racistas. Essas práticas são diversas e muitas vezes mascaradas – como através de comentários e supostas “brincadeiras”. Embora muitas dessas atitudes não sejam reconhecidas como racistas por quem as comete, são sentidas e afetam intensamente a vida das vítimas.
O combate ao racismo requer um esforço coletivo, da sociedade como um todo. Além das políticas públicas necessárias, é imprescindível que cada um de nós contribua ativamente nesse processo, buscando a conscientização a respeito do tema, lutando contra os preconceitos existentes, desconstruindo os estigmas e fazendo com que aconteça uma mudança de comportamento e mentalidade da sociedade em geral.
Larissa Souza e Silva
Psicóloga – CRP 04/53514
Pós-Graduada em Saúde Mental, Psicopatologia e Atenção Psicossocial
@larissasouzapsi
Foto destaque: Reprodução/Fernanda Nunes