(foto: Fabio Menotti/Palmeiras)
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) formalizou uma denúncia à Conmebol, nessa sexta-feira (7/3), sobre o caso de racismo sofrido pelos jogadores do Palmeiras na partida contra o Cerro Porteño, do Paraguai, pela Libertadores Sub-20. A entidade informou sobre a ação em suas redes sociais.
O documento enviado pela CBF tem 29 páginas e cobra “tolerância zero contra atos discrimiatórios e exige severa punição esportiva aos torcedores e ao clube paraguaio”. Além disso, a entidade alega que a arbitragem da partida não cumpriu o protocolo global da Fifa contra racismo.
Com isso, a CBF pede uma punição aos torcedores do Cerro Porteño e a exclusão do time paraguaio da competição.
“Para a CBF, o racismo é um crime que fere a dignidade, a integridade e os princípios fundamentais do esporte e deve ser punido com penas que impactem fortemente os responsáveis”, diz parte da nota.
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, acredita que é momento de se aplicar punições mais severas. “O que a gente espera da Conmebol é rigor. Basta de racismo e de multas que não levam a nada. Queremos punições esportivas”, disse.
‘Obrigação moral e institucional’
Em trecho do documento enviado pela CBF, a entidade afirma ser mais do que uma necessidade jurídica. “O futebol deve ser espaço de igualdade e respeito. Por isso, a punição do Cerro Porteño e dos envolvidos não é apenas uma necessidade jurídica, mas uma obrigação moral e institucional, para que o combate ao racismo deixe de ser um discurso vazio e passe a ser uma realidade concreta.”
Na denúncia, a CBF argumentou, ainda, que o futebol sul-americano carrega um histórico de impunidade em relação a atos racistas e que as sanções aplicadas são, na maioria das vezes, insignificantes para coibir novas ocorrências. “Frise-se que a esmagadora maioria das vítimas advém do solo brasileiro”, reforça a denúncia.
Cópias dos documentos foram enviadas para os presidentes da FIFA, Gianni Infantino, e da Conmebol, Alejandro Domínguez. “O combate ao racismo é uma das prioridades da CBF, a primeira confederação a implementar punição desportiva em seu Regulamento Geral de Competições para casos de racismo”, finalizou em comunicado.
Caso de racismo
O meio-campista Figueiredo e o atacante Luighi, ambos do Palmeiras, foram alvos de racismo em partida contra o Cerro Porteño pela Libertadores sub-20. O primeiro deixava o gramado para ser substituído quando viu um torcedor, com criança no colo, dirigir-se a ele e fazer gestos imitando macaco. Luighi passou pelo local e também foi vítima dos gestos e recebeu cusparadas.
O atacante tentou alertar o árbitro. Mas o juiz apenas paralisou o jogo momentaneamente para desfazer a aglomeração na parte lateral do gramado. Pouco depois, Luighi foi flagrado chorando no banco de reservas. Na entrevista pós-jogo indignou-se pela falta de questionamento sobre a situação e cobrou a Conmebol.
O Palmeiras venceu o Cerro Porteño por 3 a 0 e avançou à semifinal da Libertadores sub-20. O time paulista lidera o Grupo C, com seis pontos, e ainda tem mais um compromisso, contra o Independiente del Valle-EQU, neste domingo (9/3), a partir das 19h (de Brasília).