Como em um jogo de xadrez, o Atlético foi sutil para mover peças, e o resultado – direto e indireto – dessa ação foi elevar a tensão no Botafogo antes da final da Copa Libertadores 2024. Os clubes disputam a taça do torneio continental no sábado (30/11), às 17h, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, capital da Argentina, e o time carioca chegará à decisão no momento mais tenso da temporada.
Tudo começou no encontro dos times. Dez dias antes da decisão, precisamente na quarta-feira (20/11), Atlético e Botafogo se enfrentaram no Independência, em Belo Horizonte, pela 34ª rodada do Campeonato Braisleiro, e empataram por 0 a 0.
Dentro de campo, o Galo moveu uma peça chamada ‘confiança’. Apesar da má fase e sem vencer uma partida desde 22 de outubro – triunfo por 3 a 0 sobre o River Plate, na Arena MRV, pela ida da semifinal da Libertadores -, o time de Gabriel Milito competiu bastante e, com uma escalação alternativa e um jogador a menos desde a etapa inicial – Rubens foi expulso no minuto 40 -, mostrou ao adversário o perfil de luta que será visto na decisão da Libertadores.
Já a peça do ‘calor’ foi movimentada de forma indireta com as diversas discussões durante a partida e a briga entre seguranças e jogadores do Botafogo com profissionais do Independência após o apito final. Até então, tratava-se de uma decisão continental sem nenhuma polêmica ou rivalidade, já que os clubes não protagonizaram duelos tão marcantes nos últimos anos. Porém, os ânimos exaltados dos próprios atletas aqueceram o duelo em Buenos Aires.
Os atacantes Luiz Henrique e Hulk trocaram farpas. O zagueiro Barboza xingou e chamou para briga diversos jogadores do Atlético, como Everson, Battaglia e Paulinho. E o ápice deste calor foi quando o lateral Alex Telles se irritou com uma pergunta de um jornalista, um membro da comissão técnica botafoguense pediu à imprensa para que aquele momento não fosse gravado, e os seguranças do Botafogo e do Independência iniciaram uma briga na entrada do vestiário.
Confiança para o Atlético. Irritação para o Botafogo. A movimentação de peças dez dias antes da final da Libertadores provocou uma mudança de panorama. E foi além.
Confusão para o Botafogo antes da final da Libertadores
A tensão com as confusões no Independência pode ter prejudicado o Botafogo na sequência da temporada, mas nada atrapalhou mais o clube carioca que o próprio resultado. Como, mais cedo, o Palmeiras havia vencido o Bahia por 2 a 1, na Fonte Nova, o clube carioca sabia que estava deixando o jogo do Atlético com apenas dois pontos de margem na liderança.
E essa vantagem encurtada gerou mais pressão interna. O resultado disso foi um novo tropeço no Campeonato Brasileiro – o terceiro empate seguido. No sábado (23/11), o Botafogo ficou no 1 a 1 com o Vitória, repetiu as atuações decepcionantes contra Cuiabá e Atlético e viu o Palmeiras assumir a ponta com os mesmos 70 pontos, mas com uma vitória a mais.
A partir deste momento, a confusão se faz presente. Quatro dias antes da final da Libertadores, o time do Rio de Janeiro visitará o Palmeiras no Allianz Parque – terça-feira (26/11), às 21h30 -, em jogo que pode, praticamente, definir o Brasileiro: se vencer o rival direto em casa, o atual líder precisaria de mais um triunfo nas duas rodadas restantes para garantir o tricampeonato consecutivo da Série A.
Logo, é um jogo extremamente decisivo para o Botafogo. A confusão é: poupará jogadores contra o Palmeiras visando à final da Libertadores? Simultaneamente, o Atlético jogará com o Juventude, no Independência, e poderá dar descanso aos seus principais atletas. Ou seja, as próprias movimentações de peças do Galo há alguns dias acarretaram uma certa confusão no planejamento do rival na disputa pela taça da Libertadores.