REDAÇÃO – Julho é o mês das tão aguardadas férias escolares. Para crianças e adolescentes, esse período representa descanso, diversão e novas experiências. No entanto, para os pais, responsáveis e cuidadores, é crucial manter a atenção redobrada, principalmente no mundo digital. A internet, embora possa ser uma fonte de entretenimento e aprendizado, é também um local de perigo. Em 2023, a Safernet recebeu 71.867 denúncias de imagens de abuso e exploração infantil on-line; aumento de 77,13% em relação ao ano anterior e o maior número em 18 anos.
A utilização moderada das telas é um desafio e tanto, pois se torna uma distração e muitas vezes uma necessidade, para que os responsáveis consigam desempenhar outras atividades. Por esse motivo, muitas vezes, eles acabam passando horas assistindo a filmes em aplicativos de streaming ou acessando jogos on-line. Além do alto tempo de exposição às telas, iniciam-se os riscos de estarem sem supervisão.
“As telas acabam sendo uma saída para tirar crianças ou adolescentes do tédio, mas é importante frisar que, além dos riscos de abuso e assédio que esse público corre neste ambiente, existem também outros problemas. Um estudo da revista Pediatrics, por exemplo, mostrou que o tempo excessivo de tela está diretamente ligado ao atraso no desenvolvimento, principalmente porque esse tempo poderia ser ocupado e preenchido com brincadeiras e atividades que auxiliam no desenvolvimento psicossocial”, destaca Mauricio Cunha, diretor de pais do ChildFund Brasil, organização que há 57 anos atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Dicas para proteger crianças e adolescentes de crimes on-line
Nos últimos anos, o Brasil tem presenciado um crescimento nos crimes de abuso e assédio sexual infantil on-line. Mesmo com a atenção e o cuidado dos responsáveis, que se esforçam para acompanhar cada passo dos seus filhos no mundo virtual, algumas medidas podem ser cruciais para garantir a segurança das crianças. São elas:
- Controle parental: é importante que, caso a criança ou adolescente manuseie um celular, com aplicativos e redes sociais, o controle parental seja ativado. Com isso, o responsável pode ter acesso ao histórico de navegação, limitar tempo de uso, download de aplicativos e outras funções, de acordo com a idade da criança. Em alguns sistemas é possível ativar o controle no celular inteiro, mas alguns aplicativos disponibilizam, de forma individual, o “modo infantil”;
- Fique atento aos sinais: crianças ou adolescentes que estão passando por abuso ou exploração sexual on-line, tendem a ter comportamentos diferentes, como baixa autoestima, vergonha, medo, culpa, entre outros sentimentos. Em alguns casos, o criminoso que está do outro lado da tela pode estar chantageando e contribuindo para essas mudanças;
- Conversa e segurança: além de perceber os sinais de mudança, ter um contato direto, baseado na confiança e segurança, é uma forma da criança ou adolescente, que esteja passando pelo problema contar sobre o ocorrido logo no início. Incentive o diálogo e busque mostrar que você é uma pessoa com quem ela pode contar e que irá ajudá-la;
- Aborde o tema: dependendo da idade, a criança não conseguirá identificar o que está acontecendo com ela. Por este motivo, é importante que alguns movimentos sejam explicados, como a abordagem de estranhos, o contato frequente via mensagem, a solicitação de fotos ou outros dados pessoais;
- Estabeleça limites: defina horários específicos para o uso da internet e de dispositivos eletrônicos. Nos momentos sem celular, privilegie brincadeiras, momentos em família, leitura e atividades e esportes ao ar livre;
- Busque ajuda profissional: mesmo seguindo todas as dicas, pode ser difícil manter os jovens longe da internet. Para isso, busque a ajuda de psicólogos, terapeutas ou educadores especializados em educação digital. Workshops, palestras, livros e lives sobre o tema também podem ajudar.
Que tal brincar longe das telas?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças menores de dois anos não tenham nenhum acesso ou contato com telas. Um dos motivos para a recomendação são os atrasos no desenvolvimento cognitivo e psicomotor, aumentando ainda as chances de atrapalhar o sono e o rendimento escolar. Os problemas podem se tornar ainda maiores caso a criança deixe de fazer atividades e brincadeiras práticas.
O brincar, até certa idade, é considerado a linguagem da criança. Por meio das interações e dos momentos lúdicos entre pais, mães, cuidadores e crianças, os impactos se tornam duradouros e positivos, especialmente na primeira infância. Essas atividades desempenham um papel crucial no desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor, além de oferecerem uma oportunidade para estreitar os vínculos e fortalecer os laços familiares. Chamamos esses momentos de parentalidade lúdica, quando a família está presente. Para as crianças, a sensação de segurança e proteção aumenta, pois elas veem essas pessoas como figuras carinhosas e confiáveis.
“É com a parentalidade lúdica que entra novamente a segurança de falar sobre o que está acontecendo. Essas brincadeiras e conversas devem ser reforçadas desde a primeira infância e seguir na adolescência. O ChildFund Brasil também busca incentivar esses momentos, por meio de projetos, nos quais a criança aprende brincando”, explica Maurício.
Uma dessas iniciativas é o “Eu Me Amo, Eu Me Cuido”, série de atividades idealizada pelo ChildFund e implementada nas comunidades, em conjunto com as organizações parceiras. Por meio de oficinas educativas e momentos lúdicos, as crianças têm a oportunidade de desenvolver competências e habilidades que promovem a saúde integral, o autocuidado e a autoproteção. Pais, mães, cuidadores, líderes comunitários e docentes das escolas também participam das atividades, fortalecendo a parentalidade lúdica e o vínculo das famílias e de toda a comunidade. “Se eu me amo, eu me cuido. O cuidado é a maior expressão de amor. Ao incentivar momentos de brincadeiras e reforçar os vínculos nas famílias estamos contribuindo, também, na prevenção de violências contra crianças, tanto no ambiente físico quanto no virtual”, completa Águeda Barreto, coordenadora de advocacy do ChildFund Brasil.
Sobre o ChildFund Brasil
O ChildFund Brasil é uma organização que atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, para que tenham seus direitos respeitados e alcancem o seu potencial. A fundação no Brasil foi em 1966, e sua sede nacional se localiza em Belo Horizonte (MG). A organização faz parte de uma rede internacional associada ao ChildFund International, presente em 23 países e que gera impacto positivo na vida de 21,1 milhões de crianças e suas famílias; e foi eleita a melhor ONG de assistência social em 2022, e a melhor para Crianças e Adolescentes do Brasil, por três anos (2018, 2019 e 2021), além de estar presente, também, entre as 100 melhores por seis anos consecutivos pelo Prêmio Melhores ONGs. Para mais informações, acesse www.childfundbrasil.org.br.
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