O Cruzeiro conquistou o Campeonato Mineiro pela terceira vez na tarde desta quarta-feira (20/11), ao derrotar o América por 3 a 0, no Mineirão, em Belo Horizonte. Principal peça da equipe, Byanca Brasil explicou por que não entrou no confronto como titular, fez cobranças à Federação Mineira de Futebol (FMF) e exaltou a Raposa.
O nome de Byanca Brasil estampou a escalação celeste, divulgada uma hora antes da decisão. No entanto, quando o time entrou em campo, a atacante permaneceu no banco de reservas e deu lugar a Fernanda Tipa.
A ausência rapidamente ganhou proporção, e o técnico Jonas Urias disse que se tratava de uma opção técnica. Evidentemente, a justificativa não ganhou adesão, já que a camisa 10 da Raposa costuma ter vaga cativa entre as 11 e havia marcado quatro gols na vitória por 11 a 0 sobre o Nacional, no jogo de volta da semifinal.
Apesar do desfalque de última hora, o Cruzeiro impôs o ritmo desde o primeiro minuto da grande decisão. Ocupando o campo de defesa do América em toda a etapa inicial, marcou dois gols, com Rafa Andrade, aos 27 minutos, e Marília, aos 44. Na volta do intervalo, logo aos dois minutos, Gio Queiroz, de pênalti, ampliou para as Cabulosas e liquidou o título. A Raposa desceu um pouco as linhas, e o América passou a buscar o gol, mas não obteve sucesso e sequer assustou.
Enquanto o relógio passava, o torcedor celeste se perguntava se viria Byanca Brasil participar do duelo. Parecia que não, até que, aos 50 minutos da etapa final, Jonas Urias acionou a atacante no lugar de Miriã. Visivelmente emocionada na beira do gramado, a camisa 10 foi ovacionada pelos torcedores cruzeirenses quando anunciada no Gigante da Pampulha e recebeu a braçadeira de capitã de Rafa Andrade.
Por que Byanca Brasil não atuou como titular?
Em dois minutos, a atleta não teve a oportunidade de contribuir ativamente. Após a partida, ela sanou os pontos de interrogação e explicou que sentiu incômodo – mas não o especificou. Aproveitou a deixa para atribuir ao Cruzeiro o status de maior equipe de Minas Gerais.
“Acabei sentindo. Coisas de atleta. Infelizmente, deixei a desejar num momento decisivo para o Cruzeiro mais uma vez. Mas não é sobre a Byanca, não é sobre uma atleta, é sobre o Cruzeiro, é sobre o tamanho desse clube, o maior de Minas, está comprovado mais uma vez”
Byanca Brasil, atacante do Cruzeiro
Cobranças à FMF
Na sequência, Byanca Brasil mudou o foco para o coletivo. Pediu licença para falar do futebol feminino no estado e mandou recado à FMF.
“Não quero falar aqui sobre mim, e sim sobre a competição. Quero falar sobre duas grandes equipes de Minas que chegaram numa grande final. Estamos num grande palco, acho que a federação pode ter um pouquinho mais de carinho, um olhar muito mais crítico para o futebol feminino. Se quer público, acho que poderia ser muito mais organizado, abrir muito mais setores. A gente quer isso, o público não só para o Cruzeiro, mas para futebol feminino. Então eu deixo esse recadinho para a federação, que tenha um olharzinho de carinho”, pontou.
Pela primeira vez na atual temporada, o Mineirão foi palco de uma partida de futebol feminino. O histórico estádio, inclusive, recebeu apenas 12 jogos da modalidade desde a reforma para a Copa do Mundo de 2014. Desses, seis foram pela Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e seis por clubes, incluindo as finais do Mineiro de 2020, 2021 e 2022.
Nesta quarta-feira, 3.206 pessoas foram ao Gigante da Pampulha assistir à decisão entre Cruzeiro e América. O recorde de público em duelos de clubes pertence ao confronto entre Cruzeiro e Atlético, na final de 2022.
De olho em 2025
O Cruzeiro, é claro, já está de olho na próxima temporada, assim como Byanca Brasil. Com contrato renovado até 2028, a atacante pretende alçar voos ainda maiores. Ao olhar para o ano que passou, reconheceu a importância da torcida, das companheiras de equipe, da comissão técnica e dos dirigentes.
Cada ano a gente vem provando isso. Quanto mais estrutura, a gente vai conseguir entregar muito mais. A gente está evoluindo. Temos uma grande comissão, um grande técnico, que é o Jonas. Ele sabe construir muito bem. A gente tem o apoio do nosso clube, uma grande estrutura, isso realmente faz diferença. Não é à toa que grandes equipes, como o Corinthians, chegam sempre em finais, porque entregam muito para elas. O Cruzeiro tem esse olhar crítico, que foi construído lá atrás com o Ronaldo, agora com o Pedrinho, Kim, Bárbara. A nossa equipe é muito forte, não só dentro de campo, mas fora todo mundo tem uma ideia muito boa e entende o que é futebol feminino. A gente está numa crescente muito boa e vamos construir um grande legado
Byanca Brasil, atacante do Cruzeiro
Byanca Brasil no Cruzeiro
A camisa 10 chegou ao Cruzeiro em janeiro de 2023. Desde então, entrou em campo 48 vezes, marcou 41 gols e distribuiu 10 assistências. Capitã, acumula dois títulos do Mineiro.
Na carreira, já conquistou, também, uma edição da Copa do Brasil (2016, pelo Corinthians), duas da Copa Libertadores (2017, pelo Corinthians, e 2022, pelo Flamengo), uma do Campeonato Gaúcho (2020, pelo Internacional) e uma do Campeonato Paulista (2022, Palmeiras).
A notícia Byanca Brasil explica ‘ausência’ na final do Mineiro, cobra FMF e exalta Cruzeiro: ‘Maior de Minas’ foi publicada primeiro no No Ataque por Sofia Cunha