A expressão “gato escaldado tem medo de água fria” cai bem sobre o momento vivido pelo prefeito Fuad e aliados na Câmara de Vereadores. O grupo do atual chefe do Poder Executivo, reeleito no pleito de outubro, tenta, ao menos oficialmente, evitar falar sobre a eleição para a presidência da Casa, marcada para dia 1º.
O líder do prefeito, vereador Bruno Miranda (PDT), sempre que perguntado, diz ser necessário antes encerrar a legislatura para começar a tratar da sucessão na Casa. “Só vou conversar sobre a Mesa depois do dia 23”, afirmou o parlamentar, na quarta-feira (18 de dezembro), ao ser questionado sobre o assunto na cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos.
A data se refere à próxima segunda-feira, para quando está marcada a última sessão do Plenário da Casa em 2024. Os principais projetos de lei de interesse do prefeito já foram aprovados pelos vereadores, como empréstimos para obras e a reforma administrativa. Porém, ainda há a previsão de análise de vetos, também de interesse da prefeitura.
O pé atrás do grupo do prefeito em tocar no assunto no momento pode ser justificado pelo que ocorreu há dois anos, na última eleição para o comando da Casa, em 12 de dezembro de 2022. Na ocasião, o vereador Gabriel Azevedo, então sem partido, hoje no MDB, venceu a disputa para o cargo, gestão que se encerra no próximo dia 31.
A vitória de Azevedo foi contra o candidato apoiado por Fuad, o vereador Professor Claudinei Dulim (Avante). A partir de então, o prefeito passou a ter dificuldade para aprovar projetos na Casa, situação que perdurou até a sua vitória no segundo turno da disputa pela reeleição, em 27 de outubro. A partir de então os textos começaram a ser aprovados.
A mudança no humor da Casa foi justificada por vereadores com o fato de Fuad ter demonstrado força ao vencer a eleição para comandar a prefeitura por mais quatro anos. O atual chefe do Poder Executivo era vice de Alexandre Kalil, que deixou a prefeitura em março de 2022 para disputar o Palácio Tiradentes.
Kalil também não tinha um bom relacionamento com a Câmara.
Enquanto aliados de Fuad alegam esperar o melhor momento para iniciar as conversas sobre a sucessão na Casa, o grupo conhecido no Poder Legislativo conhecido como “Família Aro”, próximo ao secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro (Progressistas), conta os dias para o dia da eleição.
“Claro que agora a gente tá também pensando na Mesa-Diretora, porque ela será importante para todos nós. Estamos trabalhando muito para isso. Vamos eleger o Juliano Lopes, se Deus quiser. Todo mundo está empenhado”, afirma o vereador Claudio do Mundo Novo (PL), um dos integrantes da “Família Aro”.
Do grupo participam oito dos 41 vereadores da Casa. O grupo já indicou cargos no governo Fuad, mas não participa mais do governo. Na Cãmara, ao menos por enquanto, vem votado a favor da prefeitura na maior parte das votações. O grupo já lançou candidato ao comando da Casa para a disputa do dia 1°, o vereador Juliano Lopes (Podemos), único concorrente anunciado até o momento.
Como forma de pressionar o prefeito, no dia posterior à sua reeleição, a “Família Aro” postou foto nas redes sociais já defendendo Lopes para o comando da Casa. Fuad, porém, não se posicionou a favor nem contra a candidatura. O aliado destacado para tratar da eleição na Mesa-Diretora, o vereador e vice-prefeito Álvaro Damião (União), afirma que o governo no ano que vem não vai se envolver na sucessão na Casa.