Fernando Diniz atingiu o patamar dos sonhos em 2023: ao mesmo tempo em que conquistava a Copa Libertadores com o Fluminense, o técnico comandava de forma interina a Seleção Brasileira. Esse período de encanto, no entanto, foi como um devaneio. No primeiro semestre de 2024, o treinador foi demitido dos dois cargos. Depois, ainda assumiu um trabalho complicado no Cruzeiro, que tem já data marcada para terminar.
A passagem pela Toca da Raposa acabará após a 38ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro encerra o ano contra o Juventude, no domingo (8/12), a partir das 16h, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul.
Diniz foi contratado em setembro, como substituto de Fernando Seabra, também demitido por causa de maus resultados no Brasileirão. Em nenhum momento o técnico conseguiu entregar números ou bom desempenho na Raposa, que tem apenas 28,6% de aproveitamento sob o seu comando – duas vitórias, seis empates e seis derrotas.
O pior desses tropeços ocorreu no dia 23 de novembro. Com atuação abaixo da média, o Cruzeiro sucumbiu diante do Racing, na final da Copa Sul-Americana. Os argentinos levantaram o título após baterem os mineiros por 3 a 1 no Estádio General Pablo Rojas (La Nueva Olla), em Assunção, no Paraguai.
Último anseio pelo Cruzeiro
Para fechar o ano de forma menos melancólica, Diniz precisa conquistar os três pontos contra o Juventude e torcer por tropeço do Bahia diante do Atlético Goianiense, na Fonte Nova, em Salvador. Essa é a única combinação de resultados que classificará o Cruzeiro à Libertadores de 2025.
Diniz viveu sonho frustrado na Seleção Brasileira
Após a Copa do Mundo de 2022, Tite deixou a Seleção. Sem reposição pré-definida, a Confederação Brasileira de Futebol colocou o técnico da equipe Sub-20, Ramon Menezes, como interino. A passagem do ex-meia pelo cargo durou três jogos – uma vitória e duas derrotas em amistosos.
Ali, começava uma novela por Carlo Ancelotti. À espera do vitorioso treinador italiano, que nunca confirmou publicamente se trocaria o Real Madrid pela CBF, o presidente Ednaldo Rodrigues anunciou que Diniz, do Fluminense, seria o interino da Seleção entre julho de 2023 e o início da Copa América, em junho de 2024.
A passagem de Diniz não terminou com o fim desejado por ele. O treinador foi demitido em janeiro deste ano, antes do início da preparação para o torneio continental, momento em que o plano por Ancelotti foi oficialmente encerrado.
Até quando ainda estava em alta no Fluminense, Diniz não conseguiu conciliar os dois trabalhos e emplacar ideias na Seleção. Os números no período como interino foram baixos: duas vitórias, um empate e três derrotas nas Eliminatórias para o Mundial de 2026.
Sem Ancelotti e com Diniz fora, a CBF anunciou que Dorival Júnior era o escolhido para comandar o Brasil na Copa América e em todo o restante do ciclo.
“Queria que tivesse sido diferente, mas temos que tocar a vida em frente. Tenho muita clareza daquilo que fiz para a Seleção Brasileira e o meu contato com os jogadores. Eu tinha muita convicção de que, com mais tempo, iria dar resultados muito importantes. Tinha um feeling claro disso. Quem estava internamente também tinha nitidez do que estava sendo feito. Seis jogos é uma amostragem extremamente pequena”
Fala de Fernando Diniz, em fevereiro
Um rei deposto no Fluminense
Por ter jogado o Mundial de Clubes, em dezembro, o Fluminense iniciou 2024 com pouco tempo de preparação. O desgaste era grande, e o time não conseguiu performar bem nos primeiros meses da temporada.
Então bicampeão, o Tricolor foi eliminado pelo rival Flamengo nas semifinais do Campeonato Carioca. Na Recopa Sul-Americana, apesar da oscilação de desempenho, outro sonho foi realizado.
Diniz conseguiu a tão esperada vingança da torcida do Fluminense diante da LDU. Os equatorianos venceram o clube nas traumáticas finais da Libertadores de 2008 e da Sul-Americana de 2009.
Em abril, a diretoria renovou com Diniz até o fim de 2025. Curiosamente, o treinador permaneceu apenas mais um mês no cargo. Em maio, o Tricolor Carioca amargava a 20ª posição do Campeonato Brasileiro, com seis pontos em 11 jogos.
Ainda que estivesse classificado às oitavas de final da Copa do Brasil e da Libertadores, o técnico fazia o pior início da história do clube nos pontos corridos e não esboçava sinal de reação, o que causou a demissão.
“Peço desculpa pelo momento que a gente está passando de não conseguir vencer, mas nunca faltou entrega e coragem para fazer as coisas. O futebol para mim nunca foi mecânico, apartado da vida, do sofrimento, do choro e da alegria. Vou continuar assim, não vou me dobrar nunca ao sistema”, disse Diniz em lágrimas, ao comentar a saída do Fluminense.
A notícia Diniz foi demitido do Cruzeiro, do Fluminense e da Seleção em 2024 foi publicada primeiro no No Ataque por João Victor Pena