22/12/2024
21:48

Pais de vítimas de acidente na BR-116 relatam dor e choque: 'esperávamos uma notícia boa, mas veio essa ruim'

Motorista do ônibus do acidente na BR-116 não estava escalado para trabalhar, segundo família

Os pais do casal Juliana Nascimento dos Santos Fonseca, de 25 anos, e Gerenildo Silva da Fonseca, de 34, contaram que o casal estava a caminho de Poções, na Bahia, para visitar a família e dar início à construção de uma nova casa. Pais de Juliana Nascimento dos Santos Fonseca e Gerenildo Santos da Fonseca no IML de Teófilo Otoni
Jerry Santos/Inter TV dos Vales
Dos 41 mortos no grave acidente entre um ônibus, uma carreta e um carro na BR-116, em Teófilo Otoni, dois eram um casal prestes a realizar um sonho. Juliana Nascimento dos Santos Fonseca, de 25 anos, e Gerenildo Silva da Fonseca, de 34, viajariam de São Paulo até a cidade de Poções, no sudoeste da Bahia, onde planejavam visitar familiares e iniciar a construção da casa própria.
Jurandir Pereira dos Santos, pai de Juliana, contou que soube tentou contato com a filha e o genro, a quem ele também chamou de filho, no início da manhã.
“Eles iam chegar no sábado [dia do acidente]. Aí desde 6 horas da manhã a gente começou a mandar áudio, fazer ligação e eles não atendiam. Como era costume eles ligarem para a mãe 6 horas da manhã todos os dias para dar notícia, a gente ficou já na expectativa, esperando uma notícia boa, mas aí veio essa ruim”, disse.
Durante entrevista ao g1, Jurandir recordou que manteve as esperanças a todo instante, até o momento em que recebeu a confirmação dos óbitos.
“Chegou a notícia de que foram 12 sobreviventes. Falei: ‘Minha filha e meu genro podem estar no meio desses sobreviventes’. Mas, infelizmente, vieram a óbito, não escaparam com vida. Fiquei em choque e estou até agora”.
Juliana e Gerenildo não tinham filhos, estavam casados há sete anos e moravam em São Paulo, desde então. Ela era funcionária de uma loja, enquanto ele atuava no setor de construção civil. Há dois anos ela não via a família.
“A última conversa que nós tivemos foi que ela estava vindo para Bahia ‘ver nóis’ [sic], e estava satisfeita com a viagem dela. E nós também, esperando [pela chegada do casal]”, disse.
Eles planejavam passar 30 dias em Poções, período em que comemorariam as festas de fim de ano ao lado dos parentes e começariam a obra de uma casa, para que retornassem e morassem definitivamente perto da família. “Eles iam construir uma parte e deixar a outra para a gente concluir. Esse era o plano deles, voltar para ficar junto de ‘nóis’”.
O pai de Juliana detalhou que a filha, no último áudio enviado para a família, contou que a saída do ônibus atrasou cerca de 40 minutos. A previsão era de que ela e o marido chegassem em Poções por volta das 22h de sábado.
“Tenho os áudios dela no meu celular. Não vou apagar esses áudios, é a única lembrança que tenho, das últimas palavras dela, é isso aqui. Tá no meu celular.”
Ônibus da Emtram levou os familiares para o IML de Teófilo Otoni
Jerry Santos/Inter TV dos Vales
Os pais do casal moram em Poções e foram até Teófilo Otoni para coletar material genético, a fim de auxiliar no reconhecimento dos corpos. Eles viajaram em um ônibus disponibilizado pela Empresa Emtram, cujo veículo se envolveu no acidente.
“É difícil. Tô aqui mesmo não é porque eu quero não, é porque sou obrigado mesmo”, disse Germino Ferreira da Fonseca, pai de Gerenildo, que tomou conhecimento da tragédia através do noticiário.
“Soube pelo jornal de Salvador. Estava assistindo a televisão e vi o carro tombado lá né. Aí entrei em contato com a família e lá ninguém atendia”, lembrou o homem, detalhando que falou com filho pela última vez um dia antes do óbito.
“Ele vai e fica um ano. Aí na férias dele ele volta para cá, e a gente estava na expectativa, né. É muito difícil. Tô de coração partido, tô sofrendo muito. Até agora nem sei o que dizer”, disse Germino, muito abatido.
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O acidente
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O grave acidente na BR-116, ocorrido na madrugada de sábado (21), em Teófilo Otoni, envolveu um ônibus, uma carreta e um carro de passeio, deixando 41 mortos e 11 feridos.
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Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as primeiras informações são de que uma pedra de granito transportada pela carreta se soltou e atingiu o ônibus, que pegou fogo após a colisão. Um carro que seguia atrás da carreta também se envolveu no acidente ao bater na traseira do veículo.
O ônibus, que havia saído de São Paulo com destino à Bahia, transportava a maioria das vítimas. A tragédia é considerada a maior em rodovias federais desde 2007.
O trabalho de identificação dos corpos segue no Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte, para onde as vítimas foram transferidas devido à falta de estrutura em Teófilo Otoni.
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