05/11/2024
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Tim Walz: Líder pragmático e experiente no Partido Democrata

Tim Walz: Líder pragmático e experiente no Partido Democrata

Timothy James – ou somente Tim Walz – tem 60 anos e foi o escolhido pela candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, como seu vice. Com uma carreira marcada por sua atuação como professor e congressista, Walz é um democrata experiente, que foi parlamentar por 12 anos no Congresso antes de se tornar governador de Minnesota, em 2018. O democrata construiu sua reputação como um líder pragmático, voltado para políticas progressistas. “É a honra da minha vida aceitar essa nomeação para ser vice-presidente dos Estados Unidos”, declarou ao ser escolhido.

O vice de Kamala tem um perfil carismático, que privilegia saúde, educação, direitos humanos, justiça social e demais pautas globalistas, segundo analisa a doutora em ciências sociais com ênfase em política na PUC-SP Juliana Fratini. “Assim como o vice de Trump, integrou as Forças Armadas e se formou em ciências sociais (JD Vance se formou em ciência política, que é uma vertente da ciência social), ou seja, também possui uma percepção crítica da sociedade, porém com mais experiência na aplicação prática de conceitos, dado o histórico político mais amplo e a vivência etária (ele está na casa dos 60 anos)”, afirma a especialista.

Embora não fosse o candidato inicialmente esperado, ele tem superado as expectativas, mostrando uma habilidade de diálogo eficaz com setores da sociedade onde a Câmara tradicionalmente tem menos acesso, explica a professora de relações internacionais da ESPM Denilde Holzhacker. “O fato de Waltz ser um governador bem-sucedido ajuda a suavizar essa resistência”, diz.

Durante a campanha, Tim Walz tem desempenhado um papel ativo, focando temas cruciais e com forte impacto no eleitorado da classe média e trabalhadora. Em comícios e eventos políticos, Walz busca reforçar o compromisso da chapa Harris-Walz com a proteção da democracia e a promoção de uma economia inclusiva.

Além disso, ele tem utilizado sua experiência de liderança durante a pandemia da Covid-19 em Minnesota como exemplo de governança eficiente, defendendo uma abordagem baseada na ciência e em políticas públicas inclusivas. “Esse equilíbrio entre uma visão social forte e, ao mesmo tempo, a capacidade de dialogar com setores mais conservadores é o que o diferencia e fortalece sua contribuição para a campanha”, analisa Denilde.
Walz também tem sido um elo importante para expandir a base de Harris entre eleitores rurais e os do interior, áreas onde os democratas enfrentam maiores desafios. Seu estilo direto e sua habilidade de tratar de temas econômicos com clareza ajudaram a tornar sua participação na campanha relevante.

A estratégia da chapa tem sido equilibrar a experiência de Walz em questões locais com o apelo nacional de Kamala Harris, formando uma narrativa que combina renovação e continuidade dentro do Partido Democrata. “Ele tem sido muito participativo em atividades nos Estados-pêndulo pela sua ligação com o público rural e também a classe média”, afirma a professora de relações internacionais da ESPM.

Juliana Fratini também acredita que Walz possa conquistar votos na medida em que tem um “estereótipo bastante americano, do homem branco de meia-idade, mas que, ao contrário de Trump e seu vice, está aberto aos valores globais”

Discurso a milhares de partidários humanizou o vice

Desconhecido fora do Estado de Minnesota, Tim Walz tem um currículo atípico, com décadas de experiência militar, mas também como professor de geografia e treinador de futebol americano.

Para o pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV Leonardo Paz, Walz tem essa figura de “paizão”. “É aquele pai de meia idade que é técnico de futebol, que é professor, então ele tem essa figura do paizão, o que acaba trazendo um pouco mais de proximidade com o eleitor”, afirma.

No discurso a milhares de partidários na Convenção Democrata logo após aceitar a nomeação, Walz apresentou-se aos americanos com uma fala emotiva, relatando sua jornada pessoal de fertilização in vitro para ter seus dois filhos. Esse relato não apenas humanizou o candidato, mas também serviu como contraponto às posições conservadoras de JD Vance, vice de Trump, que se opõe a métodos contraceptivos e à fertilização artificial. “Eu conto como comecei uma família porque é uma parte importante do ponto central desta eleição: a liberdade”, disse Walz.

“Quando os republicanos usam a palavra ‘liberdade’, o que querem dizer é que o governo deveria ter liberdade para invadir o consultório do seu médico, as corporações de poluir o ar e água. E os bancos a liberdade de aproveitar-se dos clientes. Mas quando nós, democratas, falamos de liberdade, falamos da liberdade para melhorar suas vidas e das pessoas que vocês amam”, completou.

Capacidade de diálogo com diferentes públicos é diferencial

Sua experiência como militar e seu histórico em cidades menores, onde o conservadorismo tem maior peso, permitem que Tim Walz discuta temas importantes e, em muitos casos, se distancie da base tradicional democrata, afirma a professora de relações internacionais da ESPM Denilde Holzhacker.

“Ainda assim, ele consegue construir pontes entre diferentes setores da sociedade, o que é essencial para a Câmara neste momento. Ele personifica um equilíbrio entre progressismo social e responsabilidade econômica, algo que atrai tanto eleitores conservadores quanto progressistas, ampliando o alcance da campanha”, analisa. Essa característica também foi destaque na participação dele durante o debate com Vance.

 

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