BRASILIA – O PL até sinalizou, mas adiou a decisão sobre o apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à Presidência da Câmara dos Deputados no biênio 2025-2026. O parlamentar já recebeu formalmente a adesão do Podemos e do PP do atual presidente da Casa, Arthur Lira (AL), de quem é candidato à sucessão. A aprovação do PT ao deputado também está sendo negociada.
Nesta quarta-feira (30), a bancada do partido na Câmara se reuniu em um hotel em Brasília para discutir de que lado a legenda deve se posicionar na eleição de fevereiro do ano que vem. O anúncio estava previsto para ser feito logo após o encontro, o que acabou não acontecendo.
Enquanto o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o líder da bancada na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ), defendem o apoio à Motta, parlamentares da legenda demonstram desconfiança e até aborrecimento diante da indicação de Lira. Para alguns deles, o atual presidente da Casa não cumpriu promessas feitas quando venceu em 2023 com a chancela do próprio PL. A retirada da PEC da Anistia da pauta para uma comissão especial é outra parte da base desse aborrecimento.
Grupo precisa ser convencido para fechar apoio
O trabalho da liderança do PL agora será convencer nomes como Julia Zanatta, decepcionada com a decisão de Lira e incrédula com uma eventual promessa de aprovação de levar adiante a proposta de perdão aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de um colega que ela sequer conhece. “Nunca vi [o Hugo] nem nas comissões das quais participo”, contou.
Outro parlamentar defende que uma candidatura própria seja colocada em jogo “só pra tumultuar o processo” e enfraquecer a candidatura de Motta, o que abriria espaço para uma melhor negociação com o partido.
Há também quem não vai votar na eleição de fevereiro, mas discorda com a decisão imediata em favor do candidato de Lira. Abilio Brunini (MT) venceu a eleição para a Prefeitura de Cuiabá no último domingo e deixa o cago de deputado federal em 31 de dezembro. Para ele, quanto mais se diz que quer muito uma coisa, menor é a possibilidade de conseguir.
“Acho que não deveriam insistir tanto nessa história de PEC da Anistia, até porque até ser aprovada e passar a valer tem plenário da Câmara, Senado, veto do presidente da República, contestação no Supremo [Tribunal Federal]… Há muito chão pela frente”, acredita.
Liderança do PL na Câmara diz que caminho é Hugo Motta
O líder do Partido Liberal na Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (RJ), crava como certeiro o apoio da bancada, ainda que admita as consternações de muitos dos seus pares em relação à decisão. Segundo ele, novos encontros irão ocorrer para convencer aqueles que defendem uma candidatura própria ou mesmo uma imposição de condições para que votar em Motta no ano que vem.
“O quanto antes a gente puder ter a bancada integralmente nesse projeto da candidatura de Hugo Motta é melhor para o partido”, declarou. “É natural que se a gente quer chegar à unidade a gente ouça a todos e tenhamos paciência”.
De acordo com ele, alguns anseios estão sendo anotados para serem incorporados a uma lista de condições para esse apoio do PL, além da anistia do 8 de janeiro.
“O que os deputados querem é o cumprimento de uma pauta e de um compromisso do deputado Hugo Motta, de projetos do dia a dia: fortalecimento das comissões, votar menos pautas em regime de urgência, estabelecimento de um horário de funcionamento das sessões na Câmara, pautas com previsibilidade… são propostas que os deputados querem ouvir do próprio candidato”, resumiu.