A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à fábrica da Gerdau em Ouro Branco, na região Central de Minas Gerais, nesta terça-feira (11), foi além da celebração pelos R$ 1,5 bilhão investido na expansão da unidade. O evento também serviu como palco para o setor produtivo de aço apresentar suas preocupações ao governo federal. O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que espera anúncios de medidas governamentais nos próximos 60 dias.
Ele destacou que a presença de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de ministros na fábrica foi uma oportunidade para mostrar que as preocupações do setor vão além dos números econômicos.
“Eles vindo aqui hoje e vendo – uma imagem vale mais que mil palavras – eu acredito que novas medidas de proteção devem ser implantadas no Brasil. A gente está próximo de vencer uma primeira etapa de defesa comercial (das negociações sobre tarifas do aço) agora em maio e estou muito confiante que depois do que fizemos aqui hoje, o governo vai implantar novas medidas, um pouco mais duras, para impedir esse volume enorme de aço que entra no Brasil de forma desleal, numa competição sem isonomia”, disse. “A expectativa é que ocorra em breve, nos próximos 60 dias”, afirmou.
O CEO da maior produtora de aço do país explicou que as medidas esperadas incluem o aumento de tarifas de importação e a revisão de cotas diferenciadas de tributação. “Existem várias propostas em discussão, desde aumentar o valor da tarifa até eliminar as cotas que permitem a entrada de aço com impostos reduzidos. O objetivo é garantir que cada tonelada de aço que entra no Brasil seja taxada de forma justa”, detalhou Werneck.
Para o CEO da Gerdau, a concorrência com o aço importado é a maior preocupação. “É incrível porque a gente sabe muito bem o preço do minério que é vendido, especialmente para a China, e a gente vê aço entrando no Brasil com um preço mais baixo do que eles pagam no minério. É clara prática que não segue os mecanismos da Organização Mundial do Comércio (OMC). É impossível que o aço chegue ao Brasil por um preço menor do que o preço do minério que eles compram”, explica.
Questionado sobre as tarifas sobre a importação de aço propostas nos Estados Unidos pelo governo Donald Trump não são um problema para a empresa, pois o país não é destino das exportações da empresa.
O executivo ressaltou que, historicamente, o aço importado representava cerca de 11% do mercado nacional, mas esse percentual teria chegado a 25%. “Como a gente vai seguir produzindo com um investimento igual a esse que nós fizemos aqui hoje competindo com um aço que chega a um preço que a gente não consegue competir”, questionou Gustavo Werneck.
Apesar das críticas, Werneck avaliou que o diálogo com o governo tem sido produtivo e demonstrou confiança na adoção de medidas que protejam a indústria nacional.
O evento em Ouro Branco marcou a celebração do investimento de R$ 1,5 bilhão da Gerdau na modernização e expansão da fábrica, que deve aumentar a capacidade produtiva da empresa.