BRASÍLIA – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas apresenta nesta terça-feira (11) o relatório final em que pede o indiciamento de Bruno Tolentino, tio do jogador Lucas Paquetá, por suspeita de envolvimento em um esquema de manipulação de resultados no futebol.
O documento, que deve ser votado na quarta-feira (12), aponta que Tolentino teria repassado quantias expressivas de dinheiro a atletas envolvidos no esquema, incluindo Luiz Henrique, jogador do Botafogo.
Outro indiciamento é do empresário William Pereira Rogatto, conhecido como “Rei do Rebaixamento”, preso pela Interpol, em Dubai, nos Emirados Árabes, em 8 de novembro. Ele é suspeito de manipulação de resultados de futebol e campeonatos. Em depoimento à CPI, ele admitiu a manipulação de jogos de futebol no Brasil e disse ter ganho aproximadamente R$ 300 milhões nesse esquema, que lucra com o rebaixamento de times.
O relatório pede o indiciamento ainda de Thiago Chambó Andrade, empresário que é investigado pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás. Ele também está preso e é acusado de cooptar jogadores para adulterarem resultados de partidas de futebol.
Movimentações bancárias analisadas pela CPI mostraram que Bruno Tolentino transferiu R$ 30 mil para Luiz Henrique em 6 de fevereiro de 2023, dias depois de o jogador receber um cartão amarelo durante uma partida do Campeonato Espanhol, quando ainda atuava pelo Betis. A suspeita é de que o cartão tenha sido parte de um esquema de manipulação para beneficiar apostas.
De acordo com a investigação, Tolentino movimentou valores incompatíveis com seu patrimônio declarado. Os dados financeiros obtidos pela comissão revelam que, em um período de 258 transações bancárias, ele pagou a si mesmo um montante de R$ 839.696,44, além de ter realizado várias operações com empresas ligadas ao setor de apostas esportivas, como a Pay By Betano.
A suspeita é que o esquema envolvia outros familiares de Lucas Paquetá, incluindo seu irmão Matheus Tolentino Coelho de Lima, que recebeu R$ 65 mil em dez transações suspeitas. Não foi pedido o indiciamento do jogador, mas existe a suspeita sobre o possível envolvimento dele no esquema.