REDAÇÃO – A leptospirose, doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, ganha destaque nos meses chuvosos, sobretudo entre dezembro e março, devido ao aumento significativo de casos associados às enchentes e alagamentos.
Segundo Mariana Gontijo, coordenadora estadual de Vigilância de Zoonoses da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a doença pode variar desde formas assintomáticas até quadros graves.
“Os sintomas iniciais, como febre, dor muscular, náuseas e vômitos, podem ser confundidos com outras doenças, como a dengue. Por isso, é essencial que profissionais de saúde estejam atentos ao histórico de exposição do paciente nos últimos 30 dias”, afirma.
A transmissão ocorre em áreas urbanas, devido a condições de saneamento e superpopulação de roedores, bem como em áreas rurais, nesses casos associada a atividades agropecuárias.
Situações de risco incluem contato com água ou lama de enchentes, lixo, fossas e locais com sinais de roedores. Nos casos graves, a leptospirose pode levar a complicações como insuficiência renal, hemorragias pulmonares e miocardite, sendo necessária atenção imediata aos sintomas.
“É importante considerar qualquer morte por leptospirose como evitável por meio de prevenção e cuidados adequados”, destaca Gontijo.
Enfrentamento
A SES-MG tem adotado uma série de medidas para enfrentar a leptospirose, que incluem:
- monitoramento contínuo, por meio de acompanhamento semanal das notificações de casos suspeitos e confirmados para caracterizar o cenário epidemiológico e direcionar ações locais;
- capacitação, com treinamento de profissionais de saúde para melhorar o diagnóstico e o tratamento da doença;
- divulgação de materiais técnicos e educativos, com o envio de publicações, notas técnicas e boletins aos municípios para fortalecer a vigilância e as estratégias de prevenção;
- emissão de alertas epidemiológicos, por meio de comunicados para municípios em períodos críticos, como chuvoso; e
- parcerias intersetoriais, para a implementação de planos de ação para controle de roedores, melhoria do saneamento e ações educativas voltadas à população.
Prevenção e tratamento
Entre as medidas para prevenção da leptospirose estão:
- utilizar botas e luvas ao limpar lama ou locais alagados;
- lavar áreas contaminadas com solução de água sanitária a 2,5%;
- armazenar alimentos em locais seguros, evitar acúmulo de entulho;
- consumir apenas água potável, filtrada ou fervida.
O diagnóstico é feito pela análise de amostras de sangue na Fundação Ezequiel Dias (Funed), utilizando métodos como Elisa-IgM, MAT ou PCR. O tratamento envolve o uso de antibióticos e deve ser iniciado imediatamente após a suspeita clínica.
Ao apresentar sintomas, é fundamental procurar atendimento médico e informar sobre qualquer exposição recente a situações de risco.
“O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são essenciais para evitar complicações graves”, indica a coordenadora.
Panorama em Minas Gerais
Em 2024, até o momento, Minas Gerais notificou 757 casos suspeitos, com 57 confirmações e dois óbitos registrados.
Em 2023, foram 1.077 casos notificados, 113 confirmados e seis óbitos por leptospirose no estado.
Historicamente, a doença tem maior prevalência nas regiões Centro-Sul e Triângulo Mineiro, reforçando a necessidade de ações específicas de vigilância e prevenção.
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