A declaração racista no comício de Trump contra Porto Rico desperta repúdio de famosos e preocupações em distritos com alta densidade latina
Republicanos e aliados da campanha de Donald Trump tentam mitigar o impacto de uma declaração racista proferidas no comício do ex-presidente em Nova York, no último domingo (27). O evento contou com a participação do comediante Tony Hinchcliffe, que se referiu a Porto Rico como “ilha flutuante de lixo” e ironizou a população latina com insinuações sobre contraceptivos. As declarações provocaram reações imediatas de artistas porto-riquenhos, como Bad Bunny, Jennifer Lopez e Luis Fonsi, que condenaram a retórica e expressaram apoio à candidata democrata Kamala Harris.
Bad Bunny, cujo nome real é Benito Antonio Martínez Ocasio, foi o maior revés para a campanha de Trump. Com mais de 45 milhões de seguidores no Instagram e vencedor de três Grammys, o porto-riquenho influente apoiou publicamente Kamala Harris logo após o comício. O apoio é importante, pois o foco da campanha republicana é nos milhões de porto-riquenhos residentes nos EUA, especialmente em estados-chave como a Pensilvânia.
O Partido Republicano, com receio de prejudicar sua imagem entre eleitores hispânicos em estados como a Flórida, reagiu rapidamente. Danielle Alvarez, porta-voz de Trump, afirmou que “a piada não representa a visão do ex-presidente”. Já a deputada republicana María Elvira Salazar, que viveu em Porto Rico, condenou os insultos, chamando-os de “inaceitáveis”. Contudo, Hinchcliffe não se retratou, declarando que “esse povo não tem nenhum senso de humor”.
Os democratas aproveitaram a crise para atrair votos latinos. Joe Biden criticou o episódio, afirmando que as declarações são “constrangedoras” e indignas de um líder. Kamala Harris reforçou que os comentários de Trump não refletem os valores americanos, reforçando o apelo aos eleitores porto-riquenhos em uma eleição altamente polarizada.
Foto destaque: Reprodução/REUTERS/Brendan McDermid