O presidente está há cinco meses enviando sinais a dois pré-candidatos: Fuad Noman (PSD), que disputará a reeleição, e o deputado federal Rogério Correia (PT)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou em andamento uma estratégia para escolha de quem vai apoiar na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, e a tática não é nova. Foi utilizada em Minas pelo próprio Lula no período pré-eleitoral de 2022, ano em que o país elegeu o atual presidente, um senador por Estado, deputados federais e estaduais. Naquele ano, estavam na briga pela indicação ao Senado o atual ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e o deputado federal Reginaldo Lopes (PT). A estratégia é popularmente conhecida como “cozinhar o galo”.
A expressão remete à preparação da ave, que tem carne dura e, por isso, exige tempo maior de preparação. O presidente está há cinco meses, desde sua primeira visita a Minas em seu terceiro mandato, enviando sinais a dois pré-candidatos: Fuad Noman (PSD), que disputará a reeleição, e o deputado federal Rogério Correia (PT). Da dupla, pelo cenário atual, sairá o ungido por Lula.
Assim que desembarcou em Belo Horizonte no dia 9 de fevereiro, Lula se deixou fotografar ao lado de Fuad em selfie feita pelo prefeito e publicada instantes depois nas redes sociais do chefe do Poder Executivo municipal. Enquanto isso, nas semanas seguintes, Rogério Correia, em publicações nas plataformas digitais e entrevistas, frisava ser o vice-líder da base de Lula na Câmara e postava fotos ao lado do presidente em visitas ao Palácio do Planalto.
Em 14 de junho, Lula determinou que o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, viesse a Belo Horizonte para representá-lo em encontro com estudantes. A passagem do ministro pela capital incluiu visita à área onde funcionava o aeroporto Carlos Prates, que era administrado pela Infraero.
Na visita de 9 de fevereiro a Belo Horizonte, Lula havia anunciado, em cerimônia com a presença de Fuad, a transferência da área para a prefeitura para a construção de postos de saúde e escolas. A agenda de Macêdo na área do aeroporto aconteceu ao lado de Rogério Correia.
Questionado se participaria da visita do ministro ao local, o prefeito afirmou na época que não iria nem enviaria representante. O “climão” foi desfeito na visita mais recente do presidente a Minas, nos dias 27 e 28 de junho. Assim que desembarcou, Lula voltou a posar para fotografia ao lado de Fuad. Em seguida, foi a Contagem para encontro com a prefeita Marília Campos (PT).
No dia seguinte, o presidente anunciou em Belo Horizonte investimentos para o Estado. Alegando compromissos pré-agendados, Fuad não participou do anúncio, que não continha recursos para projetos na capital. Lula, na mesma data, em entrevista a O TEMPO, antes da cerimônia no Minascentro, disse que seu candidato na disputa pela Prefeitura de BH é Rogério Correia.
Aliados de Fuad e Rogério avaliam o comportamento do presidente como uma maneira de deixar o tempo correr e ver quem pode chegar com mais força às vésperas do pleito. O prazo para as convenções partidárias, quando as legendas precisam oficializar os nomes para a disputa, começa em 20 de julho e vai até 5 de agosto.
