Brasileiro foi atingido por uma facada momentos depois de deixar o trabalho. Segundo o patrão, ele era ‘alegre e sempre disponível’. Kildery Eduardo, de 21 anos, foi morto após defender mulheres que estavam sendo importunadas no estabelecimento. Suspeito foi preso. Kildery trabalhava em um restaurante localizado na Praia de Carcavelos
Arquivo Pessoal
Todas as despesas referentes ao translado do corpo do garçom brasileiro, assassinado em Portugal na última terça-feira (23), vão ser pagas pelo dono do restaurante onde ele trabalhava.
Kildery Eduardo Ferreira da Silva, de 21 anos, trabalhou por cerca de quatro meses no estabelecimento, localizado na praia de Carcavelos. Ele foi atingido por uma facada logo após deixar o trabalho. Durante o expediente, ele teria advertido um grupo de rapazes que estava importunando duas clientes.
O proprietário do restaurante, Afonso Crisóstomos, conversou com o g1 e contou que tem cerca de 30 funcionários, entre portugueses, africanos, venezuelanos, mas que a maioria é de brasileiros. Disse que Kildery era uma pessoa simples, assim como irmã – que também trabalha para ele em um quiosque anexo ao restaurante.
“Ele era um rapaz alegre, sempre disponível, um bom moço. Foi lamentável o que aconteceu. Esses jovens poderiam ter resolvido de outra forma, mas usar uma faca? Foi muito imprevisível. Meus funcionários correram para tentar ajudar, o socorro tentou reanimar, mas infelizmente não teve mais jeito.”
A situação que resultou na morte do funcionário surpreendeu Afonso, que já estava em casa quando o crime ocorreu, cerca de 7 km do restaurante. Ele tem o empreendimento há mais de 20 anos e disse que nada semelhante havia ocorrido no local.
“Isso nunca aconteceu por aqui antes. É uma praia pacata, tranquila. Os jovens vêm aqui para se divertir e surfar. Até escolas e creches passeiam com as crianças por aqui. Em todos os esses que tenho o restaurante, nada parecido ocorreu”, disse.
“Era um moço”, disse dono do restaurante onde Kildery trabalhava em Portugal
Reprodução
‘Senti que deveria ajudar’
Segundo Crisóstomos, as circunstâncias do crime fez com que toda a equipe de funcionários se mobilizasse para dar assistência à família, que é de origem simples, do interior de Minas Gerais.
A irmã do jovem, Kesilley Silva, foi liberada do trabalho para acompanhar o envio do corpo para o Brasil e o funeral, em Ataleia, no Vale do Mucuri. “Ela pode ir tranquila. Se resolver retornar para Portugal, as portas de trabalho vão continuar abertas”.
Além de garantir o emprego para a irmã, o empresário decidiu custear o translado do corpo, assim que ele for liberado pela polícia judiciária.
“Não podia trazer o filho de volta, sou humano, não sou Deus. Mas poderia tentar amenizar a dor dessa mãe pagando para mandar o corpo para a família no Brasil. Não era minha obrigação, mas eu senti que deveria ajudar em gratidão não só a ele, mas ao povo brasileiro que vem viver em Portugal, que ajuda a preencher as vagas de emprego aqui”, disse Afonso.
Nesta sexta-feira (26), Kesilley Silva disse que assinou documentos relacionados ao corpo do irmão, mas informou que a data exata da liberação ainda não foi confirmada. O prazo estimado está entre oito e 10 dias.
O crime
Kildery Eduardo Ferreira da Silva, de 21 anos, morreu após ser atingido por uma facada, na noite da última terça-feira (23), na área de estacionamento, próximo ao restaurante onde trabalhava como garçom.
Segundo a irmã de Kildery, que também trabalha no local, o crime ocorreu quando ele já tinha terminado o expediente e aguardava a chegada de um carro de aplicativo. Momentos antes, ele teria defendido mulheres que estavam sendo assediadas.
“Tinha um grupo de rapazes mexendo com duas mulheres. Ele foi interromper, pediu para parar, eles pararam. Ele estava lá no estacionamento esperando, aí parece que os rapazes continuaram a mexer com as meninas e ele pediu para parar de novo e os rapazes perguntaram se ele queria ser agredido também e nisso eles deram uma facada nele”, disse a irmã.
Segundo a irmã Kildery Eduardo e ela foram juntos foi para Portugal há dois anos
Arquivo Pessoal
De acordo com a imprensa local, o suspeito preso foi encaminhado para a Secção de Homicídios da Polícia Judiciária (PJ) de Lisboa e Vale do Tejo, para posteriormente ser interrogado pela justiça do Tribunal de Cascais.
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