21/11/2024
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Cruzeiro x Racing: a incrível história de artilheiro argentino que virou profissional aos 23 anos

Cruzeiro x Racing: a incrível história de artilheiro argentino que virou profissional aos 23 anos

Cruzeiro x Racing: a incrível história de artilheiro argentino que virou profissional aos 23 anos (Adrián Martínez viveu trajetória difícil até ser o principal goleador do Racing, que encara o Cruzeiro na final da Sul-Americana )

Aos 32 anos, Adrián “Maravilla” Martínez foi um dos responsáveis por levar o Racing à final da Copa Sul-Americana, que será disputada contra o Cruzeiro, em 23 de novembro. Artilheiro da competição ao lado do atacante corintiano Yuri Alberto, com nove gols, o argentino teve trajetória peculiar no futebol e chegou a passar seis meses na prisão.

O goleador do time de Avellaneda só foi se tornar jogador profissional aos 23 anos – antes disso, ele teve um curto período nas categorias de base do Villa Dálmine, da Terceira Divisão da Argentina. No futebol amador, jogou pelo Las Acacias, que era presidido pela sua mãe. 

Nesse meio tempo, Martínez trabalhou com outras coisas. Primeiro, ele foi coletor de lixo, mas um acidente de moto o impossibilitou de seguir no ramo. Depois, atuou como pedreiro ao lado de um de seus tios.

O principal baque na vida do atacante, entretanto, ocorreu aos 21 anos. Em 2014, seu irmão foi parar no hospital após ser baleado três vezes. Enquanto o familiar lutava pela vida, um grupo de pessoas foi à casa de quem efetuou os disparos e incendiou o local.

O hoje jogador do Racing, então, foi denunciado por entrar com arma de fogo nessa casa, por roubo e também pelo incêndio. Condenado, ele teve de passar seis meses preso na cidade de Campana, na Região Metropolitana de Buenos Aires, como principal acusado pelo crime. Posteriormente, a polícia descobriu o verdadeiro criminoso e Martínez foi solto.

Vida na cadeia

Em entrevista ao jornal Olé, da Argentina, ele explicou a estrutura da cadeia. “Era como se fosse um banheirinho, dois por dois, onde você levanta, dorme, faz tudo ali. Você não pode sair daquele pequeno quadrado. Um pouco de luz entrava por uma pequena janela com grades. Dali não saía, só quando tinha visita às sextas-feiras. Fiquei preso ali até que me transferiram para um lugar maior”, disse.

Em outra parte da prisão, Maravilla Martínez tinha mais espaço, mas os perigos eram maiores. “Às 7h, os cadeados eram abertos. Você tinha que acordar porque se ficasse dormindo, eles iriam roubar você”, disse o jogador, que tinha medo de ser morto na prisão.

“Fiquei com medo pela minha vida. Passei por duas ou três situações muito difíceis… Estive prestes a ser esfaqueado (por um problema telefônico), não aconteceu por pouco.”

O atacante chegou a ver assassinatos. “Eu vi como as pessoas foram mortas, porque lá eles te matam como se você fosse um nada… Eu vi um morrer: agarraram pelas pernas e levaram embora. É assim. Eles mesmos dizem: ‘Se eu te matar, pego dois anos a mais’. Dizem isso porque pode ser considerado legítima defesa.”

Na prisão, ele afirmou que não recebia alimentação do governo, apenas comida que a família levava e doação de outros presidiários.

“Onde eu estava, só comíamos se a família nos trouxesse alguma coisa. Não havia cozinha nem nada, mas era possível colocar dois tijolos, os prisioneiros cruzavam os fios e se conectava à energia. E eles cozinhavam macarrão branco em uma panela. Passei muito mal. Lá, um prisioneiro cozinhava para mim e me dava comida. Pedi à minha família que me trouxesse biscoito ou chá, coisas que durassem.”

Começo no futebol profissional

Passado os problemas com a Justiça, Maravilla Martínez teve a chance de voltar ao futebol. Em 2015, ele assinou por três temporadas com o Defensor Unidos, da Quarta Divisão Argentina. Por lá, disputou 84 jogos, fez 36 gols e deu uma assistência.

Ao deixar o Defensores, ele foi para o Atlanta, da Terceira Divisão. Na primeira e única temporada, fez 15 gols – sendo que um foi contra o River Plate, na Copa Argentina.

Em 2018, a primeira oportunidade fora do seu país natal. Contratado pelo Sol de América, da elite paraguaia, o atacante seguiu com os bons números: 12 gols em 19 partidas. O desempenho o fez ser comprado pelo Libertad, equipe mais tradicional no futebol local.

Ao longo das quase três temporadas em que permaneceu no clube (2019 a 2021), Martínez viveu os momentos mais vitoriosos da carreira até o momento. Pelo alvinegro, foram 86 jogos, 22 gols, nove assistências e dois títulos: Copa do Paraguai de 2019 e o Torneio Apertura (“primeiro turno” do campeonato nacional) de 2021.

Ainda em 2021, ele foi emprestado pelo Libertad ao Cerro Porteño, outro gigante do Paraguai. Na mesma temporada, conquistou o Torneio Clausura, equivalente ao segundo turno. A passagem pelo clube durou apenas 10 jogos e não teve nenhuma bola na rede.

Em 2022, ele jogou no futebol brasileiro. Emprestado ao Coritiba, o atacante disputou a Série A e a Copa do Brasil. Ao todo, fez 24 jogos, marcou um gol e deu uma assistência. Na temporada seguinte, deixou o Brasil para jogar pelo Instituto, da Argentina.

De volta ao país de origem, Martínez fez, até então, melhor temporada em um clube de elite nacional. Pelo Instituto, foram 18 gols e quatro assistências em 42 jogos.

Os números desta temporada, entretanto, já são melhores. Pelo Racing em 2024, Adrian soma 42 partidas, 26 gols e seis assistências.

Artilharia e chance de título na Sul-Americana

Martínez terá a chance de se isolar na artilharia da Sul-Americana em 23 de novembro (sábado). Na data, Racing e Cruzeiro se enfrentarão pela decisão do torneio. A partida ocorrerá no Estádio General Pablo Rojas, em Assunção, no Paraguai.

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