A letalidade no Anel Rodoviário de Belo Horizonte é apontada pelo prefeito Fuad Noman (PSD) como a principal justificativa para que sua gestão queira municipalizar o trecho, que pertence ao governo federal e é gerido hoje pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Com 27 km de extensão e fluxo diário de cerca de 120 mil veículos, a via lidera o ranking de mortes no trânsito da capital em 2024, com 31 óbitos registrados somente entre janeiro e setembro deste ano. Os dados são do Observatório de Segurança Pública de Minas Gerais.
O número de mortes na rodovia cresceu 158% em dez anos: nos nove primeiros meses de 2014, 12 pessoas perderam a vida no trecho.
No dia seguinte à reeleição, Fuad afirmou que vai priorizar as tratativas para assumir a gestão do Anel Rodoviário e a implantação de um pacote composto por oito obras projetadas pela prefeitura por não suportar mais “ver acidente e gente morrendo ali”.
Os projetos anunciados ainda no ano passado pela Prefeitura de Belo Horizonte preveem obras para alargamento de vias, construção de viadutos e implantação de passarelas em oito pontos do Anel Rodoviário, com o objetivo de melhorar a fluidez e reduzir o índice de acidentes.
Coordenador do curso de arquitetura e urbanismo e engenharia civil do Ibmec BH, André Prado aponta que as intervenções contemplam os principais gargalos da via, como as interseções com as avenidas Antônio Carlos, Tereza Cristina e Cristiano Machado, por exemplo. “Tecnicamente, com a duplicação ou melhoria dos viadutos, dos acessos e das alças nesses pontos, a tendência é que a gente tenha uma melhoria da fluidez do trânsito no Anel”, analisa o urbanista.
O especialista avalia que a transferência da rodovia para a gestão municipal também traria mais agilidade na manutenção da via, que passaria a ser de responsabilidade da prefeitura. No entanto, ele pontua que o Executivo precisará de um plano para lidar com o tráfego de veículos pesados na região. “A gente sabe que a prefeitura não tem tanta experiência técnica de gestão de uma rodovia com transporte pesado de carga, então teria aí alguma dificuldade”, observa.